3 jun

Festival de Cannes 2020 :: Brasileiro Casa de Antiguidades é selecionado. Confira a lista completa

Habemus Festival de Cannes 2020, pelo menos no mundo das ideias, sem a exibição dos filmes. Uma pena, não é mesmo? Os organizadores de um dos mais importantes eventos do cinema mundial relutaram. Primeiro, descartaram as datas inicialmente marcadas para a festa acontecer na cidade francesa. Diante dos efeitos nocivos da pandemia do Covid-19, não seria possível realizar a programação entre 12 e 23 de maio. Segundo, aventou-se a possibilidade de Cannes acontecer em junho, algo também vedado pelas autoridades de saúde. Rechaçando a possibilidade de acontecer on-line, ou simplesmente de ver cancelada a sua edição de número 72, os responsáveis decidiram, diante da impossibilidade das datas alternativas, prosseguir com a seleção, oferecendo seu selo aos curtas e longas-metragens. Sim, é isso mesmo. Não vai ter sessão de gala, os filmes não serão exibidos dentro de uma programação, mas as produções poderão ostentar o fato de terem sido selecionas para Cannes.

Como não haverá exibição na Croisette, nem programação tradicional de festival, decidimos agrupar os filmes selecionados em uma única lista, sem registrá-los nas categorias separadas habituais. Portanto, permitiremos que quando você assista a todos os filmes forje a sua própria opinião sobre o programa ideal para Cannes 2020 e quais filmes se encaixariam melhor em cada categoria, segundo Thierry Frémaux, diretor artístico do evento, em carta publicada no site oficial de Cannes. Ainda de acordo com Frémaux, 2067 produções se submeteram a curadoria, número superior aos 1845 de 2019. Ao todo, 56 filmes receberão o selo Cannes. Destes, 15 são estreias e 16 dirigidos por mulheres.

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Spike Lee seria o presidente do júri em 2020. Ele ocupará a posição em 2021. No vídeo de divulgação dos selecionados, Thierry Frémaux mencionou com preocupação o sucateamento da Cinemateca Brasileira, demonstrando a atenção que a comunidade internacional dispensa ao descaso do governo Jair Bolsonaro com o nosso patrimônio cultural. Mas, algo a ser comemorado é a inclusão do brasileiro Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria, entre os selecionados. O filme tem como protagonista um idoso interpretado por Antonio Pitanga que precisa mudar-se em busca de melhores condições. Todavia, ele enfrenta a solidão, bem como o preconceito dos novos vizinhos. “Infelizmente não haverá o glamour do tapete vermelho nem as sessões de photocall. O que de fato não significam em si o que é o Cinema. O mais importante é o impacto que estes filmes darão… Esta seleção é um anúncio do cinema de amanhã, que precisa encarar esta crise que vivemos.”, disse em comunicado o diretor João Paulo Miranda Maria. Sem delongas, confira os indicados ao Festival de Cannes 2020.

Cena de “Casa de Antiguidades”

The French Dispatch, de Wes Anderson
Summer of 85, de François Ozon
Asa Ga Kuru, de Naomi Kawase
Lover’s Rock, de Steve McQueen
Mangrove, de Steve McQueen
Druk de Thomas Vinterberg
Peninsula, de Yeon Sang-ho
DNA, de Maïwenn
Soul, de Pete Docter
Ammonite, de Francis Lee
Falling, de Viggo Mortensen
Broken Keys, de Jimmy Keyrouz
Truffle Hunters, de Gregory Kershaw, Michael Dweck
Aya to Majo, de Goro Miyazaki
Limbo, de Ben Sharrock
Heaven: To The Land of Happiness, de Im Sang-soo
Last Words, de Jonathan Nossiter
Des Hommes, de Lucas Belvaux
Passion Simple, de Danielle Arbid
Good Man, de Marie-Castille Mention-Schaar
The Things We Say, the Things We Do, de Emmanuel Mouret
John and the Hole, de Pascual Sisto
Here We Are, de Nir Bergman
Rouge, de Farid Bentoumi
Sweat, de Magnus von Horn
Teddy, de Ludovic e Zoran Boukherma
Un médecin de nuit, de Elie Wajeman
Enfant Terrible, de Oskar Roehler
Nadia, Butterfly, de Pascal Plante
Pleasure, de Ninja Thyberg
Slalom, de Charlène Favier
Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria
Ibrahim, de Samuel Gueismi
Gagarine, de Fanny Liatard e Jérémy Trouilh
16 Printemps, de Suzanne Lindon
Vaurien, de Peter Dourountzis
Garçon chiffon, de Nicolas Maury
Si Le Vent Tombe, de Nora Martirosyan
On the Way to the Billion, de Dieudo Hamadi
9 Days at Raqqa, de Xavier de Lauzanne
Antoinette in The Cévennes, de Caroline Vignal
Le Deux Alfred, de Bruno Podalydès
Un Triomphe, de Emmanuel Courcol
Le Discours, de Laurent Tirard
L’Origine du Monde, de Laurent Lafitte
Flee, de Jonas Poher Rasmussen
Eight and a Half, de Ann Hui, Hung Sammo Kam-Bo, Ringo Lam, Patrick Tam, Johnnie To, Hark Tsui, John Woo, Woo-Ping Yuen
El Olvido que Seremos, de Fernando Trueba
In the Dusk, de Sharuna Bartas
The Real Thing, Kôji Fukada
Souad, de Ayten Amin
February, de Kamen Kalev
Begining, de Déa Kulumbegashvili
Running with the wind, de Shujun WEI
The film Death and my father too, de Dani Rosenberg
Josep, de Aurel

Marcelo Müller

Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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