Nascido no dia 07 de abril de 1939, nesta semana Francis Ford Coppola comemorou 74 de altos e baixos de uma vida dedicada ao melhor do que o cinema pode oferecer. Nome mais proeminente de uma família celebrada pela sétima arte – seu pai, Carmine Coppola, ganhou o Oscar de Trilha Sonora por O Poderoso Chefão II (1974); sua filha, Sofia Coppola, ganhou o Oscar de Roteiro Original por Encontros e Desencontros (2003); seu filho, Roman Coppola, concorreu ao Oscar neste ano pelo Roteiro Original de Moonrise Kingdom (2012); e seu sobrinho, Nicolas Cage, ganhou o Oscar de Melhor Ator por Despedida em Las Vegas (1995) – ele próprio foi premiado nada menos do que cinco vezes com o reconhecimento máximo do cinema mundial, num total de 14 indicações recebidas, sem contar o Prêmio Irving G. Thalberg, em reconhecimento ao conjunto de sua obra, que lhe foi oferecido em 2010. E para prestarmos a nossa homenagem, a Equipe Papo de Cinema aponta agora os cinco melhores filmes deste realizador acima da média – além de destacarmos um título não muito conhecido, mas que merece ser (re)descoberto. Confira!
 O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972), por Dimas Tadeu
O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972), por Dimas Tadeu
Talvez o mais emblemático filme da carreira de Coppola, o primeiro longa da trilogia é também um dos maiores marcos do cinema mundial. Para levar às telas os bastidores de uma “famiglia mafiosa”, o diretor, ainda muito novo na época, desafiou estúdio e produtores para manter-se o mais fiel possível à sua concepção estética do roteiro, adaptado de um livro de Mario Puzo. O resultado são sequências inesquecíveis, como o lento plano sequência de abertura, o atentado na banca de frutas ou a montagem paralela do clímax, que alterna entre um batizado e cinco assassinatos. Isso tudo, aliado a uma concepção de violência estilizada e um olhar aguçado para a direção de elenco, consagrou Coppola como um dos maiores e mais influentes diretores do século XX.
 A Conversação (The Conversation, 1974), por Pedro Henrique Gomes
A Conversação (The Conversation, 1974), por Pedro Henrique Gomes
Harry Caul (Gene Hackman) precisa espionar um casal de amantes. Trabalhando para a iniciativa privada, ele teme pela repetição de acontecimentos passados, quando um de seus trabalhos resultou na morte de 3 pessoas. É claro que há todo um jogo psicológico permeando a narrativa do filme de Coppola e servindo de base dramática para sustentar o personagem (e nisso ele se parece com outro filme que Hackman protagonizou três anos antes: Operação França, 1971), mas sua força primordial vem mesmo da condução desse estado mental com a própria arquitetura do suspense, do thriller. O ritmo das cenas vai criando docilmente uma atmosfera de arrependimentos, expectativas, dúvidas, erros e acertos. São vários os caminhos que Coppola poderia ter escolhido para contar essa história, mas ele fica é no essencial da sua boa fruição: todo um cataclismo psíquico marcando a busca constante de um homem assustado com suas virtudes e seus defeitos, na tentativa apenas de viver (ou morrer) conscientemente. Um de seus melhores.
 Apocalypse Now (Apocalypse Now, 1979), por Rodrigo de Oliveira
Apocalypse Now (Apocalypse Now, 1979), por Rodrigo de Oliveira
O protagonista – Martin Sheen – sofre um ataque cardíaco durante as filmagens. O antagonista – Marlon Brando – chega atrasado às gravações, muito acima do peso, sem ter lido o roteiro, muito menos o livro que o originou. As câmeras, que deveriam rodar apenas algumas semanas, trabalharam impressionantes 16 meses. As histórias dos bastidores de Apocalypse Now são quase tão interessantes quanto o filme lançado por Francis Ford Coppola em 1979 – tanto que existe um clássico documentário sobre, intitulado O Apocalipse de um Cineasta (1991). A produção foi bastante atribulada, com Coppola sofrendo o pão que o diabo amassou durante seu trabalho na adaptação do cultuado Heart of Darkness, de Joseph Konrad. O resultado? Um dos mais importantes filmes do século XX, icônico em sua forma de lidar com a Guerra do Vietnã e uma verdadeira aula de cinema. Desde sua cena inicial, montada com maestria por Walter Murch, ao som de The Doors. Uma intensa viagem na mente do protagonista até o derradeiro conflito nos domínios do desequilibrado coronel Kurtz. Apocalypse Now é o legítimo filme que cresce a cada nova conferida. Destaque para as pequenas, mas inesquecíveis, participações de Robert Duvall, Dennis Hopper e, claro, Marlon Brando. Mesmo escondido nas sombras para esconder sua silhueta avantajada, o ator hipnotiza o espectador com um personagem sadicamente interessante. A versão Redux, estendida, lançada em 2001, serve mais como curiosidade para os fãs, mas prefira o original. Nada que Coppola incluiu no novo corte consegue superar o fantástico trabalho lançado em 1979.
