Apresentador oficial do 41° Festival de Cinema de Gramado, ao lado da jornalista Renata Boldrini, Leonardo Machado é um dos mais talentosos e simpáticos atores da atual geração do cinema gaúcho – e, por que não dizer, também brasileiro! Machado frequenta o Festival de Gramado há quase duas décadas, foi premiado por seu desempenho em Em Teu Nome (2009), e neste ano, além de acumular essa função de extrema visibilidade, ele também marcou presença como produtor, uma atividade até então inédita em seu currículo. Ele é um dos produtores de A Oeste do Fim do Mundo, coprodução Brasil e Argentina premiada na mostra competitiva de longas-metragens estrangeiros como Melhor Filme pelo Júri Popular e como Melhor Ator, para Cesar Troncoso. No meio de todo esse nervosismo e atribulações, o artista conversou com exclusividade com o Papo de Cinema. Confira!
Como foi a experiência de estrear como produtor em A Oeste do Fim do Mundo?
Nunca estive tão nervoso com um filme. Quando se atua, mesmo que o crítico ou o espectador não goste da sua atuação, pode acabar se interessando por uma ou outra cena em particular. Agora, na produção, é tudo ou nada. É uma experiência completamente louca. É minha primeira produção, estou envolvido com o todo. Fiquei muito nervoso na primeira sessão que fizemos, fechada para o Governador do Estado e convidados. Estava muito tenso, nem consegui ver o filme. Em Gramado também foi muito tenso, mas já estou um pouco mais relaxado, entendendo as regras do jogo. A expectativa para esse filme é muito boa. Trabalho com o Paulo Nascimento, diretor do filme, há muito tempo, e perguntei se esse era o filme que ele queria fazer. A resposta dele foi: ‘era exatamente o filme que eu queria fazer’. Então estou feliz com isso.
Você foi novamente convidado para ser o apresentador oficial do Festival de Gramado! Como você encara essa responsabilidade?
Apresentar o Festival de Gramado é sempre um prazer. Eu me criei em Gramado, estive aqui com o meu primeiro curta-metragem, há vinte anos, e é sempre uma experiência muito boa estar junto ao festival, não só por estar apresentando, mas também pra ajudar esse evento que é tão importante, essa casa do cinema brasileiro tão tradicional – e não no sentido de ser conservador, mas sim sobre seu significado. São 41 anos de Festival de Gramado, sua relevância é reconhecida internacionalmente. O Festival de Gramado é uma referência. E é nossa casa, por isso temos que fazer o melhor por ele. Vida longa ao Festival de Gramado!
Qual é o seu filme favorito?
Meu filme favorito é Betty Blue (1986), de Jean-Jacques Beineix. Acho que as relações que se construíram no filme entre os atores e a direção são incríveis. Tem muita coisa ali que certamente não constava no roteiro, e é isso que busco no cinema, interpretações que vão além das orientações iniciais.
Dos últimos filmes que você assistiu no cinema ou na televisão, quais recomendaria?
Pergunta difícil, essa! Eu gosto do filme do Almodóvar, Os Amantes Passageiros (2013), apesar de muita gente falar o contrário. Acho que ele conseguiu fazer uma eficiente metáfora do momento atual da Europa e da Espanha, que é perfeita. Apesar de ser um filme que muitas pessoas reclamam por achar que o diretor está se repetindo. O que até concordo em parte, pois ele de fato já trabalhou com essa estética, porém com outro discurso. Esse novo filme é a Europa de hoje! A classe popular está dormindo, o povo trabalhador está dormindo, e a classe alta está enlouquecida com tudo que está acontecendo. E ao mesmo tempo estão todos naufragando. Não é um acidente aéreo, aquele avião é um naufrágio!
E sobre o cinema nacional? Tens alguns favoritos?
Eu vivo revendo o cinema brasileiro, e um filme que assisti recentemente é o Lúcio Flávio: O Passageiro da Agonia (1977), que tinha visto muito tempo atrás e há alguns dias revi e fiquei enlouquecido! É, para mim, o melhor filme do Babenco! Gostei bastante também do Flores Raras (2013), do Bruno Barreto, que tá entrando em cartaz agora. Acho que ele conseguiu ambientar, talvez não em termos estéticos e cinematográficos, mas foi feliz recriar aquela época. Parece ser mesmo um filme feito no início dos anos 1960. Se parece com o cinema daquela época. Sem falar no trabalho da Gloria Pires, que está incrível!
Se a sua vida fosse um filme, qual seria o título?
Nossa, essa tem que pensar… Acho que Pra Onde Vamos?! Alguma coisa nesse tipo (risos)!
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