Depois de uma maratona nas salas de cinema de Porto Alegre, decidi assistir ao Cinquenta Tons de Cinza (2015). Não fiquei só nesse, pois havia na lista muitos concorrentes ao Oscar 2015. Fico sempre atenta aos indicados, aos melhores atores e atrizes e também me encanta aqueles filmes que fogem ao estilo blockbuster e que acabam nos surpreendendo. Fico ligada nos candidatos a melhor diretor, melhor ator e melhor atriz. Às vezes concordo com as indicações, mas na maioria das vezes faço a minha própria seleção. Me atenho aos detalhes, analiso as performances e me absorvo totalmente na trama.

Cinema, pra mim, é uma arte. Arte de nos transportar para uma sala escura e nos tirar da vida. Ao entrarmos na sala do cinema, mudamos de vida, mudamos de nome e por mais de duas horas ficamos envolvidos em um outro mundo.

Porém, na maratona cinematográfica desse ano, fiquei atenta a outros detalhes. Quem eram as pessoas que em pleno carnaval estavam nas filas para comprar ingressos para o cinema? Quem eram as mulheres e casais que em massa entravam na sala 5 para assistir ao Cinquenta Tons de Cinza?

E filmes mais emblemáticos como A Teoria de Tudo (2014), ou o incrível O Jogo da Imitação (2014)? Quem são essas pessoas e como escolhem os filmes? Ou serão os filmes que escolhem as pessoas?

Vou ao cinema primeiro para me atualizar culturalmente, vou para me distrair e também para prestar atenção em detalhes. Algumas pessoas não sabem nada sobre o filme que estão assistindo, ficam chocados quando se trata de um musical e não é raro vê-las saindo de soslaio e abandonando a sala de exibição. Não leem sobre o que se trata o filme, se é uma adaptação de um livro ou de uma história em quadrinhos. Em consequência dessa falta de informação, ouço nos bastidores da sala escura coisas muito engraçadas:

Musical? Eu não vou assistir esses caras cantando durante todo o filme, vamos embora.

Que filme mais cansativo, pensei que o Birdman fosse um super-herói e ia voltar logo no começo do filme, que chato.

Eu não quero ver esse homem perdendo os movimentos e ficando deformado, muito esquisito.

Mas dos seis filmes a que assisti recentemente, duas citações em especial me chamaram a atenção, coincidentemente no mesmo filme.

1)   Uma menina com menos de 14 anos estava no banheiro contando à amiga aos cochichos que não haviam pedido identidade e ela estava assistindo ao Cinquenta Tons de Cinza. A colega perguntou se ela já havia visto alguma cena de sexo enquanto a outra respondia entediada: está no começo ainda, só teve romance até agora, nada de interessante. Quando forem para o quarto dos jogos, saio de novo para te contar.

2)   Um casal saía da sala lotada. O filme? Cinquenta Tons de Cinza. Ela toda dengosa, e porque não dizer esperançosa, pergunta se o marido havia gostado do filme. Ele sem hesitar respondeu: “amor, não consigo pensar nisso agora porque estou com certos gases trancados na minha barriga e preciso urgente ir ao banheiro”.

Bem-vindo ao mundo real. A vida é mesma colorida e tem bem mais que cinquenta tons.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é Relações Públicas formada pela Universidade Do Vale do Rio dos Sinos. Tem 43 anos e é mãe de Clara, uma menina ruiva, hoje com dez anos. Descobriu a paixão pelas palavras quase sem querer: foi um convite do editor de um jornal que a fez escrever seu primeiro texto. Surpreendida pelo retorno de amigos e leitores elogiando a forma leve e descontraída da escritora, decidiu investir nessa história! É autora do livro Metade de Mim, lançado pela Editora Buqui em 2013.
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