O título original deste longa-metragem dirigido por Noah Baumbach é o sobrenome do personagem de Ben Stiller, ou seja, em nada faz referência ao estado civil do protagonista. Embora as coisas estejam mudando drasticamente quanto aos relacionamentos, num âmbito social, chegar aos 40 anos sem uma esposa faz com que ele – de acordo com a distribuidora brasileira – possa ser tachado de “solteirão”, palavra, até pouco tempo, largamente utilizada, mas que agora, em virtude das transformações supracitadas, caiu praticamente em desuso. Bem, fato é que Roger Greenberg, no que concerne tanto à sua decisão de não trabalhar formalmente durante um tempo como à convicção de sua solteirice, parece seguro. Ele não faz mais parte daquela geração de homens e mulheres que viam necessidade em formar pares na medida em que o tempo passava. Greenberg está mais preocupado em se encontrar como pessoa e investir em coisas que realmente valham à pena. Por isso decide promover a guinada que o leva de volta à sua cidade natal, onde vai cuidar da casa do irmão que permanecerá temporariamente em Los Angeles. Mesmo que adiante ele se envolva com uma mulher, sendo tragado para uma trama de amor romântico, não há aqui uma relação direta entre encontrar um par e ser feliz. Vivemos noutros tempos, aqueles em que as experiências valem o quanto duram. Roger Greenberg não é um daqueles personagens que expressam ojeriza de casamentos e afins, pois é fruto de uma era em que permanecer sozinho já não é tido como uma falha no sistema.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.