Crítica


4

Leitores


2 votos 9

Onde Assistir

Sinopse

Depois de ter vivido as agruras da escravidão, Cecil se tornou mordomo na Casa Branca e foi testemunha de inúmeros acontecimentos históricos importantes, durante oito mandatos presidenciais.

Crítica

Lee Daniels não é um homem de sutilezas. Escolado no melodrama que marcou o cinema clássico norte-americano, ele dedica sua filmografia às minorias, preconceitos e tragédias familiares que pontuam muitas vidas. O Mordomo da Casa Branca, seu mais novo trabalho, também evidencia certo egocentrismo por parte do cineasta, que após perder uma disputa judicial para utilizar o título The Butler (O Mordomo, em inglês) batizou a produção de Lee Daniels’ The Butler. No entanto, antes de pertencer a Daniels, o filme é dos atores Forest Whitaker e David Oyelowo, do roteirista Danny Strong e obviamente do homem que serviu de inspiração a Cecil Ganes, que teve uma vida extraordinária até mesmo para a ficção.

Supostamente baseado na trajetória de Eugene Allen como empregado da Casa Branca, o filme se vale dos vários anos de serviço do personagem para reconstruir períodos críticos da história dos Estados Unidos, da presidência de Harry Truman a Ronald Reagan, até o vislumbre do primeiro negro eleito para o cargo. No entanto, a biografia de Allen pouco tem a ver com o roteiro de O Mordomo da Casa Branca, que se desenrola na estrutura de Forrest Gump: O Contador de Histórias (1994) ao apresentar uma testemunha dos principais eventos que marcaram a concepção dos direitos civis modernos daquele país.

Multipremiado pela direção do excessivo Preciosa: Uma História de Esperança (2009), Daniels compõe suas narrativas a partir de uma teatralidade inverossímil, desgastada em tantos outros enredos. A sequência que introduz seu novo filme, tão menos sutil que alguns momentos semelhantes de Django Livre (2012), peca ao retratar com artificialidade um garoto que tem a mãe violentada e o pai assassinado em questão de minutos. Cooptado pela mãe do assassino e estuprador para trabalhar dentro da casa, o jovem aprende aquele que seria o ofício de sua vida – servir e ficar calado.

Escrito por Danny Strong, que se projetou como roteirista a partir da sátira a campanha de Sarah Palin no telefilme Virada no Jogo (2011), O Mordomo da Casa Branca possui o formato recorrente da biografia que se divide entre as vivências pessoais e profissionais de determinado personagem. A dramaticidade está no pessoal: Cecil tem uma esposa alcoólatra, um filho reacionário e outro que deseja seguir o militarismo em plena Guerra do Vietnã. Enquanto isso, a Casa Branca funciona como o alívio cômico do filme, com caricaturas das figuras presidenciais e outros mordomos que não fariam mal num show de comédia stand-up – interpretados por Cuba Gooding Jr. e o cantor Lenny Kravitz.

O resultado deste drama cômico ou desta comédia dramática é um filme que funciona como leve entretenimento e que resume em duas horas grande parte da história norte-americana no século XX – servindo bem àqueles que perderam as aulas sobre o assunto. Além do retorno às telas de Oprah Winfrey após quinze anos, O Mordomo da Casa Branca reitera o talento para protagonista de Forest Whitaker e desde já se candidata às cotas do Oscar destinadas aos dramas históricos edificantes – ocupadas nos últimos anos por Lincoln (2012), Cavalo de Guerra (2011) e O Discurso do Rei (2010).

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
avatar

Últimos artigos deConrado Heoli (Ver Tudo)

Grade crítica

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *