19 set

Top 10 :: Exorcismos

Exorcismos sempre renderam gritos, cabeças giratórias, possuídos levitando sobre a cama e muito sangue. Esta semana entra em cartaz Livrai-nos do Mal, novo suspense dirigido por Scott Derrickson, responsável por outros filmes do gênero como A Entidade (2012) e  O Exorcismo de Emily Rose (2005). Por conta disso, a equipe do Papo de Cinema resolveu lembrar quais são os dez melhores filmes sobre o assunto. Será que o seu favorito está na lista? Confira!

 

Madre Joana dos Anjos (Matka Joanna od aniolów, 1961)
Por Matheus Bonez
Considerado um dos primeiros filmes do gênero, este longa se passa no século XVII, o filme conta a história de um convento com freiras possuídas pelo demônio. Um padre é enviado para o local e começa a duvidar da própria fé ao ver o que está acontecendo com suas colegas de sacerdócio. Clássico do cinema europeu, Madre Joana dos Anjos ganhou o Prêmio de Júri no Festival de Cannes de 1961. O diretor Jerzy Kawalerowicz, responsável por outros clássicos menores como Faraó (1966) e Trem Noturno (1959), deixa o espectador inquieto com uma atmosfera claustrofóbica, onde nada é o que parece. Na memória ficam cenas como o “balé possuído” das freiras, todas dominadas da mesma forma e caindo no chão ao mesmo tempo.

 

 

O Exorcista (The Exorcist, 1973)
Por Marcelo Müller
O Exorcista, de William Friedkin, continua sendo o maior filme já feito sobre possessão demoníaca. A pequena Regan MacNeil (Linda Blair) se contorcendo na cama, virando o pescoço 360°, vomitando no rosto dos padres que tentam salvá-la da dominação de Pazuzu, são imagens fortes que marcaram o cinema americano dos anos 1970, grudando no imaginário cinéfilo como sinônimo de medo. Talvez para as plateias de hoje, acostumadas com cenas ainda mais escabrosas veiculadas no horário nobre da televisão aberta, aquilo tudo não passe de uma encenação meio ingênua. Mas o que faz de O Exorcista um filme pesado de ver não é propriamente a menina possuída, transfigurada no capeta, mas o clima constante de opressão e temor do desconhecido que Friedkin confere ao filme, mesmo antes que a possessão e a luta contra ela se faça central. E, convenhamos, para os dias atuais, politicamente corretos, certas passagens do filme soam ainda mais ousadas, como a garota se masturbando com um crucifixo e blasfemando. Poucas vezes (ou como nunca) o cinema suscitou medo na plateia com tamanha competência.

 

Os Fantasmas se Divertem (Beetlejuice, 1989)
Por Robledo Milani
Um dos primeiros filmes dirigidos por Tim Burton, esse certamente foi o longa que definiu a maior parte das características que tornaram o cineasta popular com o decorrer dos anos. Estão aqui os personagens histriônicos, o apelo pelo gótico, o humor negro, o tom musical pontuando a trama, o interesse pelo sobrenatural. E, no meio dessa deliciosa história de fantasmas que tentam de tudo para afastar os novos moradores de sua antiga residência, como não poderia deixar de ser, até um ritual de exorcismo acontece. Quando o exótico Otho (Glenn Shadix) entra em cena, podia-se esperar por tudo, menos por sua total inabilidade em lidar com o além! Tanto que, ao invés de afastar os maus agouros da residência, tudo o que ele consegue é provocar ainda mais o espírito arruaceiro de Beetlejuice (Michael Keaton), que decide fazer sua festa de casamento ali mesmo! A conclusão não poderia ser mais inspirada, com um exorcista mais que inspirado tendo que mostrar serviço, fazendo o inverso: vindo dos mortos para trazer o perseguido de volta… à morte! Premiado com um Oscar e agradando em cheio ao público, esta comédia é uma ótima introdução ao fantástico mundo de Burton!

