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Sinopse

Marion e Jack formam um estressado casal, que vive em Nova York. Eles tentam recuperar o relacionamento viajando para Paris, a cidade-natal de Marion. Porém Jack enfrenta problemas, já que os pais dela nada falam de inglês e Marion volta e meia reencontra antigos namorados.

Crítica

Não tem como assistir 2 Dias em Paris sem remeter diretamente à trilogia Jesse e Celine. A história não só gira em torno das desventuras de um casal como, justamente, a personagem feminina é interpretada pela mesma atriz dos filmes de Richard Linklater, Julie Delpy. Inclusive a Marion de 2 Dias em Paris é praticamente um xerox da Celine dos outros dois filmes. Sem falar que a direção e o roteiro são da própria Delpy. Assim como uma cópia supostamente deve ser, aquém do original, mas não por isso sem qualidades próprias.

Na trama, Marion e Jack (Adam Goldberg) vão a Paris visitar os pais da moça e dar uma passeada pela cidade tida como romântica. Muito mais do que um choque cultural (o que também lembra outra obra do mesmo gênero, o cult Encontros e Desencontros, de 2003), realçado pelos costumes do próprio povo da cidade e, principalmente, pelos pais da protagonista, a idéia da história é como este embate também é levado para o campo de relacionamento do casal, que parece definhar à medida em que Jack percebe o quão seu mundo é diferente do  da amada.

A impressão que passa é que vemos como aconteceu um dos relacionamentos que Celine teve pré-Antes do Pôr do Sol (algo que a personagem cita várias vezes no longa). Parece mais um exercício de Julie Delpy para testar sua criatividade no comando das câmeras. O que não é algo, de fato, ruim. Os planos fechados dentro da casa, que tomam conta de 90% da projeção, parecem ironizar o fato de ambos estarem na capital das paixões. Uma espécie de desmistificação da magia de Paris perante a mesmice, o cotidiano dos relacionamentos.

Fato que toma proporções ainda maiores já que Jack, ciumento do jeito que é, vai ficando cada vez mais louco a cada amigo apresentado de Marion. Sendo que boa parte deles (para não dizer todos) é ex-namorado da mesma. Apesar de diversos momentos de alívio cômico gerados a partir da pluralidade cultural do casal, o que marca são os diálogos adultos, naturais. É difícil não acreditar no que está sendo dito ou observado. Delpy e Goldberg realmente parecem namorados, mesmo em crise, pois sua química em tela é tão soberba que lembra qualquer casal de amigos que senta à nossa mesa. Pode não ser nada memorável, mas com certeza é um filme acima da média.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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