De todos os filmes que estão concorrendo ao Oscar assisti a seis: Capitão Phillips, Álbum de Família, O Lobo de Wall Street, Gravidade, A Grande Beleza e Blue Jasmine. Somente um deles consegui assistir em Gramado, onde moro. Os demais foi durante uma maratona de cinema em Porto Alegre. Estão também na lista, pois ainda não estavam em cartaz: Trapaça e 12 Anos de Escravidão. Quero assistir a Clube de Compra Dallas só para ver o bonitão Matthew McConaughey, que emagreceu mais de 20 quilos para interpretar um homem que contraiu o vírus da Aids, um filme baseado em uma história real.
Gostei de todos os que assisti, uns mais, outros nem tanto. Leonardo DiCaprio dá um show de interpretação em O Lobo de Wall Street, também baseado em episódio verídico. O filme é intenso, forte e mostra o submundo das drogas, sexos e traições que rola na vida dos homens que trabalham no mais importante mercado financeiro do mundo. Muitos dizem que DiCaprio não poderia interpretar um vilão e que o seu rosto de bom moço não combina com o do protagonista, um personagem mau, muito mau. Eu discordo, o papel foi perfeito para ele. Ele não era do mal, apenas gostava das coisas boas da vida, sabia ganhar dinheiro e convencer as pessoas a investirem em seus negócios mirabolantes, mas malvado, não. Ajudava quem estava perto e ensinava a sua equipe a ganhar tanto quanto ele.
Gravidade deixou a desejar, apesar de ser o filme com maior bilheteria até agora. Sandra Bullock é uma excelente atriz, mas se trata de uma história impossível. Muito heroica e americana para o meu gosto. Mas como diz o ditado, gosto não se discute.
Álbum de Família, que foi livremente inspirado em uma peça teatral de Tracy Letts, premiada mundialmente, é um excelente filme. O que mais gostei. É diferente, então vá ao cinema como se fosse ao teatro. Tem início sem começo e termina sem fim, e todo o enredo se dá com os encontros e desencontros de uma família de três irmãs tem com seus pais.
Julia Roberts e Meryl Streep estão brilhantes em uma cena em que a família inteira, à mesa do jantar, deixa escapar seus desgostos, desilusões e decepções. A filha mais velha (Roberts) tem um ataque de fúria e literalmente arranca das mãos da mãe o que ela quer. As duas rolam no chão e ela grita todas as verdades que sempre quis dizer, ficando com as veias da garganta extremamente dilatadas. Foi a segunda cena mais forte e emocionante do filme. A primeira teve Meryl sentada em um balanço, contando para as três filhas que quando pequena queria muito ganhar de Natal um sapato. Pediu, implorou e sonhou todas as noites com aquele presente, mas não ganhou. Ela conta essa história enquanto deixa rolar pelo rosto uma única lágrima. Foi uma cena marcante, emocionante e mais uma vez prova que o que acontece quando somos crianças pode marcar a vida para sempre. Também prova que Meryl Streep é uma grande atriz e merece ganhar novamente o Oscar.
Por fim, assisti a Blue Jasmine, de Woody Allen, que é sempre uma grande surpresa. Muito bom. Mas o filme que mexeu com o meu estômago e me fez perder o sono foi o italiano A Grande Beleza. Um escritor, ao completar 65 anos, descobre que não quer perder tempo com coisas que não gosta. Não deveríamos fazer isso desde que nascemos?
Ele passeia pelo passado, por momentos importantes da sua vida e por lindos lugares em Roma. Tem uma vida de boemia e, aos poucos, se dá conta de quanto deixou passar. No momento mais interessante, visita um amigo mágico e este está ensaiando um número para o seu show, em que faz uma girafa sumir. Jep então pergunta ao amigo:
– Você consegue mesmo fazer essa girafa sumir?
– Sim, esse é o meu trabalho.
Cansado da vida e sentindo-se velho e sozinho ele pede ao amigo mágico:
– Faz isso comigo também? Me faça desaparecer.
– Jep, Jep. Se eu realmente pudesse fazer isso, você acha que estaria aqui com 85 anos fazendo coisas estúpidas como essa para poder sobreviver? É apenas um truque meu amigo, um truque.
A vida é apenas um truque.
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