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Udo Kier faleceu no último domingo, 23, aos 81 anos. A informação foi confirmada pelo seu companheiro, o artista Delbert McBride. Detalhes sobre a causa da morte ainda não foram divulgados. O premiado ator alemão era figura frequente no cinema desde os anos 1960, atuando em filmes de cineastas como Lars von Trier, Gus Van Sant, Werner Herzog, Rainer Werner Fassbinder, Dario Argento e Alexander Payne. Nos últimos anos de vida, também estreou filmes brasileiros sob a batuta de Kleber Mendonça Filho. A seguir, relembre sua trajetória!

UDO KIER

INÍCIO 

Nascido em 14 de outubro de 1944, em Colônia, Udo Kierspe chegou ao mundo nos instantes finais da Segunda Guerra Mundial, em meio ao bombardeio que destruiu o hospital onde veio à luz, obrigando sua mãe e o recém-nascido a serem resgatados dos escombros. Criado sem a presença do pai, ele teve uma formação marcada pela religiosidade, atuando como coroinha e cantor litúrgico durante a juventude.

Aos 18 anos, mudou-se para Londres para aprender inglês e se integrou rapidamente ao círculo artístico da cidade. Pouco depois, iniciou sua trajetória no audiovisual: estreou no cinema com o curta Road to Saint Tropez (1966) e fez seu primeiro longa em Schamlos (1968).

Udo Kier
Udo Kier

FAMA

O reconhecimento de Udo Kier começou a se consolidar nos anos 1970, quando se tornou um rosto associado ao cinema de gênero europeu. Depois de papeis iniciais, ele alcançou projeção ao protagonizar Carne para Frankenstein (1973) e Sangue para Drácula (1974), filmes dirigidos por Paul Morrissey que o transformaram em um ícone do horror. Na sequência, ampliou sua presença no circuito internacional com A História de O (1975), adaptação da obra erótica que ganhou notoriedade mundial, e reforçou sua ligação com o terror ao participar de Suspiria (1977), de Dario Argento, um dos títulos mais influentes do gênero. 

ANOS SEGUINTES

Ao longo das décadas seguintes, Udo Kier consolidou a imagem de ator multifacetado, capaz de transitar entre o cinema autoral e produções de grande público. Em 1991, ganhou destaque no polêmico Garotos de Programa, de Gus Van Sant, e pouco depois ampliou sua visibilidade ao aparecer em sucessos de bilheteria como Ace Ventura: Um Detetive Diferente (1994) e As Aventuras de Pinóquio (1996). No mesmo ano, marcou presença em Ondas do Destino, de Lars von Trier, parceria que se repetiria em títulos como Dançando no Escuro (2000), Dogville (2003), Melancolia (2011) e Ninfomaníaca: Volume I (2013). 

Entre participações marcantes em Hollywood, esteve no blockbuster Armageddon (1998) e interpretou o vampiro Dragonetti em Blade: O Caçador de Vampiros (1998). O ator também brilhou em produções cultuadas como Sombra do Vampiro (2000) e no deboche histórico de Deu a Louca nos Nazis (2012), além de integrar o elenco do elogiado Pequena Grande Vida (2017), de Alexander Payne. 

Udo Kier
Udo Kier

CENA MUSICAL 

Além do cinema, Udo Kier também deixou sua marca no universo musical ao participar de videoclipes de grandes artistas. Em 1992, apareceu em “Erotica” e “Deeper and Deeper”, ambos do álbum Erotica, de Madonna, consolidando-se como figura icônica também na cultura pop. Nos anos seguintes, seguiu transitando por diferentes estilos ao surgir em “Make Me Bad”, do Korn, e em “Let Me Blow Ya Mind”, parceria de Eve com Gwen Stefani. 

PRÊMIOS 

Udo acumulou homenagens que reconheceram sua contribuição singular ao cinema internacional. Em 2015, recebeu no Festival de Berlim o Teddy Award Especial, dedicado ao conjunto de sua obra, e, em 2017, foi celebrado pelo Festival de Sitges – referência mundial em produções de horror – com o Troféu Máquina do Tempo. Antes disso, em 2014, o Festival de Munique já havia destacado sua trajetória com o prêmio CineMerit. 

Sua versatilidade também lhe rendeu, em 2022, uma indicação ao Independent Spirit Awards de Melhor Ator por Brilho para a Eternidade. No universo do terror, marcou presença constante no Fangoria Chainsaw Awards, onde figurou quatro vezes entre 1999 e 2021 graças a trabalhos como Blade: O Caçador de Vampiros e o brasileiro Bacurau. E, falando em cinema brasileiro…

CINEMA BRASILEIRO

No cinema brasileiro, Udo Kier firmou conexão especial com o diretor Kleber Mendonça Filho. Num festival nos Estados Unidos, o realizador lhe ofereceu papel em Bacurau. Ele aceitou após ler o roteiro e passou dias no sertão para filmar, uma experiência que descreveu, à IstoÉ, como “três semanas no paraíso”. No longa de 2019, Kier interpreta Michael, líder de um grupo de mercenários estrangeiros.

A parceria se repetiu em O Agente Secreto, filme de 2025 dirigido por Kleber, no qual Kier participa como personagem de destaque. Ao Collider, Mendonça Filho alegou sempre ter demonstrado admiração por Kier, vendo nele “não apenas um ícone do cinema de gênero, mas um ator capaz de trazer profundidade e estranheza”, qualidades que se encaixam perfeitamente em sua “visão autoral”. 

Udo Kier
Udo Kier

LEGADO 

Kier nunca teve filhos e manteve um perfil discreto fora das telas. Seu relacionamento mais duradouro e conhecido foi com McBride, que confirmou sua morte. Reservado, Kier costumava dizer que admirava a ideia de uma vida familiar tradicional, mas que seu caminho acabou moldado pela liberdade artística e pela mobilidade constante exigida pela profissão. 

Ele será lembrado como um dos rostos mais singulares do cinema mundial – um ator capaz de transitar entre o horror, o drama, o experimental e o pop com a mesma naturalidade. Sua presença hipnótica, sua entrega a personagens excêntricos e sua colaboração com alguns dos diretores mais influentes do mundo o consolidaram como um ícone cult, cuja obra continuará a marcar gerações de cinéfilos.

Ah! E fique ligado, há ainda ao menos sete projetos com Kier previstos para lançamento: Dark Winds, Theirs, The Dresden Codex, The Ark: An Iron Sky Story, OD, Mascots e A Distant Episode. 

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