Crítica


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Sinopse

O agente 007 sempre utilizou a tecnologia a seu favor. Ela agora está em risco, porque o milionário Max Zorin quer explodir o vale do Silício e dominar a indústria mundial de informática. Com isso compromete os sistemas de defesa das grandes potências mundiais.

Crítica

De todos os atores que já interpretaram o agente secreto nos cinemas, eu confesso: nunca gostei de Roger Moore. Chega até ser engraçado, já que ele vestiu o terno de James Bond por mais tempo que qualquer um. Porém, seus filmes também foram os que mais sofreram desgaste do tempo. Se os primeiros longas interpretados por Sean Connery ou os dos últimos 20 anos com Pierce Brosnan e, posteriormente, Daniel Craig, pareciam ter contexto - seja a Guerra Fria lá nos anos 1960 ou a globalização dos últimos filmes - os com Moore ficaram pelo meio do caminho, ainda mais os dos anos 1980. É surpreendente então que 007 Na Mira dos Assassinos, com o ator já cansado, seja seu melhor título. E ainda com algumas ressalvas.

A história é quase um retorno às origens do agente, envolvendo realmente uma crise internacional pláusivel (alguém mencionou a nonsense trama de 007 Contra o Foguete da Morte, 1979?). O magnata Max Zorin (Christopher Walken, caricato, mas marcante) quer monopolizar a venda de microchips destruindo o Vale do Silício. E ponto. Não há grandes mistérios em cima disso ou reviravoltas mirabolantes. É claro que a perseguição e  a tentativa de derrubar o ricaço vão contar com vários percalços e personagens que morrem a cada cinco minutos em tela, mas é tudo tão divertido que dá para perdoar aquelas falhas visíveis do roteiro. Tem até o Dolph Lundgren estreando nas telonas como um agente da KGB.

Moore está visivelmente mais velho e seu físico parece refletir também a maior idade psicológica, ainda mais com a presença constante (e não muito discreta) e de dublês. O que poderia ser péssimo para o agente secreto, acaba caindo como uma luva, pois torna a jornada mais desgastante. Ainda mais com a aparição enérgica de May Day, uma das melhores bond girls "do mal" que já surgiram. A exótica e andrógina assassina é interpretada por Grace Jones, que hipnotiza a todos - público e Bond - quando surge na tela. O fato de ela ser musculosa e conseguir matar pessoas com varas de pescar e borboletas de papel só ajuda ainda mais à personagem ter virado ícone da série. Por outro lado, a bond girl "do bem" é interpretada com histerismo por Tanya Roberts, fazendo o contraponto com Jones por ser uma das mais esquecíveis nestes 50 anos de 007.

As cenas de ação, ainda que descartáveis em sua maioria para o andamento da trama, são de tirar o fôlego, desde a perseguição com esquis (que virou marca na série) até o clímax em São Francisco. Utilizando a Torre Eiffel como um dos cartões postais da aventura da vez e com uma das melhores músicas já produzidas para a série (interpretada pelo grupo pop Duran Duran), 007 Na Mira dos Assassinos pode não ser um grande título de James Bond, porém, com certeza, foi uma despedida à altura de Roger Moore após suas irregulares participações ao longo dos anos. Aliás, o "mérito" desta irregularidade não é só dele, mas de toda uma produção perdida em saber se avançava no tempo ou ficava estagnado no pastiche que a franquia havia se tornado. Ainda bem que as coisas evoluíram.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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CríticoNota
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