O ator Francisco Cuoco, um dos maiores nomes da televisão brasileira, morreu nesta quinta-feira, 19, em São Paulo, aos 91 anos. A informação foi confirmada pelo Hospital Israelita Albert Einstein, onde ele estava internado. Conhecido por sua elegância e presença marcante na telinha, e com mais de seis décadas de carreira, o ator participou de dezenas de produções e, na última década, vinha se dedicando a participações especiais em projetos audiovisuais, mantendo vivo o vínculo com o público. Mas, com a morte de Cuoco, se despede também o galã à moda antiga?
FRANCISCO CUOCO: INÍCIO
Nascido em São Paulo, em 1933, queria estudar Direito, mas ao entrar em contato com a Escola de Arte Dramática de Alfredo Mesquita, decidiu ser um profissional de dramaturgia. Abandonou os estudos e se entregou à vocação artística. Começou no teatro com o consagrado Teatro Brasileiro de Comédia e logo passou a integrar a companhia Teatro dos Sete, contracenando com nomes como Ítalo Rossi, Fernanda Montenegro e Carminha Brandão. Seu primeiro papel de destaque foi como Werneck na montagem de O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues, em 1961, dirigido por Fernando Torres. Ainda nos anos 1960, seu carisma e sua voz grave começaram a chamar a atenção de produtores de TV.

FRANCISCO CUOCO: FAMA
Foi na televisão que Cuoco se transformou em ícone nacional. Começou a se destacar em novelas nos anos 1960, mas foi na década seguinte que consolidou seu lugar entre os maiores da dramaturgia brasileira. Viveu personagens centrais em marcos da teledramaturgia, como Redenção (1966-1968), novela de recorde histórico em duração; O Cafona (1971), em que dividiu cenas memoráveis com Marília Pêra; Selva de Pedra (1972), na qual formou par romântico com Regina Duarte; Pecado Capital (1975-1976), um dos primeiros grandes sucessos de Janete Clair; e O Astro (1977), novela que lançou o famoso bordão “Quem matou Salomão Hayalla?” e lhe rendeu enorme prestígio popular.
FRANCISCO CUOCO: CINEMA
Embora identificado com a TV, Cuoco também deixou sua marca nas telonas, ainda que menos frequentemente. Em entrevistas, comentava que recebeu poucos convites para o cinema, e que recusou alguns por incompatibilidade com sua agenda ou afinidade com os roteiros. Ainda assim, participou de projetos como Anuska, Manequim e Mulher (1968) e, décadas depois, em obras como Um Anjo Trapalhão (2000), Os Xeretas (2001), Didi: O Caçador de Tesouros (2006) e Real Beleza (2015). Merecem destaque ainda suas atuações em Traição (1998), Gêmeas (1999) e Cafundó (2005), antologia baseada na obra de Nelson Rodrigues, autor que marcou também sua trajetória teatral.
FRANCISCO CUOCO: O ÚLTIMO GALÃ À MODA ANTIGA?
Com a morte de Francisco Cuoco e de outros parceiros de sua época, como Tarcísio Meira e Cláudio Marzo, encerra-se também um ciclo da televisão brasileira: o do galã à moda antiga. De terno bem cortado, voz pausada, cabelos impecáveis e gestos calculadamente elegantes, ele representava um ideal masculino que moldou o imaginário das novelas durante décadas. Seus personagens eram geralmente homens decididos, apaixonados, às vezes misteriosos – sempre envoltos em um charme que vinha tanto da forma quanto da atitude.

Hoje, o conceito de galã nas novelas é outro. Deixou de ser sinônimo de elegância formal, postura impecável e gestos contidos – como os de Cuoco – para abraçar a vulnerabilidade, a imperfeição e até a irreverência. Os galãs contemporâneos são mais jovens, às vezes desajeitados, tatuados, mais próximos do cotidiano e menos idealizados. O charme já não está apenas na presença austera, mas na sensibilidade, na escuta, no humor. Hoje, inclusive, os galãs também podem ser LGBTQIAPN+, o que representa um avanço importante na representatividade das telas. Ver homens gays, bissexuais ou queer ocupando papéis de desejo e protagonismo é um sinal de que o conceito de masculinidade – e de amor – está finalmente se expandindo.
No entanto, Cuoco permanecerá como símbolo de uma era dourada da TV, em que o amor romântico era o fio condutor das tramas e o galã era, acima de tudo, uma promessa de segurança e desejo. Mais do que um ator de destaque, Francisco Cuoco foi uma referência estética e emocional para o público que cresceu com ele.
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