Por Roberto Cunha*

Saint Laurent (idem, 2014)

Bom :)

Segunda produção de 2014 baseada na vida do famoso ícone da alta costura, Saint Laurent foi dirigido pelo francês Bertrand Bonello, um local de Nice , mais conhecido no Brasil por  L’Apollonide: Os Amores da Casa de Tolerância (2011). Com um Prêmio FIPRESCI (Imprensa Internacional) de Cannes nas mãos (O Pornógrafo, 2001), Bonello recebe agora sua terceira indicação à Palma de Ouro, mas foi recebido de maneira morna na primeira exibição do longa, na manhã de sábado, 17. E motivos existiram para isso.

Gaspard Ulliel e Jérémie Renier no Festival de Cannes 2014

O filme começa em 1974, mas rapidamente retorna sete anos no tempo para dar início à trama, que começa em 1967 e segue até 1976, quando Yves dá uma pirada geral e seu parceiro de longa data Pierre Bergé (Jérémie Renier) decide se separar. O longa, porém, oferece ainda para o espectador momentos da velhice, do isolamento até os boatos de que estava morto, o que aconteceu somente em 2008. Esse vai e volta, sem situar o público como acontece nos outros anos, se torna mais constante e confuso mais para perto do fim, o que se torna um ponto fraco. Escrito pelo próprio Bonello em parceria com  Thomas Bidegain, duas vezes ganhador do César (o Oscar da França) por O Profeta (2009) e Ferrugem e Osso (2012), Saint Laurent é longo (2h30m) e não raro, dá uma sensação de que o tempo não passa.

Cena de Saint Laurent (2014)

Sem ir muito fundo na personalidade, a trama revela um Yves (Gaspard Ulliel) extremamente exigente, determinado e pouco modesto a respeito do próprio talento, e tem até uma pitada de humor. Mas são as tristes consequências da paixão por Jacques de Bascher (Louis Garrel), que reserva ao espectador um belo beijo, que conduzem o filme por uma espiral de decadência, mais uma vez, sem se aprofundar. De curioso, uma interessante homenagem usando a tela dividida (com várias imagens simultâneas) no melhor estilo da antológica coleção Mondrian. Do elenco coeso até a captura de belas imagens e a boa reconstituição de época, em poucas palavras, o que pode ser dito é que sobra vontade, mas falta emoção.

Confira a seguir uma cena do filme:

https://www.youtube.com/watch?v=qvPZ8u7009M

*Enviado especial do Papo de Cinema no Festival de Cannes 2014

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é publicitário, crítico de cinema e editor-executivo da revista Preview. Membro da ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, filiada a FIPRESCI - Federação Internacional da Crítica Internacional) e da ABRACCINE - Associação Brasileira dos Críticos de Cinema. Enviado especial do Papo de Cinema ao Festival Internacional de Cinema de Cannes, em 2014.
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