Sinopse
Doug é um homem jovem e bonito que está entrando em um jogo perigoso. Ele acaba de se envolver com uma mulher casada, e nem imagina onde está se metendo: o marido é um banqueiro muito influente. Logo, uma morte suspeita e uma acusação vão fazer com que as coisas fiquem ainda mais complicadas.
Crítica
Todo mundo precisa começar por algum lugar, não é mesmo, senhor Jonas? Não que Nick tenha tido sua primeira chance sob os holofotes neste catastrófico A Cilada – como qualquer pessoa mais ou menos antenada a respeito de cultura pop sabe, muito antes de ser ator, ele já era um jovem músico de muito talento e incrível popularidade. Porém, logo cedo ficou claro para os fãs do rapaz que ele não se contentaria em apenas cantar e compor, e que o mundo da interpretação estaria no seu caminho. Assim como o colega Zac Efron, ele também deu seus primeiros passos em produções Disney para a televisão, como o telefilme Camp Rock (2008) e a série Jonas (2009-2010), sempre, no entanto, ao lado dos irmãos mais velhos, Joe e Kevin. Mas chegou a hora de um voo solo e mais ambicioso. E, como tudo na vida destes meninos é milimetricamente calculado para dar certo, que tal um thriller despretensioso, que arriscaria na medida certa e ainda ofereceria aos seus admiradores alguns indícios da mudança que estava por vir? A fórmula acerta em tudo, menos no essencial: na qualidade.
Em A Cilada, Nick Jonas aparece como Doug Martin, um adolescente ainda virgem que vai passar as férias junto com os pais na casa à beira do lago da família. Uma vez lá, enquanto trabalha com o melhor amigo como ajudante no restaurante, acaba se envolvendo com a vizinha, uma mulher mais velha casada com um cara muito rico e violento. Não contente, o protagonista é contratado pelo seu oponente para dar uma geral no barco à vela que este recém comprou. A desculpa para estar sempre por perto, se é que era necessária – eles moram um ao lado do outro! – estava pronta. O que ele não esperava, no entanto, é ver que a amante, em meio a mais uma briga, acabaria matando acidentalmente o marido. E na tentativa de ajudá-la, o garoto se vê envolvido em uma confusão grande demais para as suas pretensões originais, revelando um preço alto demais a ser pago por alguns poucos momentos de prazer.
Uma das maiores surpresas – e decepções – de A Cilada é perceber que este thriller genérico é dirigido por uma mulher, no caso, Elizabeth Allen. Isso não a impediu em trabalhar o roteiro do estreante Chris Frisina da maneira mais estereotipada possível, principalmente no que diz respeito à principal figura feminina da trama. A femme fatale vivida por Isabel Lucas (Transformers: A Vingança dos Derrotados, 2009) é completamente transparente em suas intenções, e em nenhum momento consegue iludir o espectador de que é ela a verdadeira mente por trás do golpe a ser dado. Sua composição é frágil e unidimensional, mas não pior, no entanto, do que a do protagonista. Nick Jonas parece ter melhorado com o tempo – em Jumanji: Bem-Vindo à Selva (2017) ele pode ser apenas um coadjuvante, mas tem uma presença bem mais segura do que a vista aqui – mas isso só pode ser creditado por sua experiência nos palcos e videoclipes, e não por trabalhos anteriores na tela grande como esse. Dono de uma postura apática e de um rosto absolutamente inexpressivo, ele é o retrato da irrelevância. E sem se importar com ele, quem terá paciência para ir até o fim desse rocambole repleto de furos?
Vinda da televisão, o único trabalho anterior de Elizabeth Allen digno de nota no cinema foi na alegoria juvenil Aquamarine (2006) – que, veja só a coincidência, tinha na trilha sonora a canção original Time for me to Fly, de... Nick Jonas! Se ela já havia dado essa chance para ele uma década atrás, por que não retribuir o favor, não é mesmo? Assim, Jonas transcorre em terreno seguro para suas ambições durante os noventa – intermináveis – minutos de história, sem que a realizadora lhe exija nada mais do que muitas cenas sem camisa e uma que outra demonstração de força e vigor – físico, não de atuação, favor não confundir. Do resto do elenco, dá até uma tristeza reconhecer atores como Paul Sorvino e Dermot Mulroney, que já trabalharam com cineastas como Martin Scorsese e Clint Eastwood (respectivamente), entre tantos outros, envolvidos em uma bobagem como essa.
Não contentes com tamanho imbróglio, Allen e Frisina ainda se sentem à vontade para inserir elementos LGBT e raciais mais ao término do enredo, acreditando, supõem-se, que nada seria absurdo demais diante de tamanho descrédito já levantado até aquele momento. E se nem mesmo um final feliz os dois conseguem se dar ao luxo de providenciar, causa espanto reconhecer que somente o insípido Nick Jonas parece ter saído ileso desta legítima arapuca – ou, como o título nacional apropriadamente o batizou, num dos casos mais felizes de adaptação recente. A única questão é que poderiam alertar que, mais do que uma cilada para o personagem principal, quem estaria literalmente perdido no meio dessa gigantesca perda de tempo somos nós, os espectadores.
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