Como não poderia deixar de ser, o encontro entre o vigilante de Gothan e Kal-El nos cinemas chegou cercado de expectativas. A recepção, porém, foi bastante dividida. Muitas objeções surgiram à visão do cineasta Zack Snyder sobre o tom predominante no embate entre dois dos maiores super-heróis dos quadrinhos. Há quem, de fato, abomine este longa-metragem. Todavia, suas qualidades vão além da eficiência dos efeitos especiais, da grandiosidade das batalhas ou de algo que diga respeito tão e somente à dimensão extraordinária. Aliás, é justamente por investir numa construção dramática sólida que Snyder acerta em cheio. Batman, interpretado pela primeira vez por Ben Affleck, é registrado como um homem psicologicamente fraturado, considerado um pária na cidade que mantém sob vigília. Já Superman é questionado, pois a ética que permeia suas ações é posta em xeque. O filho remanescente de Krypton suscita emoções divergentes, quando não conflitantes, nas pessoas. Há quem o veja como uma divindade que desce dos céus para garantir a prevalência do bem. Mas, no sentido oposto, tem gente que o considera um falso deus, de poderes desproporcionais e, por isso, mesmo perigosos. É bastante habilidosa a forma como Snyder constrói os caminhos dos heróis em paralelo, reforçando suas dimensões ordinárias, focando essencialmente nos homens, antes de voltar-se ao aspecto formidável. A resolução do conflito, baseada no nome das mães dos protagonistas, é passível de virar piada? Totalmente. Porém, os méritos do filme sobrepujam suas eventuais falhas. E não nos esqueçamos da primeira aparição da Mulher-Maravilha no universo cinematográfico da DC. Gal Gadot, antes de fazer sucesso no filme solo da amazona, já mostrou a que veio, tanto estrategicamente, quanto na luta contra o temível Apocalipse.
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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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