Diane Ladd, atriz três vezes indicada ao Oscar, morre aos 89 anos

Diane Ladd, atriz hollywoodiana indicada a três Oscars, faleceu nessa segunda-feira, 03, aos 89 anos, vítima de uma fibrose pulmonar idiopática. A notícia foi divulgada pela filha da artista, a também atriz Laura Dern, em comunicado à revista Hollywood Reporter. “Minha heroína e minha profunda dádiva de mãe morreu comigo a seu lado esta manhã em sua casa em Ojai, na Califórnia“, afirmou Laura. “Ela foi a maior filha, mãe, avó, atriz, artista, espírito empático que apenas sonhos poderiam ter criado. Fomos abençoados em tê-la. Ela voa com os anjos, agora”. Com mais de 140 créditos no currículo, Diane estreou no cinema nos anos 1960 e integrou o circuito autoral da chamada Nova Hollywood. Relembre a seguir!

DIANE LADD

INÍCIO

Rose Diane Ladd nasceu em Laurel, Mississippi, EUA, em 1935. Filha única da atriz Mary Lanier e do veterinário Preston Ladner, era prima do dramaturgo Tennessee Williams e do poeta Sidney Lanier. Tal círculo familiar fez com que a menina crescesse em um ambiente cultural. Começou no teatro ainda adolescente e, nos anos 1950, se mudou para Nova York. Após participar de alguns projetos televisivos, estreou no cinema com Quando a Vida é Cruel, de 1961, com então 25 anos de idade.

FAMA

A fama de Diane Ladd veio em 1974, quando ela participou de dois marcos da Nova Hollywood: Chinatown, de Roman Polanski, e Alice Não Mora Mais Aqui, de Martin Scorsese. No primeiro, viveu Ida Sessions, uma mulher misteriosa envolvida nos jogos de poder e corrupção que movem a trama noir, aparecendo pouco, mas com uma presença marcante que ajudou a construir o clima de intriga do filme.

Já no segundo, interpretou a espirituosa garçonete Flo, colega de trabalho da protagonista vivida por Ellen Burstyn – um papel cheio de carisma e realismo que lhe valeu a indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Reprisou o papel, aliás, na série de sucesso Alice (1976-1985). Ladd chamou atenção pela naturalidade com que transitava entre o humor e a dureza da vida cotidiana, representando o tipo de personagem feminino complexo e autêntico que simbolizava a liberdade criativa da Nova Hollywood.

DÉCADAS SEGUINTES

Após o sucesso nos anos 1970, Diane Ladd manteve uma carreira sólida e versátil nas décadas seguintes, transitando entre o drama e a comédia com igual naturalidade. Em Férias Frustradas (1983), ela interpretou Catherine Johnson, cunhada de Clark Griswold (Chevy Chase), participando de uma das famílias mais desastradas e queridas das comédias americanas. Sua veia cômica voltaria a brilhar em Férias Frustradas de Natal (1989), no mesmo papel.

Nos anos 1990, viveu uma de suas fases mais prestigiadas. Em Coração Selvagem (1990), deu vida à excêntrica e manipuladora Marietta Fortune, mãe da personagem de Laura Dern – sua filha também na vida real. A performance intensa e perturbadora, marcada por gestos exagerados e uma energia quase hipnótica, lhe rendeu sua segunda indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. No ano seguinte, foi novamente indicada à categoria por As Noites de Rose (1991), interpretando a obstinada mãe da protagonista, Rose, em uma história sobre amadurecimento, desejo e descobertas pessoais.

Nos anos 2000 e 2010, seguiu ativa e presente em produções que valorizavam sua experiência e presença de cena, como Tudo em Família (2001) e Desafiando os Limites (2005). Em Joy: O Nome do Sucesso (2015), interpretou Mimi, a avó que serve como voz de sabedoria e inspiração na trajetória da inventora Joy Mangano (Jennifer Lawrence).

Seu último trabalho, Isle of Hope (2022), coroou uma carreira de mais de seis décadas. No filme, ela interpretou Carmen, uma mulher idosa que busca reconciliação com a filha após anos de distanciamento – um papel de tom introspectivo e afetivo que serviu como despedida simbólica.

DIANE, ELIZABETH, BRUCE E LAURA

Ladd foi casada com o ator Bruce Dern, seu colega de elenco em diversas produções, entre 1960 e 1969. O casal teve duas filhas: Diane Elizabeth, que faleceu tragicamente aos 18 meses após um acidente de afogamento, e Laura Dern, que seguiria os passos dos pais e se tornaria uma das atrizes mais respeitadas de sua geração.

Mãe e filha desenvolveram uma relação pessoal e artística profundamente conectada, atuando juntas em produções marcantes como os já citados Coração Selvagem (1990) e As Noites de Rose (1991), e também Ruth em Questão (1996) e Império dos Sonhos (2006), além da série da HBO Enlightened (2011). Laura também fez pequenas participações não creditadas, ainda criança, em Sob o Signo da Vingança (1973) e Alice Não Mora Mais Aqui (1974), reforçando um vínculo familiar que se estendeu por toda a vida e por diferentes fases do cinema americano.

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