21º CINE PE (27 de junho a 03 de julho)
O jovem Sidney Santiago – que desde 2010 assina Sidney Santiago Kuanza, para simbolizar o resgate das suas origens africanas – estreou no cinema no longa Os 12 Trabalhos (2006), já sendo premiado como Melhor Ator nos festivais do Rio e Cine PE. De lá para cá, tem alternado aparições na televisão, nos palcos e também no cinema. Poucas, no entanto, foram tão marcantes quanto a que encontramos neste curta de Pedro Jorge. Responsável por uma das melhores atuações masculinas de 2017 – independentemente do formato – Sidney surge como o personagem que dá título ao filme, rapaz que se divide entre o dia e a noite, tal qual Dr. Jeckyll e Mr. Hyde do romance de Stevenson: enquanto passa manhãs e tardes treinando em uma academia de boxe, ao mesmo tempo mantém o estojo de maquiagem abastecido e as plumas e brilhantinas em dia para varar madrugadas se apresentando como drag queen. E o melhor: nem um lado ignora a existência do outro. Ele é negro, gay, lutador, tem voz grossa e sabe dublar as maiores divas da música pop. Não leva desaforo para casa, transa com o bofe que mais lhe chama atenção e não se intimida nem no palco, muito menos no ringue. É um libelo contra diversos preconceitos, contado de forma tão envolvente que por pouco não lamentamos a tão curta duração do projeto: há um longa aqui, esperando para ser contado. Diamante – e o Sidney – certamente merecem mais.
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