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Sinopse

Beca é obrigada a ir à faculdade. Ela não se interessa por atividades extracurriculares até surgir a oportunidade de ingressar no grupo musical Barden Bella.

Crítica

Imagine uma mistura dos seriados Glee (2009-2015) e Community (2009-2015) que tem pouco mais de noventa minutos e que quer ser tão escrachada e politicamente incorreta quanto Missão Madrinha de Casamento (2011)? Assim é A Escolha Perfeita, comédia musical que brinca com os clichês de filmes adolescentes para conseguir conquistar uma plateia já cansada do assunto, não faltando referências a “clássicos” dos anos oitenta.

A história é aquela básica: garota fora dos padrões da sociedade e sem amigos vai para a faculdade, onde acaba conquistando o principal grupo vocal feminino da instituição, ao mesmo tempo em que conhece um garoto que pode ser uma grande paixão. Lendo esta sinopse, o único pensamento que vem à cabeça é “mais um filme de e para adolescentes”, não é? Pois o que se vê na estreia nas telonas do diretor Jason Moore é uma batida de personagens estereotipados propositalmente ao extremo que acabam dando espaço para situações engraçadas e arrancando sorrisos da plateia.

A talentosa Anna Kendrick (indicada ao Oscar por Amor Sem Escalas, 2009) dá vida à protagonista Beca, a introspectiva jovem que sonha em ser DJ, mas para receber apoio do pai é exigida que se enturme com seus colegas durante, ao menos, o primeiro ano de curso. Ela acaba entrando para o The Bellas, um conjunto de cantoras que vive uma eterna rivalidade com os garotos do The Treblemakers, “a sensação” das competições musicais. O problema é que “as belas” são conservadoras demais, vestem trajes que remetem à aeromoças e repetem sempre a mesma canção para tentar vencer campeonatos – no caso, The Sign, hit dos anos 1990 do grupo Ace of Base. Enquanto isso, os arqui-inimigos levantam a plateia com canções mais atuais, como Please Don’t Stop the Music, de Rihanna.

É nestes dois grupos que encontramos os já citados clichês do gênero: há a líder loira e controladora que vomita (!!!) quando está nervosa, a japonesa que fala para dentro, a lésbica masculinizada, a gostosona ninfomaníaca, entre outras, com destaque para a sempre divertida Rebel Wilson como Fat Amy (como o nome já sugere, a gordinha do grupo), a sincera sem noção que sempre tem comentários ácidos sobre todos ao redor. Cabe à Beca decidir se quer ficar amiga de verdade das outras meninas e, mais importante ainda, levar a sério a competição para mudar o que há de errado nas The Bellas, o que rende uma série de números musicais com hits pop chiclete, como Titanium (David Guetta e Sai), Just the Way You Are (Bruno Mars), S & M (Rihanna), entre outros.

Há espaço para clássicos oitentistas também, como Like a Virgin (Madonna) e Mickey (Toni Basil), o que se torna um paralelo com a situação romântica da protagonista: ela não quer ceder ao rival dos Treblemakers, Jesse (Skylar Astin), um cinéfilo que sonha em produzir trilhas sonoras. O rapaz é fã de Clube dos Cinco (1985), sucesso adolescente que conta a história de cinco estereotipados jovens que vão parar na detenção do colégio e relatam suas vidas um para o outro.

O que pode atrapalhar um pouco a “evolução” do roteiro são algumas situações constrangedoras que fazem o público soltar risadas de vergonha alheia, como o vômito da líder das The Bellas (em mais de uma cena, uma mais trash que a outra) assim como o burrito jogado em uma de suas integrantes (de causar certo nojo). Porém, são situações pontuais e que servem mais para expressar a simplicidade e o ridículo (no bom sentido) da produção.

A Escolha Perfeita ganha pontos não por inovação, muito pelo contrário. É o legítimo roteiro quadradinho que sabemos do início ao fim como vai funcionar. O que eleva o carisma do projeto é seu elenco afinado brincando com as características de seus personagens e realçando tudo através de músicas que grudam na cabeça. Aliás, repare na evolução do diálogo cheio de espinhos entre os comentaristas Elizabeth Banks e John Michael Higgins (impagáveis) ao longo da projeção. O mash up de Price Tag (Jessie J), Give Me Everything Tonight (Pitbull) e Don’t You Forget About Me (Simple Minds) é uma delícia de ouvir. Para sair cantando e dançando após a sessão.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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