20250620 francisco cuoco papo de cinema 800

O ator Francisco Cuoco, um dos maiores nomes da televisão brasileira, morreu nesta quinta-feira, 19, em São Paulo, aos 91 anos. A informação foi confirmada pelo Hospital Israelita Albert Einstein, onde ele estava internado. Conhecido por sua elegância e presença marcante na telinha, e com mais de seis décadas de carreira, o ator participou de dezenas de produções e, na última década, vinha se dedicando a participações especiais em projetos audiovisuais, mantendo vivo o vínculo com o público. Mas, com a morte de Cuoco, se despede também o galã à moda antiga?

FRANCISCO CUOCO: INÍCIO

Nascido em São Paulo, em 1933, queria estudar Direito, mas ao entrar em contato com a Escola de Arte Dramática de Alfredo Mesquita, decidiu ser um profissional de dramaturgia. Abandonou os estudos e se entregou à vocação artística. Começou no teatro com o consagrado Teatro Brasileiro de Comédia e logo passou a integrar a companhia Teatro dos Sete, contracenando com nomes como Ítalo Rossi, Fernanda Montenegro e Carminha Brandão. Seu primeiro papel de destaque foi como Werneck na montagem de O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues, em 1961, dirigido por Fernando Torres. Ainda nos anos 1960, seu carisma e sua voz grave começaram a chamar a atenção de produtores de TV.

Francisco Cuoco
Francisco Cuoco

FRANCISCO CUOCO: FAMA

Foi na televisão que Cuoco se transformou em ícone nacional. Começou a se destacar em novelas nos anos 1960, mas foi na década seguinte que consolidou seu lugar entre os maiores da dramaturgia brasileira. Viveu personagens centrais em marcos da teledramaturgia, como Redenção (1966-1968), novela de recorde histórico em duração; O Cafona (1971), em que dividiu cenas memoráveis com Marília Pêra; Selva de Pedra (1972), na qual formou par romântico com Regina Duarte; Pecado Capital (1975-1976), um dos primeiros grandes sucessos de Janete Clair; e O Astro (1977), novela que lançou o famoso bordão “Quem matou Salomão Hayalla?” e lhe rendeu enorme prestígio popular.

FRANCISCO CUOCO: CINEMA

Embora identificado com a TV, Cuoco também deixou sua marca nas telonas, ainda que menos frequentemente. Em entrevistas, comentava que recebeu poucos convites para o cinema, e que recusou alguns por incompatibilidade com sua agenda ou afinidade com os roteiros. Ainda assim, participou de projetos como Anuska, Manequim e Mulher (1968) e, décadas depois, em obras como Um Anjo Trapalhão (2000), Os Xeretas (2001), Didi: O Caçador de Tesouros (2006) e Real Beleza (2015). Merecem destaque ainda suas atuações em Traição (1998), Gêmeas (1999) e Cafundó (2005), antologia baseada na obra de Nelson Rodrigues, autor que marcou também sua trajetória teatral.

FRANCISCO CUOCO: O ÚLTIMO GALÃ À MODA ANTIGA?

Com a morte de Francisco Cuoco e de outros parceiros de sua época, como Tarcísio Meira e Cláudio Marzo, encerra-se também um ciclo da televisão brasileira: o do galã à moda antiga. De terno bem cortado, voz pausada, cabelos impecáveis e gestos calculadamente elegantes, ele representava um ideal masculino que moldou o imaginário das novelas durante décadas. Seus personagens eram geralmente homens decididos, apaixonados, às vezes misteriosos – sempre envoltos em um charme que vinha tanto da forma quanto da atitude.

Francisco Cuoco
Francisco Cuoco

Hoje, o conceito de galã nas novelas é outro. Deixou de ser sinônimo de elegância formal, postura impecável e gestos contidos – como os de Cuoco – para abraçar a vulnerabilidade, a imperfeição e até a irreverência. Os galãs contemporâneos são mais jovens, às vezes desajeitados, tatuados, mais próximos do cotidiano e menos idealizados. O charme já não está apenas na presença austera, mas na sensibilidade, na escuta, no humor. Hoje, inclusive, os galãs também podem ser LGBTQIAPN+, o que representa um avanço importante na representatividade das telas. Ver homens gays, bissexuais ou queer ocupando papéis de desejo e protagonismo é um sinal de que o conceito de masculinidade – e de amor – está finalmente se expandindo.

No entanto, Cuoco permanecerá como símbolo de uma era dourada da TV, em que o amor romântico era o fio condutor das tramas e o galã era, acima de tudo, uma promessa de segurança e desejo. Mais do que um ator de destaque, Francisco Cuoco foi uma referência estética e emocional para o público que cresceu com ele.

20250422 banner do youtube canal de ingles moderno azul e vermelho 300 x 250 px 750 x 130

Fique ligado no Papo de Cinema para saber tudo, e mais um pouco, sobre o que acontece no mundo do cinema, da TV, dos festivais, das premiações e muito mais! Também recomendamos que siga nossos perfis oficiais nas redes sociais, a fim de ampliar ainda mais a sua conexão com o mundo do entretenimento. Links abaixo:

PAPO NAS REDES
Tik Tok | Instagram | Facebook
Letterboxd | Threads | BlueSkyCanal WhatsApp

A todo momento tem conteúdo novo chegando e você não pode ficar de fora. Então, nos siga e ative todas as notificações!

PAPO DE CINEMA NO YOUTUBE

E que tal dar uma conferida no nosso canal? Assim, você não perde nenhuma discussão sobre novos filmes, clássicos, séries e festivais!

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *