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Sinopse
Um Maluco no Golfe 2: O jogo não acabou para Happy Gilmore. Depois de conquistar o coração dos fãs com seu temperamento explosivo e talento improvável em 1996, o golfista esquentadinho retorna aos campos não por glória própria, mas para ajudar a realizar o grande sonho de sua filha - e descobrir que, às vezes, os maiores desafios não estão no placar, mas dentro de casa. Comédia/Esporte.
Crítica
Após conquistar notoriedade no stand-up e no Saturday Night Live com humor facilmente reconhecível – aquele do grosseirão norte-americano médio, que ri de tudo, mas especialmente de escatologias – Adam Sandler consolidou-se como ícone da comédia em Hollywood com dois trabalhos centrais: Billy Madison: Um Herdeiro Bobalhão (1995) e Um Maluco no Golfe (1996). Nenhum dos dois chegou a ser um estouro de bilheteria, mas também não causou prejuízos, encontrando vida longa nas reprises televisivas. Estava selado o nascimento de uma estrela que, anos mais tarde, homenagearia ambos no nome de sua produtora, a Happy Madison. Três décadas depois, a sequência de um desses títulos finalmente ganhou corpo: Um Maluco no Golfe 2. Sandler, que pode oscilar entre indicações a prêmios de renome e comédias sem graça alguma, opta aqui por revisitar o passado sem pretensão artística elevada. Apenas a velha besteira descompromissada, que, curiosamente, resulta em algo eficiente.
Antes de qualquer análise mais profunda, é preciso destacar que esta empreitada ostenta um dos pontos de partida mais absurdos já vistos. O raivoso jogador de hóquei transformado em golfista, Happy Gilmore, acidentalmente mata sua esposa, Virginia (Julie Bowen), e abandona o esporte. O curioso é que Bowen aparece em diversas cenas, reforçando o tom de piada autorreferente, como se dissesse ao público: “é, eu aceitei voltar mesmo assim”. Sendo assim, o roteiro, assinado por Sandler e Tim Herlihy, já deixa claro desde cedo que não haverá espaço para sentimentalismos à la O Paizão (2000). O jogo será outro: manter o espírito de deboche do início ao fim, para quem está disposto a embarcar nessa maré.
Superada a estranheza inicial, o enredo mostra seu trunfo principal: a fidelidade ao estilo que fez sucesso nos anos 1990. As piadas se repetem, como se cada cena fosse espelho cômico do passado. O vício em álcool do protagonista rende cenas previsíveis, mas insistentes, com ele guardando bebida em qualquer objeto, de controles remotos a tacos de beisebol, de celulares a bolinhas de golfe. A persistência é tamanha que o espectador se vê rindo não da novidade, mas do acúmulo de absurdos que surgem como golpes de sorte, no ritmo frenético que sempre caracterizou o personagem.
Sandler, dessa vez, não abre mão de suas próprias regras. As piadas variam entre alfinetadas políticas, conflitos geracionais e provocações aos modelos familiares, sem a necessidade de redenção no desfecho. Se Gilmore era um imbecil em 1996, permanece igualmente limitado agora. Para sustentar esse perfil, Kyle Newacheck – indicado ao Emmy por O Que Fazemos nas Sombras – recorre a um elenco de coadjuvantes que carregam o peso das gags necessárias: Bad Bunny, Haley Joel Osment, Eric André e até Margaret Qualley. Todos aparecem como peças desse tabuleiro de xadrez do caos.
No balanço final, a narrativa é quase irrelevante, já que a maior parte dos conflitos se resolve com a mesma rapidez com que são dispostos. O objetivo, desde o princípio, é provocar o riso, mesmo que ele surja acompanhado da sensação de vergonha alheia. Aliás, muito se pergunta por que não se produzem mais comédias como as de Leslie Nielsen ou do próprio Sandler dos anos 1990. Entre as respostas mais recorrentes estão a saturação do gênero e o receio diante do politicamente incorreto. Um Maluco no Golfe 2 surge justamente para contrariar essa lógica, apostando no risco como antídoto para a repetição, fechando ciclo que começou há trinta anos, sem nunca ter prometido ser mais do que aquilo que sempre foi.
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