Uma das atrizes mais respeitadas de Hollywood, Susan Sarandon conhece o poder de uma boa escolha. Por isso, não é fácil encontrar a estrela em qualquer filme. Ou, ao menos, fazendo um papel irrelevante e sem força. Feminista defensora de direitos igualitários, já esteve envolvida em brigas homéricas com os grandes estúdios justamente por seu combate ao machismo. Porém, não é só esta sua luta. Já foi até detida por conta de seu ativismo político e humanitário que a leva para protestos nas ruas e chegou a ser banida do Oscar por três anos após um ferrenho discurso na cerimônia. Ironicamente, levou a estatueta para casa alguns anos depois justamente em um papel totalmente de acordo com a sua personalidade. Assim, tem em seu currículo 55 prêmios e outras 49 indicações nos mais variados papeis de sua carreira. No dia 4 de outubro a atriz completa mais um aniversário e a equipe do Papo de Cinema comemora com a escolha de seus cinco melhores trabalhos (o que levou trabalho com tanta coisa boa) e mais um especial que merece ser revisto. Confira!

 

51-susan-sarandon-papo-de-cinema-3Atlantic City (1980)
Aventurando-se no cinema norte-americano, o diretor francês Louis Malle contou neste filme com o já veterano astro Burt Lancaster e uma então jovem e praticamente iniciante Susan Sarandon para desenvolver a história de um encontro que muda radicalmente a vida de duas pessoas. Lancaster interpreta Lou, gângster decadente que vaga pelo calçadão rememorando seus tempos áureos. Ele esbarra numa garota, vivida por Sarandon, aprendiz de croupier, casada com um bandido que possui um grande carregamento de drogas roubadas da máfia. Seduzido pela possibilidade de voltar à ativa, Lou se envolve no negócio, precisando cuidar posteriormente de si e de Sally, pois as coisas dão errado e eles viram alvo. Contracenando com um ator renomado como Lancaster e sob a direção de um não menos reconhecido cineasta como Malle, Susan Sarandon surpreende pela segurança com que constrói sua personagem. Fosse outra intérprete com menos personalidade, ela serviria somente de sombra, recolhendo-se à sua pouca experiência frente às telas, desempenhando assim a função de escada. Não é o que acontece. Sua personagem, Sally, é sólida e forte, equivalendo-se ao de Lancaster em importância, condição que anunciava a descoberta de uma grande atriz, algo plenamente comprovado no decorrer dos anos.  – por Marcelo Müller

 

Thelma & Louise (1991)
Louise (Susan Sarandon) é uma garçonete que tem um relacionamento problemático com um músico ausente. Thelma (Geena Davis) é uma dona de casa que sofre com os abusos do marido. Cansadas deste cotidiano, as duas decidem sair sem destino pela estrada em um final de semana. Mas a viagem toma um rumo inesperado, quando Louise atira em um homem que tentava estuprar Thelma, transformando-51-susan-sarandon-papo-de-cinema-5as em fugitivas da polícia. O britânico Ridley Scott explora um subgênero típico do cinema norte-americano, o road movie, narrando uma jornada de libertação e autodescoberta, através de um olhar feminino. Talvez mais do que uma obra sobre a força da mulher, este seja um trabalho sobre o poder da amizade, sustentado pelo desempenho excepcional de suas protagonistas, ambas indicadas ao Oscar. Se Davis representa a mulher mais jovem e com um lado selvagem reprimido, cabe a Sarandon a figura mais experiente, que toma a responsabilidade para si. Ostentando um carregado sotaque do Arkansas, a atriz guia a dupla em uma espiral de emoções, passando por momentos cômicos, dramáticos e aventurescos, sempre mantendo uma química perfeita com sua parceira. Essa dinâmica conquista a simpatia do público desde o início do percurso até seu belo e icônico final. – por Leonardo Ribeiro

 

O Óleo de Lorenzo (Lorenzo’s Oil, 1992)
Baseado em uma história real, O Óleo de Lorenzo acompanha os esforços do casal Augusto e Micaela Odone (vividos por Nick Nolte e Susan Sarandon) para tentar salvar seu filho Lorenzo (Zack O’Malley Greenburg), que é diagnosticado com a doença degenerativa adrenoleucodistrofia (ALD). Lutando contra quaisquer possibilidades de perderem o filho, os Odone passam a correr atrás de uma cura, por mais improvável que ela pareça. O que se vê, então, é um drama forte sobre como o amor nutrido pelos pais não tem limites, sendo capaz de fazê-los passarem horas em uma biblioteca com a cara nos livros, na tentativa de entender algo que os próprios médicos não compreendem por inteiro, e suas conclusões podem não só ajudar seu filho, mas também uma gama de outras pessoas que sofrem com a doença. George Miller conduz a narrativa com uma sensibilidade tocante. Enquanto isso, Susan Sarandon encarna Micaela Odone como uma mulher forte, retratando com talento sua perseverança e formando um núcleo familiar fantástico ao lado do não menos brilhante Nick Nolte. Uma grande atuação que lhe rendeu sua terceira indicação ao Oscar. – por Thomás Boeira

