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Na manhã desta sexta-feira, 22, o Papo de Cinema conversou com a equipe de Cinco Tipos de Medo, longa de Bruno Bini que integra a mostra competitiva do Festival de Gramado 2025. A conversa aconteceu após a première do projeto na noite dessa quinta-feira, 21. Na ocasião, a obra foi aplaudida de pé no Palácio dos Festivais. Aliás, a mais celebrada pelo público até então.

Primeira produção do Mato Grosso a integrar a competição principal de Gramado, Cinco Tipos de Medo foi rodado em Cuiabá, Várzea Grande e Santo Antônio do Leverger. O projeto mobilizou mais de 180 profissionais de nove estados e é fruto da parceria entre a mato-grossense Plano B Filmes e a gaúcha Druzina Content, em coprodução com a Quanta e distribuição da Downtown Filmes.

CINCO TIPOS DE MEDO

TRAMA

Inspirado em um episódio real ocorrido no bairro Jardim Novo Colorado, em Cuiabá, o filme apresenta a trajetória de Marlene (Bella Campos), enfermeira que tem a vida controlada por Sapinho (Xamã), traficante local e ex-companheiro. A estabilidade aparente começa a ruir quando ela reencontra Murilo (João Vitor Silva), antigo paciente, e se envolve com ele.

Cinco Tipos de Medo
Cinco Tipos de Medo

BRUNO BINI :: “HISTÓRIA SOBRE FALÊNCIA DO PODER PÚBLICO”

O diretor e roteirista Bruno Bini explicou que a origem do projeto está ligada a uma reportagem: “vi uma matéria sobre uma comunidade em Cuiabá que se uniu para contratar advogado e pagar a fiança de um traficante, porque ele era visto como responsável pela segurança local. Isso falava muito sobre a ausência do Estado e como a população precisava se apoiar em um criminoso para sobreviver. Essa história me marcou e deu origem ao curta Três Tipos de Medo, que abriu caminho para o longa”, lembrou.

Segundo ele, a versão estendida possibilitou ampliar o escopo da narrativa: “no longa conseguimos expandir esse universo, criar personagens que parecem desconectados, mas que, aos poucos, se entrelaçam. Foi um grande desafio construir cada uma dessas narrativas de forma potente e depois entrelaçá-las. Mas é um formato que me atrai, porque envolve o espectador na construção da compreensão da história”.

BÁRBARA COLEN E RUI RICARDO DIAZ :: “O SET REFLETIA A PAIXÃO E A GENTILEZA DO BRUNO

Para Bárbara Colen, a adesão ao projeto foi imediata: “nem sempre acontece, mas aqui houve uma química coletiva desde o começo. O roteiro era muito forte, eu li ainda no puerpério e sabia que precisava fazer. Além disso, havia um clima de equipe muito verdadeiro, que não se explica facilmente”.

Rui Ricardo Diaz destacou o papel do diretor na condução dos trabalhos: “o set sempre reflete o tom do diretor. E o Bruno é apaixonado por essa história, um cara gentil e comprometido. Isso contagiou todo mundo. Era impossível não acreditar no filme. Parecia que ele estava genuinamente feliz por termos aceitado estar ali”.

Equipe de Cinco Tipos de Medo no tapete vermelho de Gramado
Equipe de Cinco Tipos de Medo no tapete vermelho de Gramado

XAMÃ :: “NOS PREPARAMOS A VIDA INTEIRA PARA ESSE MOMENTO”

Interpretando Sapinho, o traficante que domina a região, o rapper Xamã fez em Cinco Tipos de Medo sua estreia no audiovisual antes mesmo de projetos na televisão: “sempre fui apaixonado por cinema, por diretores como Scorsese, Tarantino e Kubrick. Quando surgiu essa oportunidade, em 2023, com um roteiro cheio de camadas, senti que era o momento. Eu e minha equipe sempre comentávamos que parecia que estávamos nos preparando a vida inteira para isso. Então, quando o filme finalmente foi exibido e a plateia reagiu com tantos aplausos, fiquei emocionado de verdade. Foi a confirmação de que essa entrega tinha valido a pena”.

BELLA CAMPOS :: “MARLENE PODERIA TER SIDO EU”

Natural de Cuiabá, Bella Campos ressaltou a identificação pessoal com a personagem principal: “muitas vezes me perguntaram qual foi o maior desafio de viver a Marlene, mas, na verdade, foi muito fácil. Era o meu lugar de fala: uma menina cuiabana, criada pela avó, enfrentando adversidades que eu conheço muito bem. A Marlene facilmente poderia ter sido a minha própria história. Graças ao audiovisual, eu tive outras oportunidades e segui por outro caminho. Mas acho bonito que agora as ‘Marlenes’ de Cuiabá possam se ver na tela. O filme não romantiza as dificuldades, mostra as dores e o peso da luta, mas também a força dessa busca por liberdade. E, mesmo diante do medo, ela segue. Essa é a essência da Marlene”.

UM MARCO PARA O CINEMA MATO-GROSSENSE

Com aplaudida exibição em Gramado, Cinco Tipos de Medo se consolida como marco histórico: é o primeiro longa do Mato Grosso a disputar o Kikito na mostra competitiva. A produção, que já nasceu de um episódio emblemático da realidade cuiabana, agora ecoa nacionalmente ao levar às telas um retrato contundente das tensões sociais e das resistências que emergem em comunidades brasileiras.

Equipe de Cinco Tipos de Medo no palco de Gramado
Equipe de Cinco Tipos de Medo no palco de Gramado

O Papo de Cinema segue acompanhando o Festival de Gramado 2025, trazendo entrevistas exclusivas, críticas e reportagens, com cobertura completa dos bastidores e encontros com os artistas.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]

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