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Crítica
Poucos imaginavam que aquele pequeno drama sobre um restaurante em Chicago, EUA, se tornaria uma das vozes mais estridentes da televisão contemporânea. Desde 2022, O Urso cresceu em impacto e em relevância, transformando seu elenco em referências pop. Jeremy Allen White é um dos mais premiados atores de sua geração, Ebon Moss-Bachrach agora está presente em blockbusters como Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, e Ayo Edebiri consolida seu nome como intérprete e realizadora de mão cheia. Mas toda fórmula tem seu prazo. E nesta nova leva de episódios, por mais que a entrega siga pulsante, algo começa a se perder nas engrenagens da cozinha.
A quarta temporada abre espaço para um Carmy (Allen White) aparentemente mais sereno – embora siga inacessível boa parte do tempo – em meio a equipe que já opera no modo família disfuncional. Richie (Moss-Bachrach) ganha contornos de profissional maduro e pai dedicado, enquanto Syd (Ayo Edebiri) e Marcus (Lionel Boyce) dividem os holofotes como chefs desejados e inquietos. Ebraheim (Edwin Lee Gibson), por sua vez, oferece o raro alívio empático num espaço onde tensão é o ingrediente predominante. Os coadjuvantes seguem enriquecendo o caldo emocional da série, ainda que, por vezes, pareçam presos a arcos que já conhecemos.
A sensação de repetição, aliás, se infiltra como fumaça nessa cozinha. O risco do fechamento do restaurante segue sendo o grande antagonista, como se a série precisasse, a todo momento, justificar a evolução de seus personagens com novos abismos – mas o problema é que esses abismos já foram escalados. Ao insistir nas mesmas crises financeiras e emocionais, o roteiro esbarra em limite criativo perigoso. Afinal, se a vida é feita de ciclos, não seria hora de encerrar alguns?
Ainda assim, a temporada oferece momentos de impacto, com Jamie Lee Curtis retornando com performance devastadora, mergulhada na colisão entre memória e legado, consolidando o episódio mais marcante da safra atual: Tonnato. Já Allen White atinge, em Adeus, novo estágio de maturação ao colocar em xeque aquilo que definia sua identidade: cozinhar ainda é sua vocação ou apenas escudo? A pergunta reverbera até os créditos finais e promete ecoar até 2026, quando a próxima temporada chegará. O maior desafio agora é evitar que a repetição engula o que foi conquistado com tanta precisão.
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