 

51-susan-sarandon-papo-de-cinema-6O Cliente (The Client, 1994)
Antes de as(sas)inar besteira como Batman e Robin (1997), Joel Schumacher tinha um certo prestígio em Hollywood, muito em parte por conta desta adaptação do livro de John Grisham. Na trama, um garoto (um então jovem Brad Renfro) testemunha o suicídio de um advogado. Porém, antes de tirar a própria vida, ele revela ao rapaz a localização do corpo de um senador morto pelo mafioso Barry Muldano (Anthony LaPaglia). Com o FBI nas suas costas, o garoto procura a ajuda da inexperiente advogada Reggie Love (Susan Sarandon), alcóolatra que perdeu a guarda do filho nos tribunais por conta da bebida. Apesar de suas inseguranças, ela enfra de cabeça erguida a pressão exercida por Roy Foltrigg (Tommy Lee Jones), o tal “Reverendo” dos tribunais. Na pele de Reggie, Sarandon mostra mais uma vez seu sábio poder de escolher personagens fortes, alternando de forma sutil as nuances de sua personagem em mais uma excelente atuação, promovendo o desenvolvimento da protagonista em relação ao seu trabalho e também a fraternal relação com seu cliente, dando maior profundidade a esta história de crimes e tribunais. – por

 

51-susan-sarandon-papo-de-cinema-7Os Últimos Passos de um Homem (Dead Man Walking, 1995)
Susan Sarandon é conhecida não apenas pela sua excelência nas atuações cinematográficas, mas também como grande ativista de direitos humanos. Não à toa ela uniu seus talentos naturais para reproduzir nas telonas a história da freira Helen Prejean, que lutou a todo custo pelo perdão de Matthew Poncelet, preso condenado por homicídio. Dirigida pelo então marido Tim RobbinsSarandon se despiu de qualquer glamour que Hollywood lhe deu ao longo dos anos para interpretar a religiosa neste delicado e poderoso drama sobre um dos temas tabu dos EUA – e porque não dizer do mundo – a pena de morte. Com um colega como Sean Penn no papel do preso, a atriz poderia ser ofuscada pelo colega de cena, algo que não acontece justamente pela atuação poderosa numa personagem já forte por natureza. O resultado de tamanho esforço de levar esta história para as telas rendeu a Sarandon não apenas grandes elogios e um sucesso de bilheteria, mas também sua primeira estatueta do Oscar e o reconhecimento de que, por trás desta grande atriz, há ainda mais uma mulher interessada nos problemas sociais que permeiam o globo. Título que a faz se aproximar ainda mais do público já apaixonado por suas grandes interpretações. – por

 

+1

 

51-susan-sarandon-papo-de-cinema-8Loucos de Paixão (White Palace, 1990)
Ainda que Susan Sarandon tenha sido indicada ao Globo de Ouro por sua performance neste filme, esta é uma das joias raras da filmografia da atriz que acabaram sendo esquecidas com o passar do tempo. Na trama, ela vive uma garçonete que acaba se envolvendo com um jovem publicitário, interpretado por James Spader. A diferença de idade não é o único obstáculo a ser encarado pelo casal. Os dois vêm de backgrounds completamente diferentes, classes sociais distintas e formação completamente diversa. No entanto, ambos sentiram uma perda grande no passado que os acaba ligando, além – claro – de uma atração sexual potente. Sarandon está fantástica no papel, dando vivacidade e impulsividade à sua personagem, uma mulher que pede verdade ao seu namorado, ainda que guarde alguns esqueletos em seu armário. O diretor Luis Mandoki é hábil em construir uma barreira entre os protagonistas, apenas transponível quando ambos perceberem de que estes empecilhos são criados por eles mesmos. Existe forte química entre Spader e Sarandon, facilitando muito o trabalho do espectador em acreditar naquele romance – que surge um tanto forçado. O desenrolar da trama é bem elaborado, com espaço até para crítica social. Vale a pena uma conferida mais de perto. – por Rodrigo de Oliveira

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