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Sinopse

Criado por nativos norte-americanos, um bandido descobre que possui cinco irmãos. Com essa nova informação, vem também a possibilidade de saber quem é seu pai.

Crítica

O investimento que a Netflix tem feito em conteúdo original tem rendido frutos riquíssimos, e não à toa o serviço de streaming vem ganhando uma popularidade cada vez maior. Enquanto produções como House of Cards (2013-) e Orange is the New Black (2013-) estão entre as melhores séries da atualidade, o recente Beasts of No Nation (2015) representou um excelente primeiro passo da empresa na realização de filmes. Mas é lamentável que já no segundo longa a Netflix dê um tiro no pé. Marcando o início da parceria com Adam Sandler, The Ridiculous 6 é uma comédia típica de seu grande astro. E a menos que você seja fã do ator, isso dificilmente representa algo suportável.

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Com roteiro do próprio Sandler ao lado de Tim Herlihy, The Ridiculous 6 nos apresenta a Tommy (Sandler, em uma atuação monótona e sonolenta), sujeito que foi criado por índios depois da morte da mãe, ficando conhecido como “Faca Branca”. Quando seu pai, o ladrão Frank Stockburn (Nick Nolte), é sequestrado por uma gangue logo depois de encontrá-lo, Tommy parte em uma missão para conseguir o dinheiro que o salvará. O que não esperava era cruzar no caminho com outros cinco homens que, coincidentemente, também são filhos de Stockburn: o fazendeiro mexicano Ramon (Rob Schneider), o jovem retardado Lil’ Pete (Taylor Lautner), o corpulento de fala incompreensível Herm (Jorge Garcia), o ex-segurança Danny (Luke Wilson) e o pianista Chico (Terry Crews). E todos passam a se ajudar para salvar o pai.

Talvez Sandler e companhia quisessem fazer uma comédia de faroeste que fosse lembrada como algo do mesmo nível de Banzé no Oeste (1974), mas o que alcançam aqui fica no polo oposto ao da obra memorável de Mel Brooks. Apostando numa história fraca e cuja premissa é explicada sempre que Tommy encontra um de seus irmãos, o filme é um daqueles trabalhos que subestima constantemente a inteligência do público e ainda monta uma narrativa que não poderia ser mais enrolada, de maneira que as duas horas de duração (repito: duas horas!) parecem intermináveis. O roteiro basicamente cria uma série de cenas desconexas e sem a menor graça, que servem como obstáculos não só para os personagens chegarem a seu objetivo, mas também para o público atingir o final do longa, já que várias delas apenas acrescentam minutos desnecessários à trama. Exemplo disso é a sequência do jogo de beisebol, que parece ter sido desenvolvida apenas para que John Turturro tivesse o que fazer.

Assim, The Ridiculous 6 acaba sendo uma grande tentativa de tirar leite de pedra, tarefa difícil quando não há nenhum sinal de talento. O diretor Frank Coraci (em seu quinto filme estrelado por Sandler) comanda uma narrativa aborrecida, que não foge da obviedade e constrange com piadas abestadas e estereótipos batidos (o que dizer dos nomes dos índios, que vão de “Sem Sutiã” a “Bafo de Castor”?). Além disso, nem mesmo a dinâmica do elenco se mostra cativante a ponto de sustentar a história, algo incrível considerando que Sandler chamou quase todos seus amigos para virem brincar (a única ausência talvez tenha sido Kevin James, que não fez falta alguma de qualquer forma).

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Não há como saber o que o pessoal da Netflix tinha na cabeça ao fazer um acordo com Adam Sandler, já que o histórico dele não é muito animador em termos de força criativa. O que se sabe é que The Ridiculous 6 é o primeiro de quatro filmes desta parceria, e resta torcer para que as próximas produções tenham um pouco mais de piedade dos espectadores.

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é crítico de cinema, formado em Produção Audiovisual na ULBRA, membro da SBBC (Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos) e editor do blog Brazilian Movie Guy (www.brazilianmovieguy.blogspot.com.br). Cinema, livros, quadrinhos e séries tomam boa parte da sua rotina.
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