A câmera sensível e intimista de Karim Aïnouz é a chave mestra para entender esta trama que fala de perdas e novos caminhos. No centro da história temos Donato (Wagner Moura), salva-vidas da Praia do Futuro, de Fortaleza, que não consegue resgatar um banhista. A mórbida ironia é que ele conhece o amigo da vítima, Konrad (Clemens Schick), e logo a atração mútua se transforma em romance e chance de expandir horizontes em Berlim. Tudo fica para trás, inclusive a família, até o irmão mais novo, Ayrton (Jesuíta Barbosa). Anos depois, este rapaz embarca para a Europa em busca do primogênito. Donato era um herói no passado, mas será que a imagem permanece? O longa confronta realidades muito distantes que vão além das raízes emocionais dos irmãos que precisam resolver seus conflitos internos antes de voltar a se entender. Mais que isso, é nas figuras de Donato e Konrad que os choques culturais se estabelecem, dando novas diretrizes à história. O alemão Clemens Schick não fala bom português assim como seu personagem, inclusive causando incompreensão no próprio público muitas vezes com seu sotaque carregado, aliado à fonética diferenciada das palavras. Porém, parece proposital no filme essa estranheza de comunicação que ofusca inclusive a beleza do rapaz. E, olha, não são poucas as cenas em que sua sensualidade é evidenciada. Porém, muito mais que um atrativo sexual para o espectador, o ator serve tanto como muro quanto como ponte das complicadas relações estabelecidas na tela. Um retrato realista pintado de forma poética, como todo bom cinema é capaz de fazer. – por Matheus Bonez

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