A temporada de festas de final de ano é um período de se reunir com a família, de muita comilança e também de passar boas horas revendo antigos clássicos e últimas novidades. É nessa época também que os canais de televisão programam diversos títulos embalados pelo Papai Noel e todos os milagres do Natal. E dentre tanto filme de qualidade duvidosa, como saber quais são os que realmente valem à pena serem conhecidos? Foi isso que a Equipe Papo de Cinema resolveu fazer ao organizar esse Top 10 com os mais emocionantes, irreverentes, inesquecíveis e inesperados longas sobre esse momento mágico do ano! Confira a nossa seleção, e tenha um Feliz Natal você também!

 

A Felicidade Não se Compra (It’s A Wonderful Life, 1946), por Rodrigo de Oliveira
Talvez o maior clássico natalino de todos os tempos, este longa-metragem de Frank Capra ganhou esta aura de programa obrigatório nas festas de final de ano por conta de suas numerosas reprises na televisão norte-americana nesta época. James Stewart interpreta o generoso George Bailey, homem responsável que deixa de lado suas pretensões para ajudar sua família e amigos. Quando um problema financeiro afeta sua empresa e a vida de muitos a sua volta, desespero e depressão tomam de assalto Bailey, que pensa no suicídio. É quando um anjo, batalhando para ganhar suas asas, aparece para aquele desesperado sujeito, mostrando como a vida dos entes queridos de George seria ainda pior sem a sua presença. Emocionante e cativante na medida certa, é o legítimo feel good movie, aquele tipo de produção que deixa o espectador esperançoso e confiante na bondade humana – nem que seja por alguns poucos minutos logo após o filme. Sua mensagem de valorização da vida condiz completamente com o título original deste trabalho de Capra: a vida é maravilhosa, e deve ser aproveitada como tal.

 

A Estrelinha Mágica (1988), por Dimas Tadeu
Quando se fala em filmes de Natal, muita gente imagina neve, casais patinando no gelo e uma constelação de longas internacionais. Mesmo quando se trata de uma animação, ela normalmente vem do hemisfério norte. Mas muitas crianças – algumas adultas hoje em dia – viram seu primeiro filme natalino na companhia da Mônica e sua turma. No fim dos anos 1980, Mônica e a Estrelinha Mágica viraram febre entre a criançada, que podia inclusive comprar a tal estrela em lojas de brinquedos. A animação mostra como a turma recebe, por engano, a estrela de Belém, precisando reconduzi-la ao céu para que cumpra sua missão e realize o Natal. Embora simples, muita gente se emocionou com as lágrimas da dentucinha mais amada do país caindo sobre a estrelinha moribunda e ainda deve se lembrar da música de encerramento: “Feliz Natal pra todos, feliz Natal…”

 

Duro de Matar (Die Hard, 1988), por Robledo Milani
Tudo que ele queria era reencontrar a esposa, passar o rapidamente por mais uma daquelas ‘festinhas de escritório’ que proliferam no final de cada ano, e ir para casa ficar com os filhos. Mas ao chegar em Los Angeles, num voo direto de Nova York, o oficial de polícia John McClane não imaginava que no meio desse roteiro teria que salvar sua mulher e dezenas de colegas dela, todos sequestrados por terroristas alemães em busca de vingança. O Natal nunca foi tão tenso quanto o mostrado neste thriller de John McTiernan que não apenas deu início a uma das franquias mais bem sucedidas de Hollywood – que, atualmente, encontra-se no episódio 5 – como também serviu para consolidar o nome do protagonista – Bruce Willis – como um astro viável também no cinema, e não apenas na televisão, veículo pelo qual ele era conhecido até então. Depois de quatro indicações ao Oscar e um faturamento nas bilheterias que superou em mais de cinco vezes seu orçamento, até foi possível respirar um pouco mais aliviado no Ano Novo!

 

Os Fantasmas Contra-Atacam (Scrooged, 1988), por Rodrigo de Oliveira
Para quem está na casa dos 30 anos, este longa é lembrado com ar de nostalgia. Da época em que os filmes na tevê aberta faziam a festa dos cinéfilos, o longa-metragem foi um clássico das sessões da tarde e supercines da vida, mostrando uma visão bem humorada e um tanto sinistra do Conto de Natal de Charles Dickens. Bill Murray é o Scrooge da vez, ou melhor, Frank Cross, sujeito que perde o contato com sua humanidade após ascender profissionalmente na emissora de tevê em que trabalha. Durante uma adaptação da história de Dickens a qual ele supervisiona, três fantasmas o visitam mostrando o quão errado ele está em suas ações. Visto hoje em dia, a atuação exagerada de Bill Murray pode levantar certas restrições, mas nada que deixe o programa menos divertido. Produção da época em que um videocassete era um presentão de natal e que a violência na televisão já começava a ser criticada como algo nocivo, o longa-metragem tem direção de Richard Donner, pai de Os Goonies (1985) e do clássico Superman: O Filme (1978).

 

Esqueceram de Mim (Home Alone, 1990), Por Marcelo Müller
A família de Kevin McCalister (Macaulay Culkin) acaba de sair de férias, deixando Chicago para curtir Paris. Em meio à confusão de arrumar malas, resolver pendências, e tudo mais que precede viagens deste tamanho, algo fica para trás: o próprio Kevin. Como desgraça pouca é bobagem, uma nevasca impede os parentes de voltarem para o “resgate” do garoto de oito anos que, assim, está livre para comer o que bem entender, assistir aos filmes proibidos pelos pais, entre outras traquinagens. E como se não bastasse, dois ladrões pé de chinelo resolvem aproveitar o feriado natalino para fazer a limpa nas casas deixadas vazias por famílias de férias e, adivinhem, importunam o pequeno Kevin que, então, precisa de muita imaginação para se defender. Este verdadeiro clássico natalino, reprisado à exaustão nessa época, foi dirigido por Chris Columbus e é tão divertido quanto cartunesco. Os artifícios de Kevin para afastar os ladrões vão desde a utilização de um filme de gângster, até as armadilhas típicas de desenhos animados. Para ver (e gargalhar) uma vez por ano, de preferência perto do Natal mesmo.

