A Morte do Demônio tem lançamento mundial em 2013 e segue uma premissa muito semelhante à do original, lançado em 1981, quando cinco adolescentes vão a um chalé isolado numa floresta, onde a descoberta de um certo Livro dos Mortos invoca horrores inenarráveis. O filme é estrelado por Jane Levy (Suburgatory, 2011) e Lou Taylor Pucci (Toda Forma de Amor, 2010), bem como por Elizabeth Blackmore, Shiloh Fernandez e Jessica Lucas, e é dirigido pelo estreante, Fede Alvarez. O cineasta uruguaio, também co-autor do roteiro ao lado da oscarizada Diablo Cody (Juno, 2007), estreia com este trabalho em Hollywood, após a realização de apenas quatro curtas-metragens no seu país natal. Foi o sucesso do último destes projetos curtos, Ataque de Pánico! (2009), que levou o produtor Sam Raimi – diretor do Evil Dead original – a convidá-lo a realizar esta refilmagem. Confira agora esta conversa com o diretor, cedida com exclusividade para o Papo de Cinema pela Sony Pictures do Brasil, em que ele fala como foi assumir o lugar o realizador de títulos como a trilogia original Homem-Aranha e do recente Oz: Mágico e Poderoso (2013)!
O que você acha do primeiro A Morte do Demônio, de 1981?
Foi o filme mais assustador que eu vi, quando tinha 12 anos. Fui à locadora e pedi algo realmente apavorante e, depois de procurar um pouco, o funcionário pôs essa fita de vídeo em cima do balcão. Ainda me lembro da imagem icônica da garota no porão. Corta para a semana passada, e nós filmamos exatamente a mesma tomada, foi genial.
Além de dirigir, você também assina o roteiro dessa nova versão. Foi muita responsabilidade?
Quando fui escolhido para dirigir, levei um choque! Mas, passada a incredulidade inicial, decide que deveria ser ousado e pedi diretamente ao Sam Raimi se poderia também escrever o roteiro. A resposta dele foi: ‘Vá em frente. Se ficar péssimo, contratamos outra pessoa’ (risos). A princípio, não era exatamente a mesma história que ele queria. O tom era o correto, mas para a trama em si mudou, nós criamos mais sequências. Foi quando Sam disse: ‘Nós queremos fazer uma refilmagem’. Tivemos, então, que fazer alguns ajustes, mas só tenho boas lembranças desta experiência. Produzimos um tratamento que, finalmente, adoraram. Aí escrevemos um esboço e depois um segundo roteiro preliminar, que também curtiram. O Sam é um produtor genial, que sempre dá todo apoio ao diretor. Trabalhamos durante mais de um ano no roteiro. Alguns filmes são feitos com um cronograma muito apertado e tudo vai sendo decidido ao longo do caminho. Essa pode ser uma maneira infantil de ser fazer filmes. Esse não foi o caso de A Morte do Demônio.
Como foi dar os primeiros passos em Hollywood já com uma refilmagem de um filme tão cultuado?
Havia tantas maneiras de se abordar este filme; A Morte do Demônio representa tantas coisas diferentes para tantas pessoas diferentes… Não queria interferir naqueles elementos icônicos que são impossíveis de serem refilmados. Um bom exemplo disso foi a decisão de não incluir Ash (o protagonista de A Morte do Demônio original, famoso na interpretação de Bruce Campbell) na refilmagem. Nós não queríamos usar nenhum outro ator nesse papel e era nesse tipo de ideia que nós realmente nos sentíamos em sintonia com Raimi e Campbell. Para nós, era um filme violento, sangrento e muito mais legal que os demais do gênero.
Como foi definir o tom deste novo A Morte do Demônio?
A nossa abordagem foi muito bem fundamentada. Não há muita coisa sobrenatural de cara, nenhum susto gratuito. Na primeira metade do filme, vemos o grupo lidando com coisas reais como a abstinência; eles são pessoas reais lidando com problemas reais. Somente quando entra em cena O Livro dos Mortos é que as cenas realmente começam a ficar mais fortes e o tom precisava mudar. Ao final, é impossível mantermos um discurso realista nesse nível tenebroso. Tudo vira uma grande loucura; esses jovens enfrentam demônios de uma outra dimensão. E essa é uma dinâmica que realmente me fascina. É realmente interessante ver pessoas reais lidando com aquilo. É isso o que adoro com relação a essa ideia.
E como está sendo a relação com os fãs do filme original?
Se eu próprio lesse em algum lugar sobre uma refilmagem de A Morte do Demônio de 1981, diria, ‘Hollywood que se f%#@’. Mas sou do ramo e sei como tudo funciona. Não é a máquina de Hollywood querendo apenas faturar uma grana, é bem mais pessoal do que isso. E o que posso garantir é que ao menos essa refilmagem está em boas mãos (risos). Os produtores são os mesmos responsáveis por remakes de outros filmes de terror (A Hora do Pesadelo, 2010, e Sexta-Feira 13, 2009), mas este A Morte do Demônio é algo único. É um daqueles filmes de terror bizarros, um grande título que é de propriedade de Rob Tapert, Sam Raimi e Bruce Campbell. Aqui, nós temos um grande estúdio nos apoiando, mas, criativamente, tudo está a cargo desses caras. O original ainda vai continuar existindo; ele não vai desaparecer porque nós produzimos um novo filme.
Qual foi o maior desafio no retorno de A Morte do Demônio às telas dos cinemas?
Não termos tomado nenhum atalho. Isso foi a coisa mais difícil. Há muita coisa neste filme que não é tão óbvia quanto poderia parecer. Por exemplo, no original, os jovens escutam uma fita de áudio recitando as passagens do Livro dos Mortos, mas discuti com Raimi se isso funcionaria nos dias de hoje. Você precisa ter a coragem de questionar até mesmo esses aspectos. Eles são geniais no original, mas precisamos garantir que ainda sejam relevantes, e essa é a melhor maneira de se fazer esse trabalho. No novo filme, cada um dos seus elementos está lá por um bom motivo, e não simplesmente porque estava no original.
E qual a surpresa que os fãs do original irão encontrar neste remake?
Bom, muito já foi comentado se Bruce Campbell faria ou não uma participação especial no filme. E posso afirmar que sim. Há uma cena para ele. O próprio Campbell me disse que, se algum dia estivesse em Miami, deveria ligar para ele. Como resultado acabei me hospedando na casa dele durante a semana, quando ele estava gravando seu seriado, Burn Notice (2007-). Uma certa noite, depois que ele tinha acabado a gravação, servimos alguns drinques. No dia seguinte, estávamos tomando o café da manhã, e ele disse: ‘Acho que você me ofereceu um papel no seu filme ontem’. Eu disse: ‘Ofereci mesmo, não é?’ ‘Você ofereceu. É verdade’. Então, escrevi a cena naquele dia e essa cena acabou fazendo parte do roteiro. Foi genial contar com ele no filme. Foi uma verdadeira benção
(Entrevista realizada em Auckland, Nova Zelândia, em maio de 2012, e divulgada pela Sony Pictures do Brasil em março de 2013, com edição de Robledo Milani)
Confira abaixo o curta Ataque de Pánico (2009), de Fede Alvarez
httpvhd://www.youtube.com/watch?v=-dadPWhEhVk
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