Ao nascer, ele foi batizado como Paulo Corrêa de Araújo. Hoje, no entanto, é conhecido nacionalmente como Paulinho Moska – em alguns casos, apenas Moska! Cantor, compositor, ator e apresentador de televisão, é um verdadeiro multi-talento, atuando nas mais diversas áreas. Após mais de dez anos sem aparecer no cinema, ele está de volta às telas agora com a comédia filosófica Minutos Atrás, em que aparece ao lado de Vladimir Brichta e Otávio Müller. E foi durante o lançamento deste mais recente projeto que o artista conversou com exclusividade com o Papo de Cinema, revelando seus favoritos na tela grande. Confira!
Qual seu filme favorito?
Difícil. É como na música, é muito complicado escolher apenas um só, pois cada um te toca de uma maneira diferente. Cinema tem muito disso, do momento. Mas, se tivesse que escolher apenas um para levar para uma ilha deserta, acho que seria Blade Runner: O Caçador de Androides (1982), que é um filme que sintetiza muito bem os meus gostos. Tem aquela questão dos androides, dos robôs que são humanos e dos homens que estão se robotizando, é muito complexo. Aquela cidade, chove o tempo inteiro, super moderna, um futuro decadente, a perfeição humana em debate… Pra mim, é tão grandioso quanto o 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), do Kubrick, outro filme antológico na minha vida. Assim como o Laranja Mecânica (1971), que volta e meia estou revendo. Mas sou muito eclético, amo o cinema do Bergman, sou vidrado em filmes-cabeça, que te fazem viajar. Não sou muito fã de policial, aventura, apesar de admirar a linguagem pop que possuem. Escolher apenas um filme é muito complicado!
E como músico, tem algum longa que lhe chama mais atenção por causa da trilha sonora?
Sou completamente viciado na trilha do A Missão (1986), composta pelo Ennio Morricone. Aquele cara é um mestre. A música é um elemento muito importante no cinema, sempre faz parte, e acaba me marcando de uma forma ou outra. Ela oferece uma densidade específica à trama, é realmente indizível. Lembro de ouvir muito a trilha deste filme ao viajar, principalmente quando estou sozinho no carro, só escutando e lembrando de cada cena. Mas há outros compositores fantásticos, como Nino Rota, John Williams, Bernard Herrmann, que fizeram maravilhas. A trilha é mais um personagem, que está ali, ainda que oculto. Em alguns casos, é mais importante que o protagonista!
Dos últimos filmes a que você assistiu, qual recomendaria?
Os dois últimos filmes que me marcaram foram dessa temporada do Oscar. Fiquei louco com O Lobo de Wall Street (2013), com a interpretação impecável do Leonardo DiCaprio, que está maravilhoso. E é muito bem filmado, o Scorsese assimilou o cinema contemporâneo de uma forma única. Você percebe uma influência do Tarantino, é muito louco. Há muito tempo não ria tanto como na cena em que o DiCaprio cai no chão drogado e abre a porta do carro com o pé. Aquilo é coisa de gênio! E outro que amei foi o Ela (2013), do Spike Jonze. Claro que é um pouco forçado – quem não se apaixonaria pela Scarlett Johansson gemendo no computador? Parece que ela está sempre acordando de uma trepada! É a voz mais sedutora do mundo, vamos combinar! Mas naquelas cenas em que vemos o ator conversando com essa voz na rua, e percebemos que todos os outros fazem a mesma coisa, com o próprio celular, é uma crítica muito forte aos dias de hoje. É um filme que fala sobre as carências, a questão do amor, ao mesmo tempo em que aponta para um futuro que devemos evitar. O ideal platônico é muito bonito, mas não é real. Mexeu muito comigo.
Se a sua vida fosse um filme, qual seria o título?
Aqui jaz, Moska (risos)! Quer dizer, não sei… o filme da minha vida? Acho que poderia ser: “Transparentes”. Tem aí uma brincadeira com as palavras, um segredo familiar, sobre a minha origem, que só fui descobrir há pouco tempo. Entendi muita coisa sobre a minha vida, que minha família era muito maior, me deu uma outra percepção de mundo. Esse é, definitivamente, o acontecimento da minha vida: trans-parente!
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