Crítica


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Sinopse

Depois dos acontecimentos macabros com a família do escritor Elison Oswalt, uma mãe e seus dois filhos gêmeos se mudam para a casa onde tudo aconteceu. Logo, manifestações sobrenaturais começam a perturba-los.

Crítica

O primeiro filme já estava longe de ser original. Ainda assim, A Entidade (2012) se saiu razoavelmente bem nas bilheterias – custou apenas US$ 3 milhões e arrecadou mais de US$ 77 milhões em todo o mundo, dois terços deste montante apenas nos EUA. É somente por isso que agora estamos diante de A Entidade 2, um longa que pouco tem a ver com o anterior. Isso se deve ao fato de que o outro foi um mero golpe de sorte, um acerto casual, que muito provavelmente não tenha sido pensado para virar uma franquia. Portanto, muda-se quase que por completo o elenco – Ethan Hawke não deve ter aceito a mesma miséria de antes para reprisar seu papel – e mantem-se apenas o conceito básico da casa amaldiçoada por um espírito do mal. Ou seja, nada que já não tenha sido visto antes, e melhor.

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Para quem não lembra – ou teve a sorte de perder – uma recapitulação rápida: escritor (Hawke) se mudava com a família para uma nova casa. Lá acabava encontrando gravações antigas, que pertenceram aos antigos moradores do lugar e que trazem imagens dos dias de suas mortes – todos, inevitavelmente, assassinados. O fantasma – ou a “entidade” – da vez é cinéfilo, e obriga sempre um dos filhos pequenos a executar tais mortes, nunca esquecendo de deixar tudo registrado em uma câmera aparentemente amadora, mas sempre muito bem posicionada. Aliás, estes vídeos são um caso à parte, todos com efeitos de edição e com uma montagem que trabalha bem com as elipses narrativas e o desenvolvimento dos personagens familiares. Assisti-los é quase melhor do que o próprio filme em si.

Em A Entidade 2, as referências a este episódio são escassas, e se resumem praticamente à presença da mesma maldição e a do policial interpretado por James Ransone, um personagem tão descartável que nem nome possui. É de se indagar quem teria decidido apostar nele como condutor dessa nova história. Dessa vez, ao pesquisar as consequências do episódio antigo, ele acaba entrando em contato com uma mãe recém-separada (a sumida Shannyn Sossamon), que há pouco se mudou para uma casa numa zona rural junto com os dois filhos gêmeos. Os espíritos das crianças mortas pelo demônio Bughuul passam a aparecer para os pequenos, de início para um, depois para outro. Eles exibem aos meninos os vídeos das famílias que ali moraram muitos anos antes, incitando-os a cometer crimes semelhantes. Ao mesmo tempo, há o pai deles, decidido a reconquistar a esposa e os filhos – mesmo que para isso precise fazer uso da violência.

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Há muito pouco a se comentar sobre A Entidade 2 além do óbvio que se mantém na superfície. É um longa produzido para atender interesses meramente comerciais, voltado a um público específico, e que nada de inovador ou curioso chega a apresentar aos aficionados pelo gênero. As expectativas de sustos são construídas quase que inteiramente por movimentos de câmeras bruscos ou pelo uso exagerado de uma trilha sonora intermitente, que apenas serve para reincidir sobre fatos previamente anunciados. Até o clímax, visto no início em cruzes em chamas que chegam a lembrar um videoclipe da Madonna, é sem graça e desprovido de tensão, pois cada um destes conflitos acaba se resolvendo sem maiores dificuldades. E, no final, o que resta é um conto de horror muito aquém do seu predecessor, que, enfim, já não era grande coisa.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
2
Ailton Monteiro
8
MÉDIA
5

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