Dois filmes que estão em cartaz nos cinemas brasileiros são sintomáticos na exemplificação da estrutura narrativa hollywoodiana. Um deles brinca com a própria mentira que é o cinema: Truque de Mestre (2013), dirigido por Louis Leterrier, especialista em filmes ruins, se assume ilusão e ilusionista logo a partir do narrador, do início ao fim, brincando também com os códigos da montagem, o que é bastante honesto. É fundado especificamente em seu ritmo, no intervalo entre um corte e outro (o plano que nos engana o olhar) está sua tática de envolvimento. Primitiva magia. Os personagens são esquecidos, o diretor não quer que saibamos quem são não porque pretende ancorá-los sob a égide de um mistério, mas simplesmente por não ter nada para retirar deles (os planos não duram mais de cinco segundos, menos que comercial de margarina).

Truque de Mestre

Por seu turno, Guerra Mundial Z (2013), de Marc Forster, a despeito da mensagem pró-intervenção militar, não consegue ser tão ruim. Todavia, sua engenharia de montagem é a mesma, mas também a estrutura do roteiro é bastante parecida. Os filmes só precisam de 5 minutos para colocar todo o aparato técnico pela janela, pois o que vem depois é mera modulação dos mesmos critérios, reproduzidos extensamente sob a presunção do entretenimento. Salvo o assunto, não há diferenças entre os filmes citados.

Há outro filme, que ainda nem vi, mas que aparenta vir no mesmo balaio. Estou falando de O Cavaleiro Solitário (2013), de Gore Verbinski. O mesmo diretor que, me permitam a redundância, até agora só fez filmes limitados. Neste time pode entrar pelo menos mais uns três: Christopher Nolan, Michael Bay e Rolland Emmerich.

Guerra Mundial Z

Está na moda, em Hollywood, os blockbusters começarem já explodindo toda a ação possível nas primeiras cenas, de maneira a capturar o espectador antes mesmo deste saber sobre o que se trata o filme. É um truque relativamente novo, que parece ter nascido mais fortemente a partir dos anos 2000. Mas não precisamos apurar o passo, pois é só um sintoma que estou tentando, ainda mansamente, colocar em disputa.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do RS. Edita o blog Tudo é Crítica (www.tudoecritica.com.br) e a Revista Aurora (www.grupodecinema.com).
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