A comédia romântica S.O.S.: Mulheres ao Mar (2014) levou mais de 400 mil pessoas aos cinemas brasileiros no fim de semana de sua estreia. Sucesso alcançado, em grande parte, devido à massiva campanha de marketing e o considerável nível de ocupação (foi lançada com quase 400 cópias). É claro que o boca-boca também conta, afinal parece que o longa achou seu público entre os milhares que curtem nossas comédias contemporâneas, estas pejorativamente apelidadas de “globochanchadas” em alusão ao apoio da Rede Globo a filmes de linguagem próxima à televisiva, quando não adaptados diretamente da telinha. Para debatê-lo enquanto cinema, e também como sinal de uma evidente inclinação do público brasileiro às comédias locais, chamamos a bordo Renato Cabral e Robledo Milani, respectivamente defesa e ataque do mais novo êxito comercial brazuca. Confira.

 

A FAVOR :: “Comédia romântica digna que se sai muito bem”, por Renato Cabral
Está certo, S.O.S.: Mulheres ao Mar não é uma grandiosa comédia romântica nacional, quem dirá no geral. Afinal, a técnica é um ponto fraquíssimo dessa co-produção Brasil e Itália, Giovanna Antonelli tenta a todo o momento emular Julia Roberts ou Diane Keaton, algumas piadas são clichês, etc. Mas é realmente um filme ruim? Nem um pouco. Existem problemas sim, dos mais diversos, porém quando a produção se propõe a ser uma comédia romântica digna de todos esses clichês, ela se sai muito bem. E, vejamos, o filme de Cris D’Amato é um sucesso. Arrecadou mais de R$ 5 milhões em bilheteria, alcançando o primeiro lugar na semana de sua estreia, e mais, o feedback do público é positivo, com direito a gargalhadas altas nas sessões. O filme consegue ainda um feito muito similar ao de outras comédias que destacam as mulheres frente às câmeras. Para o cinema brasileiro que se reconstrói aos poucos, e não possuiu uma filmografia ampla capaz de segmentar alguns gêneros com muita propriedade, e a constante dificuldade de levar o público às salas para assistir cinema nacional, S.O.S.: Mulheres ao Mar veio mostrar que existem espectadoras boiando à espera de um produto que a produção oferece dentro do panorama nacional: um cinema feminino.

 

CONTRA ::Um filme que agrada apenas a um público incapaz de reconhecer cinema de verdade quando na frente de um”, por Robledo Milani
Tenho sido atacado por algumas leitoras em virtude de minha crítica ao filme S.O.S.: Mulheres ao Mar ser muito negativa. Bom, minhas razões estão expostas no texto em questão. Porém, as que me acusam, reclamam que eu não “entendi o filme”, pois quando elas foram ao cinema “a sala estava lotada, uma diversão em massa”. Quanto a isso, faço uso das palavras de Nelson Rodrigues, que afirmava que “toda unanimidade é burra”. Por fim, me alertam para o fato de que “nem sempre queremos ver um clássico de Fellini, na maioria das vezes buscamos apenas nos divertir”. Bom, não consegui me divertir quando fui assistir ao S.O.S.: Mulheres ao Mar, por vários motivos, que aproveito a oportunidade para explicitar melhor: a história é batida (é exatamente a mesma do recente Meu Passado Me Condena: O Filme, 2013, por exemplo), os protagonistas não possuem química nem afinidade com o gênero cômico (Giovanna Antonelli chega a ser constrangedora, enquanto Reynaldo Gianecchini é melhor de boca fechada do que pronunciando diálogos sem sentido), e a direção de Cris D’Amato beira o amadorismo, optando excessivamente por um formato televisivo que desperdiça o cenário da ambientação, agradando apenas a um público incapaz de reconhecer cinema de verdade quando na frente de um.

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