Crítica


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Sinopse

Divorciado e precisando cuidar dos dois filhos pequenos, um advogado começa a defender uma jovem atormentada pelo pai, homem desequilibrado que participa de uma espécie de gangue de sem-teto.

Crítica

Kenneth Branagh é famoso por sua carreira como diretor e intérprete de peças de Shakespeare, uma faceta que certamente não passou despercebida por Robert Altman, que o escalou justamente para viver um advogado luxurioso, mergulhado em um plot de vingança, traição e conflitos familiares - recorrências na obra do Bardo. Da abertura que se demora longos minutos sob os acordes tensos de Mark Isham, enquanto acompanha paisagens desabitadas que gradualmente são substituídas por estradas e então, finalmente, pela cidade, A Armação já estabelece que há algo se aproximando da vida desses personagens, seja a tempestade literal de que os noticiários falam ou aquela simbólica que promete varrer as suas vidas já tão bagunçadas.

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O protagonista vivido por Branagh é Rick Magruder, que ao voltar de viagem e chegar na sua firma de advocacia encontra uma festa o esperando. As comemorações são em torno de sua mais recente vitória nos tribunais. Quem o recebe é a competente Lois (Daryl Hannah, que curiosamente baseia aqui sua personagem não na beleza e na imponência, como de costume, mas na elegância e na perspicácia), e logo Altman nos deixa conhecer também as demais peças do jogo que irá se desenrolar. Escrito pelo famoso John Grisham (embora não seja baseado em algum de seus livros publicados), o longa-metragem segue à risca as regras formais de estrutura de trama e personagens. Portanto, quando já nessa cena inicial o filme nos introduz a ex-esposa de Rick, Leeanne (Famke Janssen), sabemos que ela terá um papel importante.

Com “tijolinhos” tão bem arrumados no roteiro, cabe a Altman, normalmente bastante livre em seu estilo, se permitir a conduzir ao bel prazer apenas as sequências de forma isolada. Nota-se com certa facilidade que, embora funcionem individualmente, os momentos de A Armação encontram problemas para ressoar nos seguintes. Quem ajuda a cimentar mais a narrativa é, portanto, Branagh (embora todo o elenco mereça algum louro), que através da sua eloquência magnetiza o espectador a cada cena. Logo após a festa surpresa, Magruder testemunha uma das garçonetes, Mallory (Embeth Davidtz), tendo o carro roubado na rua, e a convence a aceitar uma carona – cena que Altman conduz com um único plano, em que a câmera se limita a acompanhar os personagens se movimentado como se num palco. Ele volta a repetir esse recurso minutos depois, quando Mallory e Rick chegam na casa dela e descobrem que o carro está lá e que a porta da frente foi arrombada. O advogado vem a saber que a moça enfrenta problemas com o pai (Robert Duvall), e, depois de um noite de sexo com ela, decide ajuda-la.

Claro que tudo envolve uma trama muito mais complexa, que vai desde o personagem de Duvall (excelente em convencer o espectador de sua quase insanidade, mas também de sua inteligência), até os filhos pequenos de Magruder. Enquanto isso, o furacão chamado Geraldo se aproxima, fazendo referência não só à situação gradativamente mais caótica do protagonista, como também ao programa Geraldo, famoso nos Estados Unidos, e que girava em torno de casos reais de investigações e julgamentos criminais.

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O clima, então, que é o coração desse filme, se mantém sempre tenso. Altman é hábil em usar a tempestade, a imprudência de Rick, o comportamento suspeito de seus aliados (entre eles um detetive vivido com energia por Robert Downey Jr.) e outros elementos para inflamar o suspense. Por exemplo, em certo momento, ele filma Magruder e seus filhos ao longe, como se eles fossem observados, mas, além disso, emprega outro recurso: o som ensurdecedor dos carros que passam na autoestrada entre a câmera e os personagens, que surgem esporádica e inesperadamente como rugidos. Decepciona só um pouco, então, que o desemaranhar de tudo, apesar de satisfatório, se dê com tanta pressa, não fazendo jus a construção cuidadosa do resto do filme.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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CríticoNota
Yuri Correa
7
Alysson Oliveira
7
MÉDIA
7

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