O olhar do cineasta Leo Tabosa se detém num tabu neste curta-metragem. O BDSM, acrónimo para a expressão “Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo”, é o tema central da abordagem que não deixa de privilegiar um viés de descoberta. Afinal de contas, o protagonista é um mestre da dominação que não revela o rosto por receio das represálias possíveis em virtude do preconceito vigente contra essa prática comum e absurdamente relacionada à perversão ou à toda sorte de distúrbio sexual. Nesse tocante, o filme funciona para desmitificar algumas coisas, exatamente apresentando o BDSM como algo perfeitamente natural, desde que consensual e prazeroso também para o dominado. O fetichismo é deflagrado pela maneira como a câmera se detém nos detalhes, esmiuçando procedimentos com flagrante curiosidade. O personagem principal discorre sobre a vida, a perda de um amor e os efeitos colaterais do vazio que ele só preenche, parcialmente, ao praticar o BDSM. Essa esfera íntima não agrega muito ao todo, talvez dirimindo um pouco o âmbito fetichista, embora não o anule. Leo Tabosa crê ser suficiente alimentar o discurso central com imagens representativas, sem transcender a esfera do desvelamento.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.