Um foi premiado no prestigiado Festival de Veneza. Outro é filho de um dos maiores astros de Hollywood – será que o talento é genético? Tem um atacando em todas as frentes: como diretor, produtor, roteirista e até cantando. E os outros dois são grandes revelações, um deles com pouco mais de vinte anos – e já uma indicação ao Oscar no currículo – e o último, já consagrado na televisão, em seu primeiro grande papel de destaque na tela grande. A disputa parece acirrada, mas será mesmo? Afinal, é preciso levar em conta a lógica interna dos membros da Hollywood Foreign Press Association, um grupo de jornalistas estrangeiros que adora privilegiar nomes populares e facilmente reconhecíveis. E entre estes, qual é o favorito? Confira as nossas apostas!

Indicados

 

FAVORITO
Bradley Cooper, por Nasce Uma Estrela
Dono de duas indicações prévias ao Globo de Ouro, Bradley Cooper recebeu mais duas neste ano – Ator e Direção – e poderia ter sido mais: tanto Roteiro como Canção Original poderiam tê-lo incluído. E como fazer Nasce uma Estrela pode ser considerado o maior desafio de sua carreira até então, e o filme foi uma aposta que deu muito certo – um sucesso de público e de crítica – é pouco provável que saia da festa do dia 06 de janeiro de mãos abanando. Afinal, ele é o grande responsável por tudo ter dado tão certo. Aliás, por mais que falem da performance de Lady Gaga – que foi, afinal, uma surpresa, e não mais que isso – é em Cooper que a carga dramática se deposita com maior força, em um personagem complexo, cheio de vícios, e, mesmo assim, defendido por ele com todas as forças até o fim. E se premiá-lo como diretor pode ser um tanto exagerado, aqui tal reconhecimento será mais do que apropriado.

 

AZARÃO
Rami Malek, por Bohemian Rhapsody
Quem diria que uma produção tão problemática – que teve atrasos, foi adiada por anos e teve até seu diretor demitido no meio das filmagens – poderia ter resultado em um êxito tão grande? Agora, após mais de US$ 669,9 milhões arrecadados nas bilheterias de todo o mundo e duas indicações ao Globo de Ouro, duas ao SAG e três ao Critics Choice, já é possível dizer que o resultado é mais do que positivo. E em todas essas lembranças, uma constância é certa: a presença de Rami Malek, que no papel do icônico Freddie Mercury passou por cima de todas essas polêmicas e se consagrou com uma das maiores revelações do ano. Até o momento ele foi premiado apenas pelos críticos de Los Angeles (online) e do North Texas, mas foi indicado a absolutamente todas as outras. Ou seja, talvez não seja o nome mais óbvio, mas está longe de deixar de ser um dos favoritos dessa temporada.

 

SEM CHANCES
Lucas Hedges, por Boy Erased: Uma Verdade Anulada
O longa dirigido por Joel Edgerton era uma das apostas mais comentadas deste ano quando em produção, mas após chegar às telas o clima foi, aos poucos, arrefecendo. E isso se deu porque prometia mais do que acabou entregando. Mesmo assim, as performances do trio de astros principais é, sem discussão, um dos maiores destaques do longa. E se os oscarizados Nicole Kidman e Russell Crowe – ambos também vencedores do Globo em ocasiões anteriores – acabaram esquecidos, somente a lembrança de Lucas Hedges entre os finalistas dessa que é uma das categorias mais disputadas da premiação já pode ser considerada uma grande vitória. Com apenas 22 anos, ele tem aqui sua primeira nominação – falhou, dois anos atrás, por Manchester à Beira-Mar (2016), filme que lhe levou ao Oscar, e a impressão agora é que a HFPA está emitindo um pedido de desculpas, do tipo “olha, foi mal o que fizemos, mas tá aí agora aquela indicação que ficamos devendo antes”. E que se dê por satisfeito.

 

ESQUECIDO
Ethan Hawke, por No Coração da Escuridão
É impressionante que, mesmo já tendo sido indicado ao Globo de Ouro anteriormente – como Melhor Ator Coadjuvante por Boyhood: Da Infância à Juventude (2014) – e sendo, literalmente, o protagonista masculino mais premiado dessa temporada, Ethan Hawke acabou ficando de fora do Globo de Ouro. Preconceito contra No Coração da Escuridão, título que acabou recebendo zero indicações nesta premiação? Até pode ser. Mas como ir contra o resultado das associações de críticos de Atlanta, Boston (online), Chicago, Detroit, Indiana, Kansas, Las Vegas, Los Angeles, Nova Iorque, Phoenix, San Diego, São Francisco, Seattle, Southeastern, St. Louis, Toronto, Utah e Vancouver, ter ganhado também o Gotham e estar indicado ao Satellite, ao Film Independent Spirit e ao Critics Choice. Como um padre atormentado pelo próprio passado, Hawke está no papel da sua maturidade artística. E somente por ter aceitado esse desafio ele não poderia ter sido ignorado.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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