Embora seja o caçula da lista, Baby (Ansel Elgort) tem tudo para se tornar um dos queridinhos dos cinéfilos no que diz respeito ao âmbito dos personagens motoristas. Neste longa-metragem do cineasta Edgar Wright, ele oferece suas credenciais logo na empolgante cena inicial. Concentrado, no embalo das canções oriundas dos inseparáveis fones de ouvido, ele faz praticamente o impossível com o possante vermelho, cortando as ruas da cidade para cumprir o seu dever, ou seja, possibilitar que bandidos escapem ilesos. Aos poucos, o cineasta vai mostrando quem de fato é esse garoto, cuja pouca idade não nos permite imaginar, de antemão, por tudo que ele passou até ali. Baby é introvertido, mas extremamente carinhoso com o pai adotivo. É capaz de manter o sangue gelado mesmo sob fogo cerrado, mas não resiste ao sorriso da garçonete que passa por ele cantarolando uma música prontamente reconhecida. O ponto fraco do protagonista é a dificuldade de comunicar-se, a despeito de sua bondade evidente. Já seu potencial aparece integralmente na rua, quando acelera para além do limite estabelecido pela lei, confrontando homens dispostos a matar comparsas tidos como óbvias ameaças.  Ele foi talhado pelas circunstâncias da vida para pisar fundo, fazendo da contravenção uma forma de arte. A jovialidade o permite, mesmo em meio a uma situação desesperadora, ter calma suficiente para escolher a melhor trilha sonora, combustível de sua inspiração na condução de carros tão envenenados quanto seu entorno. – por Marcelo Müller

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