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Sinopse

Luiz Mário é um empresário mulherengo que não consegue se envolver profundamente. Um dia, ao ser atropelado por Malu numa ciclovia carioca, ele se vê diante da possibilidade de viver um grande amor.

Crítica

Que bom seria se houvessem mais filmes como Malu de Bicicleta na cinematografia brasileira. Não que faltem exemplares do gênero “comédia romântica”, mas títulos como Se Eu Fosse Você 2 (2009) e Até que a Sorte Nos Separe (2012), entre tantos outros, apostam mais no riso acéfalo do que na inteligência do espectador. Para alguns destes citados isto não chega a ser um demérito, pois faz parte da proposta. Porém, é justamente na obra adaptada do livro de Marcelo Rubens Paiva que encontramos o casamento entre um gênero tão desgastado com um roteiro que pode não causar gargalhadas, mas intriga e diverte o público na mesma medida.

Este êxito talvez se explique pelo próprio texto da produção. Ora, Malu de Bicicleta não apresenta nenhuma grande ideia, muito menos original. É justamente pela forma com que Rubens Paiva escreve (sim, ele é autor da adaptação do próprio livro) que a ideia, a princípio tão “quadradinha”, se mostra um filme acima da média. A cartilha é básica: o mulherengo Luiz Mário (Marcelo Serrado) se encanta pela tresloucada Malu (Fernanda de Freitas), que o atropela com uma bicicleta (obviamente). A relação dos dois começa a se aprofundar desde então, mesmo um morando em São Paulo e a outra no Rio de Janeiro. O grande problema é o ciúme de Luiz Mário, que começa a desconfiar de uma suposta infidelidade de Malu.

Um dos grandes acertos da narrativa é justamente contar a história a partir do ponto de vista do personagem de Marcelo Serrado, pois é a partir dele que o público também começa a desconfiar das intenções de Malu, como se ela fosse uma Capitu dos dias atuais e ele, é claro, seu Dom Casmurro. Afinal, ela traiu ou não? Não seria esta história uma adaptação da obra de Machado de Assis? Afinal, o ciúme é o fio condutor deste conto, muito mais que a paixão. Citações literárias não faltam, como uma à Madame Bovary (livro que entra em cena em uma certa hora).

É justamente nos momentos em que este sentimento fica totalmente explícito fisicamente que a direção de Flávio Ramos Tambellini se mostra segura e versátil, causando bons momentos cômicos, como a cena em que Luiz Mário imagina acertar um soco em Malu e num conhecido dela em uma festa. Algumas escolhas nos cortes também dão uma leveza ao longa, como, antes de conhecer sua paixão, o protagonista “conversa” com os seios de algumas garotas à beira da praia. Aliado a um elenco capitaneado pelo ótimo trabalho de Marcelo Serrado e Fernanda de Freitas, Malu de Bicicleta é uma delícia de se ver. Um frescor que faz falta no cinema nacional.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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