Crítica
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Sinopse
Um escritor americano e sua esposa, com o casamento em crise, passam alguns dias em um resort no Mediterrâneo, encontrando uma forma de conviver com os problemas aparentemente sem solução de seu relacionamento.
Crítica
O Diabo mora nos detalhes, como já dizia o provérbio alemão. À Beira Mar, terceiro longa-metragem dirigido pela atriz Angelina Jolie, é um filme muito ‘menor’ se comparado em seus dois esforços anteriores, os épicos Na Terra de Amor e Ódio (2011) – que, inclusive, não era nem falado em inglês, e, sim, em bósnio – e Invencível (2014) – que se ocupou em narrar por completo a trajetória de vida do atleta olímpico Louis Zamperini. Dessa vez ela se foca apenas em um casal em crise, durante um retiro em uma ilha no Mediterrâneo. São dias de sol e mar azul, em oposto ao que os protagonistas, tristes e amargurados, estão vivendo. Quase nada acontece, muito pouco é dito – ao menos no começo. Sim, pois o início, o estabelecimento do clima geral, é bastante eficiente. Aos poucos, no entanto, a mistura começa a desandar, como se não houvesse consistência suficiente que o mantivesse em pé até sua conclusão.
Uma vez que assina como diretora e roteirista, seria imprudente afirmar que os méritos de À Beira Mar não sejam de responsabilidade de Jolie. Porém é justamente ela também o ponto fraco da produção. Se a direção de arte é primorosa e a trilha sonora do libanês Gabriel Yared (vencedor do Oscar por O Paciente Inglês, 1996) é sutil o suficiente para pontuar os sentimentos dos personagens sem interferir na emoção do público, por outro lado, talvez esteja na fotografia do austríaco Christian Berger (indicado ao Oscar por A Fita Branca, 2010) um dos seus maiores destaques, eficiente em iluminar uma relação aparentemente condenada ao fracasso. É tanto sol em meio às trevas que circulam em cena que o contraste se torna tão evidente quanto necessário, colaborando no processo de entendimento sobre o que está se passando. Mas isso somente não basta, afinal, este é uma história sobre pessoas. E nem todas parecem estar no mesmo tom.
A diretora optou por colocar ela mesma, ao lado do próprio marido – Brad Pitt – como protagonistas. As filmagens ocorreram durante a lua-de-mel do casal, e como se isso não fosse suficiente, os dois interpretam amantes amargurados, que parecem não mais encontrar uma sintonia entre eles. Tamanhas similaridades somente tornam ainda mais difícil a percepção do que é real e do que se trata de ficção. Trata-se, portanto, de um exercício quase impossível dissociar os astros hollywoodianos dos personagens que tentam construir. Pitt é um ator mais uniforme, completo no sentido clássico do termo, e com mais simplicidade ele atinge resultados melhores. Ela, por outro lado, se esforça muito para demonstrar dor, mas tudo que consegue transmitir é indiferença. Fica a impressão de um tipo desprovido de empatia, apático e com o qual não se consegue estabelecer uma identificação.
Os dois estão reunidos em um quarto de hotel. Ele precisa escrever seu novo livro, mas um bloqueio e uma forte atração por bebidas alcóolicas complicam seu processo criativo. Pitt, portanto, tem mais elementos ao seu dispor, e consegue oferecer uma profundidade quase insuspeita. Já Jolie está sempre com os olhos marejados, trancada entre quatro paredes, movendo-se entre a cama e a sacada. Não se mexe e nada a comove. Qual seu problema, afinal? Ele a traiu? Perderam um filho? Ela não mais o ama? Muito se cogita, e as pistas dessa possível tragédia estão espalhadas por todo o enredo. Mas quando a resposta soa óbvia, a roteirista não se contém em permanecer na sugestão, e se encarrega de explicar tudo nos mínimos detalhes – não apenas em um, mas em dois diálogos expositivos e desnecessários. Subestima-se o espectador em detrimento de uma obra não simples, mas simplória.
Se ficasse apenas entre o casal, talvez À Beira Mar atingisse melhores notas. No entanto, lá pelas tantas uma outra dupla, mais jovem e recém casada – interpretados pelos franceses Mélanie Laurent e Melvil Poupaud – entram em cena, e daí em diante a situação só piora – em ambos os lados da tela. Quem diria que, em um filme em que Brad Pitt e Angelina Jolie passam a maior parte do tempo trancados em um quarto, o que veríamos seria os dois ouvindo por um buraco na parede os amantes da habitação vizinha transando? Afinal, este é um filme de pormenores: quando o marido busca acender seu cigarro com o carro em movimento, a esposa o ignora, recusando-se a ajudá-lo; quando os dois são servidos no bar local, ele saboreia o primeiro gole, enquanto ela entorna o cálice de vinho numa só vez; cada vez que ele se aproxima e os óculos dela estão virados para baixo, se preocura em levantá-los para cima, com cuidado e zelo. São coisas pequenas que falam por suas personalidades e pelo que enfrentam. Essa delicadeza poderia ter sido suficiente, mas vai-se além, em um exagero que contrasta com a proposta inicial. E o que poderia ter sido muito bom se torna apenas genérico. E descartável.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 5 |
Francisco Carbone | 9 |
Chico Fireman | 5 |
MÉDIA | 6.3 |
Impressiona o que se vê em uma crítica. A desolação impressa ao filme, é rara. Mais ainda, o lançar a claridade do ambiente mágico no entorno à tragicidade da vida que não se percebe em sua plenitude,é muito bom. Tudo se explica no ajuste feito ao óculos que teima em estar com as lentes em contato com as superfícies no qual é posto. A crítica não se deu conta. Mas é crítica. Eu aprecio.
À parte a bela fotografia, a locação, figurinos e desempenho do Brad Pitt, o filme é muito fraco. Um enredo frágil, monótono que desemboca em um final totalmente clichê. Angelina Jolie não consegue dar vida à personagem, sendo apenas um espectro a desfilar figurinos e closes perfeitos, chegando a ser excessivos.. Sua participação é como se fosse uma natureza morta. Uma lastima de produção.