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Sinopse

Um deformado com garras metálicas ataca adolescentes durante seus pesadelos. Para escapar, é urgente acordar. O responsável é Freddy Krueger, homem que molestou crianças na rua Elm, queimado vivo pela vizinhança.

Crítica

One, two, Freddy’s coming for you. Three, four, better lock your door. Five, six, grab your crucifix. Seven, eight, gonna stay up late. Nine, ten, never sleep again. Essa canção de ninar tenebrosa fez muito adolescente perder o sono em novembro de 1984, quando foi lançado nos Estados Unidos A Hora do Pesadelo, estreia do vilão onírico Freddy Krueger. Dirigido por Wes Craven em uma época em que os slasher films eram verdadeira febre, esta produção mudou o conceito vigente e transportou o terror para o mundo dos sonhos – com consequências sangrentas no mundo real. Ainda que tenha sido lançado depois de Halloween (1978) e Sexta-Feira 13 (1980), com seus vilões clássicos Michael Myers e Jason Voorhees, Freddy Krueger logo conquistou seu lugar no panteão dos grandes monstros do cinema, fechando esta trinca terrível.

Com roteiro do próprio Wes Craven, A Hora do Pesadelo começa nos apresentando Freddy Krueger em uma sequência assustadora, dando destaque a manufatura das garras que virariam marca registrada do vilão. Só depois conhecemos os mocinhos da história. Em um bairro classe média, jovens aparecem assassinados de forma brutal. Primeiramente, a polícia acredita se tratar de homicídios comuns, mas eles não entendem que durante o sono estes adolescentes são perseguidos por um monstro com rosto desfigurado, que consegue matá-los das formas mais inventivas. Cabe a uma das potenciais vítimas, a inocente Nancy Thompson (Heather Langenkamp), conseguir derrotar aquela sádica figura que aterroriza seus sonhos.

O primeiro longa-metragem com o vilão mostrava uma faceta bastante séria de Freddy Krueger. Existiam alguns momentos mais irônicos, mas ele basicamente era um assassino insaciável em um mundo de sonhos sem muitas regras. Com o passar do tempo, é verdade, o personagem foi mudando. No decorrer da franquia (foram mais seis filmes e um crossover com Jason), a seriedade foi dando espaço para as brincadeiras. Krueger sempre foi e sempre será sanguinário. Mas nas demais aparições, o vilão interpretado por Robert Englund tinha mais espaço para brincar com suas vítimas. Não era apenas matar. Ele precisava se divertir com aquele momento. Englund foi o intérprete perfeito ao encarnar estas duas facetas do monstro com igual competência. Infelizmente, não conseguiu se desvencilhar do personagem, ficando relegado apenas a pontas esquecíveis em outras produções.

Outro ponto interessante a respeito de Freddy Krueger em A Hora do Pesadelo é a maldade em estado bruto do personagem. Diferente de Jason Voorhees, que foi maltratado quando criança, e Michael Myers, que tem sérios problemas mentais, Krueger é o mal encarnado, uma figura que se diverte com a dor alheia. Não existe nada que explique seus atos, a não ser o puro sadismo. Somando-se isso ao fato de ele atacar durante os sonhos, em um momento em que qualquer pessoa está completamente vulnerável, e ele surge como um dos vilões mais perigosos do cinema. Uma pena que o personagem tenha acabado virando um pastiche em outros filmes da série.

Como acontece em muitas produções de terror, A Hora do Pesadelo acabou revelando um astro: Johnny Depp. O filme foi seu primeiro trabalho no cinema e abriu as portas para o jovem protagonizar Férias do Barulho (1985) e, posteriormente, encontrar o sucesso no seriado Anjos da Lei (1987). A performance do estreante ator é discreta, mas bastante superior ao de Heather Langenkamp, fraquinha como a heroína insone. Aliás, as atuações, em geral, estão muito aquém do que poderíamos esperar de uma produção profissional.

Com efeitos visuais que envelheceram mal, mas com bom clima de tensão, A Hora do Pesadelo virou um clássico do cinema de terror não por acaso. Apresentou um vilão perigoso e um cenário aterrorizante, ainda que as sequências tenham desperdiçado boa parte deste trabalho realizado. Curiosamente, no Brasil, Freddy Krueger demorou dois anos para aportar nos cinemas, chegando aqui em 1986. Demorou tanto que A Hora do Pesadelo 2 (1985) já havia estreado nos Estados Unidos e o original ainda não havia dado as caras no país.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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