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Philippe Le Tallec é um brilhante cientista que vive há quinze anos nos Estados Unidos. Depois de tanto tempo ele decide voltar para a França e finalmente encontrar a filha Eglantine. Philippe está disposto a recuperar o tempo perdido, mas a jovem adolescente, um tanto rebelde e com outros interesses, não parece muito inclinada a embarcar nessa história de pai e filha. Philippe terá de se desdobrar para conquistar a garota.

Crítica

Só há um motivo para se assistir com curiosidade a 15 anos e meio: Daniel Auteuil. A presença de um dos maiores atores franceses numa comédia jovem sobre um pai tentando se reencontrar com a filha adolescente é no mínimo digna de atenção. Mas o que se percebe após o término da sessão é que o óbvio era, de fato, verdade: o intérprete cultuado tenta, aqui, buscar um outro público, novo e dinâmico – exatamente aquele que é responsável pela maior parte dos sucessos de bilheteria de hoje. E ninguém pode ser culpado por tentar se comunicar com uma audiência maior vez que outra. Ou não?

Nesse caso, a negativa se faz necessária. 15 anos e meio é nada mais do que um amontoado de clichês, em que qualquer acontecimento ou suposta reviravolta se anuncia com muita antecedência. Tudo bem fazer um filme para adolescentes, mas precisava ter escolhido um também feito por eles? Os diretores François Desagnat e Thomas Sorriaux, nesta que é a terceira parceria dos dois por trás das câmeras, mostram uma total falta de originalidade ao adaptarem a novela de Vincent Ravalec, que chegou a ter uma boa carreira nas livrarias francesas, mas pelo que vemos aqui carece de um conteúdo mais relevante que justifique essa transposição cinematográfica.

Auteuil, premiado com 2 César, um Bafta e uma Palma em Cannes, ator exemplar de sucessos críticos como Jean de Florette (1986), O Oitavo Dia (1996) e Cachè (2005), entra em cena em 15 anos e meio como Philippe Le Tallec, um renomado bioquímico que precisou se mudar de Paris para Boston, nos Estados Unidos, ao aceitar uma rara oportunidade de trabalho. Na capital da França ele não deixou somente amigos e histórias, mas também a mulher e a filha pequena. Agora, mais de uma década depois, ele retorna durante um período de férias para atender um pedido a ex-esposa e cuidar da filha por três meses, enquanto a mãe está ausente. O reencontro dos dois é seco e distante no início, mas logo será marcado por desavenças, discussões, desentendimentos e, claro, uma sintonia que se completará apenas no término da história.

O pai não entende o piercing, a vida virtual, as amigas ou o namorado da filha, que por sua vez não compreende o trabalho, o distanciamento, a inadequação paterna. Mas tudo não passa de detalhes, pois no fim o amor tudo vence, ou ao menos é o que os realizadores pensam. A impressão que se tem é que, mesmo tendo sido realizado muito tempo antes, temos uma cruza do americano Projeto X (2012) com o brasileiro Paraísos Artificiais (2012), porém sem a ousadia do primeiro ou a veracidade do segundo. E ainda por cima com um verniz pseudo-intelectual europeu, mas nos moldes mais hollywoodianos possíveis. Ou seja, ingênuo e tolo, é menos um passatempo e mais uma perda de tempo.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
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Francisco Carbone
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MÉDIA
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