 

O Estranho Mundo de Jack (The Nightmare Before Christmas, 1994), por Conrado Heoli
Tim Burton já havia demonstrado uma prévia de seu imaginário muito particular sobre o Natal em Edward Mãos de Tesoura (1993) quando apresentou esse novo filme, revelando que seu 25 de dezembro tem muito do espírito lúgubre do Dia das Bruxas. Nesta animação em stop-motion dirigida por Henry Selick, Jack é o entediado prefeito da Cidade do Halloween que acidentalmente descobre e se encanta com toda a magia da Cidade do Natal. As músicas da trilha sonora são tão clássicas para o feriado natalino quanto o próprio filme, e cantores do calibre de Fiona Apple e Marilyn Manson já fizeram versões próprias de algumas delas. Parte um filme de arte, parte um conto de fadas mórbido, esta animação idealizada por Burton está entre suas produções mais inventivas e visualmente impressionantes. Quando lançado no Brasil, o filme, que no original se chama O Pesadelo Antes do Natal, recebeu em seu título uma referência macabra: O Estranho Mundo de Zé do Caixão (1968). A inspiração é justificada, no entanto, uma vez que seus protagonistas são tão fúnebres quanto adoráveis.

 

O Grinch (How The Grinch Stole Christmas, 2000), Por Matheus Bonez
O Grinch e seu criador, o Dr. Seuss, não são conhecidos do público brasileiro. Este pode ser um dos motivos que fizeram o filme passar batido pelos cinemas nacionais no lançamento. Nada que não possa ser redescoberto, ainda mais em época de Natal. A história deste bicho estranho (interpretado por um inspirado Jim Carrey) que quer roubar os presentes das casas e acabar com a data festiva é uma das mais coloridas e, ao mesmo tempo, sarcásticas sobre o gênero. Ao lado de Cindy (Taylor Momsen), que não entende porque tanto consumismo na data, o Grinch também vai descobrir, aos poucos e de maneira bem atrapalhada, qual o verdadeiro significado da festa. Óbvio que uns e outros clichês vão aparecer no andamento do filme, mas a diversão e, principalmente, o encantamento vão ir muito além. Como uma bela noite de Natal pede.

 

Papai Noel às Avessas (2003), por Robledo Milani
Sucesso completamente inesperado, esse filme deve seu mérito à interpretação inspirada de Billy Bob Thornton – indicado ao Globo de Ouro – como o protagonista – um picareta que resolve assaltar uma loja de departamentos às vésperas do Natal e descobre que o melhor meio para se infiltrar no lugar é fantasiado de Papai Noel – e ao diretor Terry Zwigoff, que dois anos antes havia sido indicado ao Oscar pelo roteiro de Ghost World: Aprendendo a Viver (2001). Politicamente incorreto até à medula, acompanhamos o personagem principal numa rota quase irreversível de transformação, num processo que deve muito também a um insuspeito garotinho de cabelos loiros cacheados e alguns quilos acima do peso ideal que se recusa em acreditar que aquele tipo, por mais bizarro que se apresente, não seja o Papai Noel de verdade!

 

Simplesmente Amor (2003), por Renato Cabral
Neste filme que marca sua estreia como diretor, Richard Curtis ambienta no Natal de Londres uma ciranda de casais que estão prestes a se apaixonar e alguns outros a se desfazer. Do escritor inglês e a empregada portuguesa, passando pelo primeiro ministro e sua assistente e ainda a dona de casa que descobre a traição do marido, entre outros. O filme reúne atores de diversas nacionalidades e talentosíssimos como Laura Linney, Emma Thompson, Keira Knightley, Alan Rickman, Hugh Grant, Rowan Atkinson e até o brasileiro Rodrigo Santoro. Mas quem se destaca mesmo é o excepcional Bill Nighy, como o desbocado Billy Mack, um cantor que um dia já fez muito sucesso e agora vive de adaptar seu grande hit para uma versão natalina.

 

Os Fantasmas de Scrooge (2009), por Danilo Fantinel
A célebre obra de Charles Dickens ganhou uma boa versão animada em 2009, tendo Jim Carrey como ator principal após os filmes lançados em 1935, 1951 e 1970. O texto do autor britânico é uma novela revisionista, que não propõe um novo olhar sobre alguma doutrina teórica ou escola artística, mas sim sobre a própria vida de Ebenezer Scrooge, um comerciante mesquinho, amargo e insensível da Era Vitoriana que pouco se importa com o Natal e seus valores humanistas. Porém, em dezembro de 1843, Scrooge recebe a visita dos espíritos dos Natais do passado, presente e futuro, que lembram o quanto sua vida é miserável e quão importante seria mudar sua postura. O choque de realidade promove redenção ao velho avarento. Dickens reúne suas experiências infantis, antigos contos e a observação da troca de antigas tradições natalinas por novos costumes para fazer uma crítica à insensibilidade que marcou gerações durante a consolidação da Revolução Industrial. Ilustrando o poder literário do autor, temos uma animação de alto teor tecnológico aliada à grande atuação de Carrey, interpretando Scrooge e outros sete personagens em técnicas de animação e captura de movimentos já utilizadas pelo diretor Robert Zemeckis em O Expresso Polar (2004) e A Lenda de Beowulf (2007).

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar

avatar

Últimos artigos de (Ver Tudo)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *