Crítica


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Sinopse

Depois de 10 anos sem trabalhar no ramo da investigação, Veronica Mars reencontra seu ex-namorado Logan Echolls e decide aceitar um novo caso. O rapaz precisa da ajuda dela para provar que não está envolvido no assassinato de sua mais recente namorada.

Crítica

Veronica Mars é considerada por muitos fãs como uma daquelas séries de TV injustiçadas por terem sido canceladas prematuramente. No caso dela, teve apenas três temporadas, entre 2003 e 2007. Mas, no ano passado, através do site de crowdfunding Kickstarter, o público teve a chance única de ajudar a financiar o projeto de um filme que daria continuidade a história vista na televisão. E o resultado pode não ser excelente, mas ao menos mostra ser uma produção satisfatória. Escrito pelo criador da série, Rob Thomas (que também assina a direção), em parceria com Diane Ruggiero, Veronica Mars traz a personagem-título (Kristen Bell) morando em Nova York com o namorado Piz (Chris Lowell) e tentando um emprego de advogada em uma grande firma, algo diferente de seu passado como detetive particular. Mas seu ex-namorado, Logan Echolls (Jason Dohring), se torna o principal suspeito de ter assassinado a estrela Bonnie DeVille (Andrea Estella), antes conhecida como a colega deles Carrie Bishop. Isso motiva Veronica a voltar à cidade de Neptune nove anos após sua partida para ajudar a descobrir quem está por trás do crime.

É difícil um filme que busca continuar a história de uma série de TV conseguir funcionar totalmente independente de seu material original. Não é à toa que Rob Thomas inclui logo de cara uma pequena sequência introdutória que tenta explicar (ainda que superficialmente) quem é a protagonista, o quê a levou a ser uma investigadora e qual sua relação com outros personagens. E mesmo que isso eventualmente ajude ao longo do filme, é difícil não se sentir um pouco perdido em determinados momentos, principalmente nos minutos iniciais. Mas, depois que os principais elementos da história são apresentados e Veronica inicia suas investigações, a ação engrena e fica interessante, mesmo com o fato da protagonista ser obrigada a retomar suas atividades do passado e reencontrar velhos conhecidos não seja algo muito original. O roteiro faz a trama desenrolar com naturalidade, e como ocorre em boa parte das produções de thrillers policiais, qualquer pista pode ajudar na resolução do caso, por mais boba que seja (aqui até um vídeo cômico de um ator famoso acaba sendo útil). Além disso, Rob Thomas é hábil ao trazer um ritmo envolvente ao filme, sendo ajudado nesse quesito pela montagem de Daniel Gabbe, enquanto o tom de mistério é bem ressaltado pela bela fotografia de Ben Kutchins.

De qualquer forma, é mesmo com a ótima personagem-título que o filme chama a atenção. Nas mãos da bela e carismática Kristen Bell, Veronica Mars demonstra ser uma garota inteligente, de grande determinação e personalidade forte, sendo uma protagonista perfeita para esse tipo de história. Já o resto do elenco se revela eficiente em seus respectivos papeis, tendo personagens com os quais conseguimos simpatizar, se destacando Jason Dohring e Enrico Colantoni, este como o pai da protagonista. Para completar, algumas participações especiais que surgem ao longo da trama ajudam a torna-la um pouco mais interessante. No entanto, vale dizer que o filme tem problemas com as subtramas envolvendo Veronica, como a de seu emprego em Nova York e o relacionamento com Piz, que são desenvolvidas de um jeito previsível. O roteiro também falha ao incluir, a partir de determinado momento, outro caso envolvendo um amigo da protagonista, o que em nada contribui com o enredo principal e fica mal resolvido no final. Como se não bastasse, vemos a investigação de Veronica culminar em um momento no qual o culpado conta tudo o que fez, algo que ocorre de maneira muito expositiva e clichê.

Apesar de certamente funcionar melhor com quem viu a série original, Veronica Mars é um filme bom o bastante para que iniciantes nesse universo queiram conferir outras aventuras de sua ótima protagonista. E nesse caso, as três temporadas da série não poderiam ser mais apropriadas.

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é crítico de cinema, formado em Produção Audiovisual na ULBRA, membro da SBBC (Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos) e editor do blog Brazilian Movie Guy (www.brazilianmovieguy.blogspot.com.br). Cinema, livros, quadrinhos e séries tomam boa parte da sua rotina.
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