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Sinopse

Os robôs Decepticon são forçados a retornar à Terra com a missão de tornar o jovem Sam Witwicky prisioneiro, uma vez que ele descobriu toda a verdade sobre as origens dos Transformers. Para se juntar à missão e proteger a raça humana está Optimus Prime, que forma uma aliança com exércitos internacionais.

Crítica

Nem sempre o ditado tem razão, e às vezes um é bom, mas dois já é demais! E não há exemplo melhor para isso do que Transformers: A Vingança dos Derrotados, uma bobagem sem pé nem cabeça que desperdiça todas as boas ideias do longa original numa repetição nula e sem sentido. Se Transformers (2007) já era meio complicado de se comprar – afinal, é um longa baseado numa linha de brinquedos que fala de robôs extraterrestres que se transformam em automóveis, aviões, caminhões e outros similares e que escolhem a Terra como campo de batalha entre duas raças diferentes – uma continuação sem um propósito muito forte é ainda mais absurda. E é exatamente com isso que nos deparamos dois anos depois. Um filme que não tem por que existir, além de causar algum barulho nas bilheterias. Depois disso, nada é mais certo do que o esquecimento. Ou o pior: uma outra sequência, completando uma mal-fadada trilogia.

Os mesmos personagens estão de volta – afinal, se tudo se repete, por que não também os atores? Shia LaBeouf está, agora, saindo de casa e indo para a faculdade. Ao arrumar as malas ele encontra um pedaço do tal Cubo que gerou toda a confusão no longa anterior – um objeto galáctico que contém informações muito além da compreensão humana. Ao tocar naquele resquício ele absorve os dados ali armazenados, e por isso passa a ser caçado pelos Decepticons (os vilões da trama), que desejam não só ressuscitar o antigo líder, Megatron, como ainda acordar um ser muito poderoso há muito adormecido, Fallen, que teria chegado ao nosso planeta milênios atrás, no tempo da construção das pirâmides, no Egito. Claro que, para impedir este plano maligno, os antigos robôs do bem não faltarão, como Optimus Prime e Bumblebee, entre outros que enfrentarão maiores ou menores perigos, mas sempre valentes e ousados. Ou ao menos isso é o que nos querem fazer acreditar.

A saga Transformers só poderia ser comandada por um cineasta como Michael Bay, um realizador especializado em produção acéfalas e carregadas na adrenalina, mas que em seu âmago são tão vazias quando inúteis. E o que poderia ser um melhor ápice dentro dessa linha do que desenvolver toda uma linha narrativa baseada não mais do que numa série de brinquedos infantis? Não é num programa de televisão, num desenho animado ou numa história em quadrinhos – a fonte é algo inanimado, cujo único propósito é ser vendido. Impossível ser mais comercial! E o espetáculo se completa pelo roteiro implausível e até mesmo incompreensível da dupla Roberto Orci e Alex Kurtzman, que até acertam de vez em quando (Star Trek, 2009), mas geralmente só respondem por bobagens (A Ilha, 2005). E, claro, pela produção executiva de Steven Spielberg, que garante os efeitos especiais milionários, que dominam a tela com tanta profusão que acabamos anestesiados. Assim, o que deveria provocar um efeito impactante na plateia acaba passando despercebido, devido o exagero, gerando um resultado inverso. Digno de bocejos.

Transformers: A Vingança dos Derrotados entrou em cartaz no mundo todo numa terça-feira, contrariando a tradição que diz ser preciso esperar até o final de semana para garantir bons retornos nas bilheterias. E a aposta foi feliz: só neste primeiro dia o valor arrecadado mundialmente foi superior a US$ 40 milhões, um verdadeiro recorde. Sinal de que não importa o tamanho do estrago, se ele provocar barulho suficiente garantirá a atenção necessária. E com os cofres cheios e os astros sorridentes, quem se importa com a falta de uma trama original? Talvez milhares de espectadores, que após mais este desperdício de tempo e dinheiro cheguem a conclusão de que cinema pode ser mais do que mero entretenimento, e que mesmo neste caso não faz mal algum prestar um pouco de respeito à inteligência alheia. Ou, ao menos, não nos custa nada sonhar.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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