A Itália possui uma considerável tradição na produção de filmes políticos e/ou que abordam diversas tensões sociais. Dentro desse filão, Gillo Pontecorvo é um dos realizadores mais respeitados da vecchia bota, especialmente, mas não somente, por este filme debruçado sobre a chamada Guerra da Independência Argelina. A trama se passa em Argel, capital da Argélia, e mostra toda sorte de eventos ocorridos num período emblemático historicamente, que compreende de novembro de 1954 a dezembro de 1960. O principal ponto é a insurreição local contra as tropas de ocupação francesa. Não buscando criar um painel maniqueísta, Pontecorvo foca nas barbáries decorrentes dos conflitos, nas situações extremas propiciadas e alimentadas por ambos os lados, bem como nas suas nefastas consequências. Não há propriamente um protagonista em cena, o que ajuda na descentralização e, por conseguinte, na abrangência do retrato. Utilizando influências no neorrealismo italiano, do cinema francês e também do realismo socialista soviético, Pontecorvo criou um filme incontornável quando o assunto é independência.  Ele venceu o Grande Prêmio do Festival de Veneza, além de ser indicado aos Oscar de Melhor Roteiro Original (Gillo Pontecorvo e Franco Solinas), Melhor Diretor – este um feito e tanto, levando em consideração uma obra alheia à Hollywood, falada essencialmente em árabe e francês – e Melhor Filme Estrangeiro.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.