Crítica


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Sinopse

Um filme sobre os principais surfistas brasileiros de uma geração considerada de ouro.

Crítica

O cinema brasileiro, em 2009, está em ebulição. Depois do impressionante sucesso de bilheteria da comédia Se Eu Fosse Você 2 (2009) e da decepção que foi o remake de O Menino da Porteira (2009), outro longa de forte impacto – porém dirigido a um público muito mais específico – chega agora para tentar a sorte: Surf Adventures 2: A Busca Continua, sequência do documentário lançado em 2002. Entre as duas produções não há muitas diferenças, porém já é de se parabenizar o fato deste novo filme manter o mesmo espírito do original, sem aspirações puramente comerciais: o foco, aqui, e falar de e para surfistas, sempre atrás das melhores ondas de todo o mundo.

O Brasil, com suas proporções continentais, possui um vasto litoral, o que favorece bastante o surgimento de amantes do esporte. Mas nossas praias não são tão destacadas internacionalmente – com algumas raras exceções em Florianópolis, Rio de Janeiro e Nordeste. O jeito, então, foi acompanhar alguns dos maiores nomes do surf brasileiro em suas andanças pelo mundo. A viagem começa pelo inóspito Peru, vai pro Chile e México, pra terminar no outro lado do globo, na Austrália e no Taiti. Durante este passeio, uma curiosidade excêntrica que só pode ser encontrada aqui: surfar no meio da pororoca do Rio Araguari, no Amapá! Pela primeira vez é registrado no cinema uma aventura como esta.

Se os aficionados por surf já estão alucinados com o que foi descrito até agora, é certo também que todos os demais, leigos do assunto, devem estar bocejando. Pois Surf Adventures 2 é justamente isso: um grande videoclipe repleto de imagens fantásticas, mas que pouco diz em termos de conteúdo. Não há um roteiro propriamente dito, nem uma linha narrativa a ser seguida. O foco é mais zen, sensorial, numa tentativa de repetir no espectador as mesmas emoções e sentimentos vividos pelos protagonistas de cenas tão alucinantes. Só que, sentado dentro de uma sala escura e longa da água do mar e do sol de um belo dia de verão, esse esforço fica um pouco esvaziado.

Dirigido por Roberto Moura, ele próprio um surfista inveterado, Surf Adventures 2 tem a missão de repetir o bom desempenho do primeiro filme, que é hoje um dos cinco documentários nacionais de maior arrecadação de todos os tempos, com mais de 200 mil espectadores. Mas o longa anterior era mais redondo, de fácil acesso e compreensão. O novo filme, como o próprio diretor afirmou, é mais indicado a iniciados, pessoas que vivem e respiram este universo. Não que seja uma completa desilusão, porém lembra demais uma piada que só alguns entendem o porquê do riso. E sem graça fica difícil justificar tanta paixão.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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