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Sinopse

Anita e Roger possuem um casal de dálmatas chamado Pongo e Prenda. Quando a fêmea acaba de dar a luz a 15 filhotes, Cruela Cruel, uma antiga amiga de Anita, rica e viciada em roupas de pele de animais, se propõe a comprá-los. Roger nega vender os filhotes, pois desconfia que ela queira transformar os cachorrinhos em casacos de pele. Indignada, Cruela vai contar com seus capangas para roubar os tão almejados filhotes.

Crítica

Não fazia muito tempo que a Disney tinha comemorado o sucesso de A Dama e o Vagabundo (1955), que havia conquistado público e a crítica com sua trama estrelada por cachorros. Como o melhor amigo do homem se tornou sinônimo de sucesso, não demorou para que 101 Dálmatas fosse adaptado do livro homônimo de Dodie Smith e ganhasse sua versão em mais uma clássica e divertida animação do estúdio. Além de ser uma das obras quase obrigatórias do gênero, o longa também é importante por ser o primeiro do estúdio ambientado na própria época em que foi lançado, bem longe dos reinos e afins de filmes anteriores.

A trama é aquela de praxe: Roger e Anita se apaixonam durante passeios com seus cães. Logo se casam e seus dálmatas, Pongo e Perdita, também. Apaixonados, os dois bichinhos de estimação logo dão a luz a uma ninhada de 15 filhotes, provocando a ganância de Cruela Cruel (ou Cruella De Vil, como ficou conhecida), chefe de Anita. Ela quer comprar os animais para fazer um grande casaco de pele com as pintas dos dálmatas. Desconfiada dos planos ardilosos da patroa e com nenhuma pretensão de se desfazer de seus queridos animais, Anita recusa a oferta. É claro que a vilã não deixa barato e sequestra toda a família canina, que vai parar em uma casa com outros 84 animais da mesma raça, todos à espera do fatídico destino.

A trama é rápida, com muita ação para seus protagonistas, o que deixa pouco espaço para momentos musicais, algo que a Disney já estava aprendendo com seus filmes anteriores e aqui parece atingir uma de suas notas máximas. Há um espaço escasso para canções, o que deixa a aventura fluir em seus 75 minutos de duração. Com uma trilha à base de jazz e um conceito artístico muito mais moderno e menos delineado em suas formas, o longa surpreende pela atmosfera contemporânea com que apresenta seus personagens, deixando um frescor na tela e uma aproximação maior com o público, mesmo que haja animais falantes e afins. Inclusive há uma piada ótima em relação a como os cães se parecem com seus donos, com vários personagens andando aleatoriamente pelas ruas com os animais de estimação exatamente iguais a eles.

A construção de Cruela também é um dos grandes acertos do longa, pois ela é uma vilã divertidíssima. Com seu aspecto esquelético, a pele albina, os olhos esbugalhados e o cigarro sempre à mão, ela é uma caricatura ambulante que parece que vai cair a qualquer passo com suas pernas longas e finas. Suas expressões de raiva e indignação a tornam ainda mais engraçada, parecendo menos terrível que uma Malévola e chegando mais próximo de um personagem “malvado” de produções como a do Looney Tunes, por exemplo. Não que ela deixe de ser perigosa, mas acaba se tornando muito mais simpática para o público. Não à toa, Glenn Close assumiu com perfeição e conquistou os espectadores no remake live action de 1996.

Juntando a vilã com seus adversários Pongo e Perdita, além dos filhotinhos que roubam a cena a cada instante e um casal humano que, de forma inédita, consegue seu destaque e carisma numa produção estrelada por animais, 101 Dálmatas se torna um dos clássicos mais divertidos da Disney, que descamba muito mais para a comédia do que à emoção e ao romance, dando um ar de leveza para o estúdio e que seu criador, Walt Disney, continuaria imprimindo em suas animações seguintes até sua morte. Passatempo obrigatório.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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