 Peggy Sue: Seu Passado a Espera (Peggy Sue Got Married, 1986), por Robledo Milani
Peggy Sue: Seu Passado a Espera (Peggy Sue Got Married, 1986), por Robledo Milani
À primeira vista, trata-se de apenas mais uma boba comédia romântica. Mas somente um gênio como Francis Ford Coppola para fazer uso de um gênero tão combalido e criar algo novo e refrescante. Há vários motivos para se descobrir e aproveitar Peggy Sue: Seu Passado a Espera, e eles começam justamente pela condução inteligente do diretor, que deixa de lado seus momentos de megalomania tão evidentes em projetos anteriores e constrói uma história de personagens, baseando-se para isso em um elenco em plena sintonia. A hoje em dia sumida Kathleen Turner conseguiu aqui sua única indicação ao Oscar (o filme concorreu ainda à Fotografia e à Figurino) e levou o National Board of Review como a protagonista, uma mulher que desmaia ao ir para um reencontro com a turma do colégio, somente para acordar vinte e cinco anos antes, quando ainda estudava e todas as decisões erradas de sua vida poderiam ser evitadas. Coppola revela-se também hábil em abrir espaço para os outros – este é também um dos primeiros trabalhos de nomes hoje reconhecidos, como Nicolas Cage, Jim Carrey e Joan Allen – conduzindo uma trama até então clichê – a manjada “segunda vez” – com imensa sensibilidade,  promovendo tamanha identificação com o público que é impossível não imaginar: “e se fosse comigo?” Simples toque de mestre.
 Drácula de Bram Stoker (Dracula, 1992), por Danilo Fantinel
Drácula de Bram Stoker (Dracula, 1992), por Danilo Fantinel
Nos dias atuais, em que o politicamente correto e a falta de coragem imperam no cinema mainstream, o grande público convive com vampiros apáticos e romances água-com-açúcar, pouquíssimo sedutores. Apesar de excelentes filmes do gênero, como Vampire Hunter D (2000, animação), Deixe Ela Entrar (2008) e Stake Land (2010), é a inofensiva Saga Crepúsculo que vem à mente quando o assunto é vampiro nos anos 2000. Mas, o que talvez a nova geração de espectadores não saiba, é que Francis Ford Coppola realizou a história de amor vampiresca definitiva em Drácula de Bram Stoker (1992), que verteu para o cinema de forma espetacular o livro Drácula, publicado pelo irlandês Bram Stocker em 1897. Para muito além da insossa relação entre Bella e Edward, a obra de Coppola resgata a paixão ardente e o amor incondicional de Drácula (Gary Oldman) por Elisabeta/Mina (Winona Ryder). Na telona, a lenda ganhou tons quentes, estética gótica e visões cinematográfica e poética até então inéditas em se tratando de filmes vampirescos. A tragédia vivida por Drácula após sua renúncia à fé divina devido à perda de seu grande amor, Elisabeta, e sua posterior não-vida repleta de obscuridade sobrenatural, como um eterno condenado às trevas, é nada menos do que marcante. Com este poderoso enredo, Coppola criou uma obra grandiosa, significativa não apenas em seus elementos históricos e econômicos, com a estruturação de uma nova sociedade baseada em negócios e viagens transnacionais, mas também culturais, com abordagens de ciência, religião e da própria consolidação do cinema – retratada em uma das cenas memoráveis do filme. A partir de efeitos visuais e cênicos que transitam entre o simples, o elaborado e o impactante, e com a atuação extraordinária de Oldman, Drácula de Bram Stoker situa-se entre um dos principais títulos do gênero.
+1
 Tetro (Tetro, 2009), por Willian Silveira
Tetro (Tetro, 2009), por Willian Silveira
Bennie e Tetro eram unha e carne. Eram irmãos. Certo dia o mais velho decide viajar. O desejo de se fazer escritor o movimenta por necessidade. No ar e em uma carta ficaram as promessas do reencontro. Quando Bennie desembarca em Buenos Aires aos 18 anos, há apenas um motivo: descobrir o que fez o irmão sumir. A ausência e a quebra de palavra são crimes afetivos. Antes exemplo, guia, modelo, Tetro agora percorre as ruas portenhas de muletas, como o símbolo frágil de uma pintura de Dalí. Contundente, a situação faz da capital argentina palco para o mais intimista dos filmes de Francis Ford Coppola. Registrada em preto e branco, a trama costura uma relação familiar em que rivalidades, mentiras e decepções superam dinheiro e sucesso. Para montar o quebra-cabeça da sua vida, Bennie precisa das peças que o irmão se recusa a emprestar. Se o núcleo familiar foi um elemento secundário na filmografia de Coppola, aqui ele toma a ponta – uma ponta pontiaguda.
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