 

A Repossuída (Repossessed, 1990)
Por Conrado Heoli
Quase 20 anos após sua indicação ao Oscar por interpretar a icônica garotinha de O Exorcista (1973), Linda Blair ganhou novos holofotes quando reencontrou o demônio – um muito menos ameaçador dos que já havia enfrentado – no incorreto e muito engraçado A Repossuída. Dirigido por Bob Logan, que tem no currículo algumas outras comédias norte-americanas esquecidas e esquecíveis, esta produção dos anos 1990 também acabou no ostracismo, principalmente por ser massacrada pela crítica na ocasião de seu lançamento. Ainda assim, A Repossuída se insere entre aqueles filmes que são tão ruins e irregulares que proporcionam perfeitamente aquelas sessões irresistivelmente engraçadas. Eis uma comédia perfeita para se incluir numa maratona de filmes trash, preferencialmente com muitos amigos e até mesmo com um drinking game improvisado. Leslie Nielsen e Linda Blair estão excepcionais como o Padre Jedediah Mayii e a jovem possuída Nancy Aglet, em caracterizações divertidas e pontuais para a reinvenção de vários clichês de filmes de horror, incluindo aqueles antológicos de O Exorcista – sim, estamos falando de vômito e da obrigatória cabeça giratória. Como a maioria dos filmes sobre exorcismos é involuntariamente cômica e descartável, a revisita a Nielsen e Blair nesta divertida paródia é certamente uma melhor opção.

 

Stigmata (1999)
Por Matheus Bonez
Anos antes de ver espíritos no seriado televisivo Medium, Patrica Arquette encarnou Frankie Paige, uma cabelereira totalmente avessa à religião que começa a apresentar as chagas de Cristo no corpo. Um padre (Gabriel Byrne) é enviado para investigar o caso, que pode conter segredos do Vaticano. A história ganha ainda mais contornos quando Paige não apenas está totalmente “machucada” pelos estigmas, como também parece estar possuída por uma entidade maléfica. O que faz o religioso ter que aprender na marra como exorcizar alguém. Stigmata reacendeu o interesse por filmes do gênero no final dos anos 1990 e foi um relativo sucesso, custando cerca de US$ 30 milhões e faturando mais que o triplo nas bilheterias mundiais. Além do bom elenco e do enredo interessante, dá aquela cutuca básica a Igreja Católica e o fanatismo religioso.

 

O Exorcismo de Emily Rose (The Exorcism of Emily Rose, 2005)
Por Rodrigo de Oliveira
Todo novo filme de exorcismo almeja chegar perto do que O Exorcista (1973), de William Friedkin, foi para o gênero. A maioria passa longe, mas alguns têm predicados o suficiente para garantir um bom entretenimento – e alguns sustos. Esse é o caso de O Exorcismo de Emily Rose, de Scott Derickson. Baseado em fatos reais, conta a história do padre Richard Moore (Tom Wilkinson), acusado de ter matado a garota do título após uma desastrosa tentativa de expulsar um demônio do seu corpo. Para defender o pároco, entra em cena a determinada e cética advogada Erin Bruner (Laura Linney), que deve provar aos jurados que o padre estava certo ao tentar exorcizar a garota. Curioso híbrido de terror com filme de tribunal, o longa de Derickson deixa o espectador tirar suas próprias conclusões a respeito do que viu, de acordo com suas próprias crenças. Em nenhum momento o roteiro diz com todas as palavras que a garota foi realmente possuída pelo demônio – a menina podia sofrer um raro caso de epilepsia psicótica, por exemplo. Ainda que tenha alguns bons sustos, O Exorcismo de Emily Rose é mais interessante quando mantém o foco no tribunal e na advogada em sua busca pela absolvição do padre e de um caminho para si.

 

Constantine (2005)
Por Yuri Correa
John Constantine (Keanu Reeves) é um exorcista não muito convencional, engajado na tarefa de resolver o mistério envolvendo a morte da irmã de Angela (Rachel Weisz), que pode ter a ver com o próprio Satã (Peter Stormare). Francis Lawrence, sempre um diretor eficiente, comanda aqui esta adaptação do personagem das HQ’s, que parece não ter agradado muito os fãs do material original – algo a ver com o caçador de demônios não ser loiro como nas páginas. Enquanto filme, felizmente, Constantine é uma boa diversão que ainda traz em seu elenco a ótima Tilda Swinton como o anjo Gabriel, em uma concepção andrógena interessantíssima, além de Shia LaBeouf e Djimon Hounson. Os efeitos estão ótimos, a fotografia aposta em uma bela escolha de cores fortes contrastadas com a escuridão e o clímax deixa que Stormare o roube para si com sua divertida encarnação do diabo em pessoa.

