Crítica


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Sinopse

A Espiã se passa durante a Segunda Guerra Mundial, quando Rachel Stein (Carice van Houten), uma linda cantora judia, está escondida. O local onde ela se encontra é destruído por um bombardeio, o que a obriga, junto a um grupo de judeus, atravessar Biesbosch para chegar ao sul da Holanda, que já está livre da ocupação nazista. Entretanto, o barco deles é interceptado por uma patrulha alemã, que mata todos a bordo com exceção de Rachel. A partir de então ela se une à resistência, adotando o nome de Ellis de Vries.

Crítica

O cineasta Paul Verhoeven é amado ou odiado. Sem meio termo. Diretor de sucessos como Robocop (1987) e O Vingador do Futuro (1990), além de fracassos como Showgirls (1995) ou Tropas Estelares (1997), muitos o consideram superficial, prendendo-se demais ao sexo e à violência em seus filmes. Isso é verdade, mas não quer dizer que, apenas por isso, ele seja superficial e sem qualidades.

Um bom exemplo de como Verhoeven sabe conduzir uma história envolvente é A Espiã, lançado em 2006. Parece que, decepcionado com suas últimas incursões em Hollywood, o holandês precisou voltar à sua terra natal após duas décadas para mostrar o dom que tem com a câmera. O drama ambientado na Segunda Guerra Mundial conta a história de Rachel (Carice van Houten), uma ex-cantora de cabaré judia que se esconde do nazismo junto a uma família holandesa. Após ser descoberta e conseguir fugir, acaba encontrando um grupo de resistência e se torna agente dupla com outro nome, Ellis.

É neste jogo de aparências que Verhoeven mostra sua marca, tanto nos já citados sexo e violência, mas também na capacidade de não precisar aprofundar muito a história da guerra e assim conseguir focar em seus personagens. Há muita ação no filme, mas Rachel/Ellis também é dissecada em sua personalidade dupla. E vale ressaltar que o desempenho fenomenal de sua intérprete ajuda ainda mais nesse ponto.

Apesar de aparentar tocar no assunto de forma rasa, o cineasta holandês mostra que a guerra, assim como qualquer outra coisa, é motivada por impulsos humanos. Rachel/Ellis é instinto puro e nos faz lembrar da maioria dos protagonistas dos filmes do diretor (seja Sharon Stone em Instinto Selvagem, 1992, ou Kevin Bacon em O Homem Sem Sombra, 2000). Para quem gosta do estilo, A Espiã é um Verhoeven renovado e que nos deixa com vontade de mais e mais de seu cinema.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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