Crítica


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Sinopse

Justin sempre sonhou em ser cavaleiro. Depois de descobrir que descende de um sujeito condecorado com tamanha honraria, ele decide empreender uma jornada para realizar seus desejos.

Crítica

Indicado ao Goya e vencedor do prêmio do Círculo de Escritores de Cinema da Espanha, Justin e a Espada da Coragem (2013) é uma animação hispânica com produção de ninguém menos que Antonio Banderas. O ator conseguiu reunir vários nomes conhecidos para serem dubladores do filme, mas nem eles salvam a animação de ser apenas mais uma entre tantas outras produções do gênero que divertem, mas não acrescentam em nada após o fim da sessão. Talvez nem durante.

Justin (Freddie Highmore) é o jovem filho de um juiz e ambos vivem em um reino no qual as leis tomam conta e os cavaleiros estão proibidos de lutar. A questão é que o garoto quer ser como o avô, protetor do rei que morreu em uma batalha. Para conseguir realizar seu sonho ele foge de casa, conhece a irritada garçonete Talia (Saoirse Ronan) e três monges que se tornarão seus mentores: Blucher (James Cosmo), Legantir (Charles Dance) e Braulio (Barry Humphries). Com o treino ele deve combater o vilão Heraclio (Mark Strong), um cavaleiro que não aceita as leis e volta para ameaçar o reino.

Um dos graves problemas de Justin e a Espada da Coragem é o excesso de personagens. Ora, qualquer animação tem vários. Só Shrek (2001) e suas sequências tem, em seu rol, praticamente todas as fábulas ocidentais conhecidas. Mas há de se saber dar a devida importância, ou não, a cada um deles. Se lá Pinóquio, Lobo Mau, os três porquinhos e outros tantos são alívios cômicos de curta duração, aqui todos os personagens existentes parecem querer se destacar a todo momento.

Além dos já citados, há Sota (Rupert Everett), um cavaleiro afetado (sim, o filme demonstra do modo mais preconceituoso possível o fato do personagem ser homossexual) seguidor de Heraclio, um crocodilo voador que deveria ser um dragão, o falso cavaleiro Sir Clorex (o próprio Banderas, incorporando um dos personagens mais inúteis da trama), entre outros que chegam a confundir mais ainda se forem lembrados. Tivesse cortado metade deles seria melhor. Atrapalharia menos a história e aprofundaria mais o que precisava. Quem se salva (e arranca risadas em todo momento que aparece, roubando a cena), é o pretenso místico de dupla personalidade Melquiades (David Wlliams). Sua esquizofrenia e tentativas frustradas de fazer mágica ora ajudam, ora atrapalham os planos de Justin e sua parceira Talia.

Além disso, a discussão sobre direitos e leis em contrapartida à ação de cavaleiros ser proibida é superficial. Não se sabe se os roteiristas queriam dizer que um mundo sem leis é melhor, se a justiça deve ser feita com as próprias mãos ou se a idéia da guerra é mais aceitável do que viver em regime quase totalitário. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Parece que as idéias precisam chegar aos extremos para darem certo.

Por outro lado, há vários momentos divertidos, mesmo que alguns pareçam bobos. Há espaço para romance, triângulo amoroso (que se transforma em quadrilátero a uma certa altura), piadas, gags e afins que provocam, ao menos, algum sorriso nos lábios, como o idoso dono de um pão tão duro que quebra madeira e a cara de seguranças mal encarados. A animação em si é muito colorida, bem produzida tecnicamente, sem dever muito a produções hollywoodianas de Disney, Pixar, Dreamworks e afins.

A animação nem estreou nos EUA ainda, mas se depender da cotação no Rotten Tomatoes (8% até a data desta crítica) talvez vá direto para home vídeo ou afunde nas bilheterias. Há excesso de detalhes e personagens desnecessários, além de faltar alma ao projeto. No fim, as crianças podem até se divertir, querer brincar de cavaleiros e espadas, mas os adultos que forem à sessão, provavelmente, vão dar uma cochilada no meio do filme.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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