 


O Último Exorcismo (The Last Exorcism, 2008)
Por Rodrigo de Oliveira
Se existe um filme que bebe na fonte de A Bruxa de Blair (1999) e seu estilo de falso documentário, este é O Último Exorcismo, dirigido pelo cineasta alemão Daniel Stamm. Um terror de baixíssimo orçamento que utiliza o chavão do exorcismo e a moda da câmera subjetiva para construir uma história bastante diferente do usual. Na trama, o reverendo Cotton Marcus (Patrick Fabian) está em crise com sua fé. Para desmascarar as tramoias que estão por trás dos exorcismos de mentira, ele aceita participar de um documentário, que contaria a sua última performance na expulsão de um demônio. Para isso, Marcus escolhe a esmo uma carta lhe pedindo ajuda. Ao chegar na fazenda dos Sweetzer, conhece Nell (Ashley Bell), garota que vem se comportando de forma estranha nos últimos tempos. O padre resolve fazer seus truques de falso exorcista e acredita ter livrado a moça de um mal subjetivo. Mas ele não sabia onde realmente estava se metendo. Daniel Stamm escolhe criar a atmosfera de seu longa-metragem aos poucos, demorando a incluir as cenas fortes, presentes para assustar sua plateia. Verdade seja dita, O Último Exorcismo deve deixar os fãs do gênero de cabelo em pé apenas nos seus vinte minutos finais. Antes disso, o suspense é muito maior que o terror. Esse, no entanto, é o ponto positivo do longa-metragem. Stamm dá tempo para que conheçamos o seu protagonista, o que faz toda a diferença. Fuja da continuação, bem longe da qualidade do original.

 

O Ritual (The Rite, 2011)
Por Robledo Milani
O nome de Anthony Hopkins à frente do elenco chamou a atenção de muita gente, mas não foi suficiente para garantir o sucesso deste projeto capitaneado pelo sueco Mikael Hafström. Ainda que não tenha sido exatamente um fracasso – com a ajuda do mercado internacional o filme acabou não só se pagando, como superando seus custos com folga – o longa falha justamente naquilo em que deveria se destacar: em provocar sustos. Mas mais interessado em estudar seus personagens do que em arrancar gritos histéricos da plateia, o longa envolve pela ambientação – estamos em Roma, nas vizinhanças do Vaticano – e pelo conjunto inusitado de atores: além do protagonista oscarizado, temos o novato Colin O’Donoghue, os marcantes Rutger Hauer, Toby Jones e Ciarán Hinds e, pra completar, a brasileira Alice Braga, compondo uma figura tão misteriosa quanto inadequada. As discussões sobre o cristianismo, o poder da fé e as origens desse mal que somente um ritual milenar pode por fim são interessantes, mas servem mais como temperos curiosos, que acabam se perdendo numa obra que resulta genérica, ainda que dona de alguns elementos pertinentes.

 

Invocação do Mal (The Conjuring, 2013)
Por Thomás Boeira
Ed e Lorraine Warren ficaram conhecidos ao longo dos anos pelos casos paranormais que investigavam, sendo ele um demonólogo e ela uma médium. Alguns de seus casos, aliás, já foram levados às telas em Horror em Amityville (1979) e Evocando Espíritos (2009). No entanto, o casal em si só viria a ser retratado no cinema neste Invocação do Mal, um dos grandes sucessos de terror de 2013. Situado em 1971, a produção traz Ed e Lorraine (interpretados pelos ótimos Patrick Wilson e Vera Farmiga) ajudando a família Perron, que se muda para uma casa. O local se revela habitado por seres amaldiçoados que infernizam a vida de todos e a única solução talvez seja exorcizá-lo. Inicia-se então um típico filme de casa mal-assombrada, no qual o diretor James Wan (o mesmo do primeiro Jogos Mortais, 2004, e dos dois Sobrenatural, 2010 e 2013) mostra saber usar alguns clichês a favor da história, criando uma atmosfera inquietante que percorre toda a narrativa. Invocação do Mal prende a atenção do início ao fim e deixa o espectador com os nervos à flor da pele com toda sua tensão, sendo um filme de terror acima da média.

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