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Sinopse

A garota Dorothy é levada de volta ao mundo mágico de Oz, onde reencontra os velhos amigos Homem de Lata, Espantalho e Leão. Entretanto, logo descobre que todos os habitantes do reino estão correndo sério risco graças aos atos do malvado Bufão.

Crítica

Chega a ser incômodo como alguns filmes se aproveitam de recentes sucessos para (tentar) conquistar seu público. Claramente produzido às pressas após o sucesso de Oz: Mágico e Poderoso (2013), este A Lenda de Oz nada mais é do que uma animação genérica como tantas outras que se vê sendo lançadas em home vídeo a torto e direito todos os anos. Até aí não seria problema, não fosse a origem do produto e o mito com qual ela brinca. Poderia ser um longa simples e rasteiro com os bons personagens criados por L. Frank Baum, mas não é o caso.

O filme continua a história após a “visita” de Dorothy àquele mundo. Na Cidade das Esmeraldas, o Espantalho, o Leão (agora não mais Covarde) e o Homem de Lata buscam a ajuda de sua amiga humana para se livrar do “temível” Bufão, um bobo da corte que quer transformar todos em marionetes. Enquanto em Oz os anos de passaram, no mundo dos homens faz apenas um dia que Dorothy retornou. Com a casa destruída pelo tornado, sua família é obrigada a deixar a residência por ser uma área de risco. Mas ela não vai conseguir fazer muita coisa para reverter a situação já que é chamada de volta por seus ex-companheiros.

Apesar de algumas liberdades criativas tomadas, como a atualização do mundo dos humanos para os dias de hoje, o pior de A Lenda de Oz se baseia em outras premissas: um roteiro confuso, personagens mal explorados, um vilão que não mete medo e uma animação em si simples demais. Este último motivo é a receita mais fácil para desagradar seu público, já acostumado com técnicas mais bonitas e interessantes visualmente dos grandes estúdios como Disney/Pixar e Dreamworks. Aqui tudo é muito escasso graficamente, da falta de detalhes dos cenários à pouca expressividade de seus personagens.

Por sinal, a nova turma com que Dorothy anda para reaver seus amigos até poderia render mais caso fosse mais bem explorada. Há uma coruja gorda que não consegue voar, uma árvore falante, o Marechal Melo (um boneco de marshmallow) e a Princesa de Porcelana (hmm... qualquer referência à personagem mais carismática de Oz: Mágico e Poderoso não é mera coincidência). Individualmente todos poderiam ser mais engraçados, complexos, mas parece ter havido uma preguiça do roteiro que só se apoia nas características mais engraçadas de cada um. Nem o romance latente que surge entre o Marechal e a Princesa desperta grande interesse. Enquanto isso, os personagens originais (Espantalho, Leão, Homem de Lata) mal aparecem, servindo apenas como gancho para o retorno de Dorothy. Quanto ao que deveria ser o principal ingrediente do filme, seu novo vilão, o Bufão nada mais é do que aquilo que se apresenta: um bobo da corte sem motivação nenhuma. Que falta faz a Bruxa Má do Oeste.

De forma resumida, A Lenda de Oz é uma boa ideia totalmente mal aproveitada que não faz jus nem ao prequel de sucesso do ano passado e, muito menos, ao clássico de 1939 estrelado por Judy Garland. Não à toa foi um fracasso de público nos EUA: de seu investimento de 70 milhões de dólares, foram arrecadados pouco mais de oito milhões. E a renda não deve se conseguir pagar internacionalmente, causando um belo prejuízo à sua produtora, a Prana Animation Studios. Talvez seja uma lição de humildade em que não basta querer contar uma história para as crianças. Ela deve ser bem escrita antes de mais nada. Deste jeito, este conto nem para antes de dormir serve.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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Matheus Bonez
2
Wallace Andrioli
6
MÉDIA
4

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