
Sinopse
Em Smurfs, Smurfette tenta ajudar o amigo Sem Nome a descobrir no que ele é bom. Os dois se metem em uma confusão, e Papai Smurf acaba sendo sequestrado por Razamel, o bruxo irmão de Gargamel. Agora, os Smurfs que sobraram precisam partir em uma missão de resgate, passando pelo mundo real e até mesmo por outras dimensões. Com a ajuda de novos amigos, o grupo terá que descobrir o que define seu destino para salvar o universo. Aventura/Animação.
Crítica
Por mais que tenham surgido pela primeira vez em 1958 – ou seja, há quase sete décadas – os Smurfs só foram estrear de fato nos cinemas há pouco mais de dez anos, em um filme apropriadamente batizado de… Os Smurfs (2011). O resultado foi incrível – ao menos em termos financeiros, tendo faturado mais de meio bilhão nas bilheterias internacionais, o que representava cinco vezes o valor do investimento! Bom, ninguém se surpreendeu quando Os Smurfs 2 (2013) chegou às telas meros dois anos depois, mas gerou espanto, sim, a demora para a estreia de Os Smurfs e a Vila Perdida (2017), e sem a interação entre live action e personagens animados, apostando num formato mais tradicional de desenho animado. Mesmo assim, os três filmes arrecadaram mais de US$ 1 bilhão ao redor do mundo, e gerou indagações a interrupção da franquia. Pois bem, após uma troca de cadeiras – sai a Sony, entra a Paramount – a saga cinematográfica baseada nos personagens criados por Peyo ganha agora um quarto episódio com Smurfs, que é menos uma continuação e mais uma aventura isolada dos azuizinhos. Nem reboot, muito menos uma sequência. Algo que certamente não deverá fazer diferença para o público infantil, e menos ainda para os adultos que se arriscarem pela sala escura.
No longa dirigido por Chris Miller – oriundo da saga Shrek, tendo capitaneado os medianos Shrek Terceiro (2007) e Gato de Botas (2011) – esse Smurfs é colorido e movimentado na medida certa para garantir a atenção dos pequenos na plateia, ao mesmo tempo em que não menospreza a perspicácia de quem se dedicar a acompanhar os desdobramentos da trama proposta. Já no prólogo o espectador é colocado a par de um caso milenar envolvendo quatro livros mágicos, a posse deles por bruxos malévolos, a fuga de um dos volumes e o consequente esconderijo que esse encontrou entre… os Smurfs, é claro. Mais de um século depois, o feiticeiro Razamel finalmente localizou seu paradeiro – passando a perna até no próprio irmão, o atrapalhado Gargamel – e na tentativa de colocar as mãos sobre a preciosidade, acaba raptando o Papai Smurf. Eis que tem início uma missão de resgate, que reunirá alguns dos Smurfs remanescentes, um irmão do Papai Smurf que a maioria sequer sabia de sua existência até então – Ken, que mora em Paris – uns bichinhos fofinhos e glutões que se escondem no meio do deserto australiano e até o retorno de familiares há muito dados como perdidos.
Como se percebe por essa rápida descrição, a lógica é a mesma dos videogames. Há algo a ser alcançado (salvar o Papai Smurf, num primeiro momento, e impedir a reunião dos quatro livros, como objetivo maior), surpresas pelo caminho (a gangue de Smurfs franceses, os pequenos selvagens peludos da Austrália), desafios a serem superados (Razamel e seu capanga, um nerd chamado… Joel), reviravoltas (Razamel e Gargamel vão acabar brigando e um irá trair o outro) e uma ajuda inesperada que virá apenas na última hora. Bem como manda a cartilha do gênero. Mas além de toda essa movimentação que se dá na superfície, há uma subtrama mais interessante e que também merece atenção. Tudo isso começa porque um dos Smurfs ainda não entendeu qual o seu lugar no mundo ao qual estão inseridos. Como se sabe, cada um deles – com as notáveis exceções do Papai Smurf e da Smurfette – tem como nome sua função dentro dessa azeitada comunidade, mais ou menos seguindo a lógica dos sete anões da Branca de Neve. E quando aparece um que atende por “Sem Nome”, o seu sentido de vida é colocado em cheque.
Portanto, tem início uma jornada quase espiritual de autoconhecimento. Sem Nome está angustiado, e busca ajuda, pois precisa saber qual é a sua função, para que ele serve, no que pode ser útil. Papai Smurf tenta acalmá-lo, sabiamente recomendando: “nem todos nascem sabendo qual caminho trilhar, alguns só irão descobrir seu verdadeiro propósito muito mais tarde”. Isso não parece acalmar Sem Nome. É quando Smurfette decide ajudá-lo, estando ao seu lado em várias experimentações. Curioso, pois não só ela é a única criatura feminina desse universo, como também não é uma Smurf original – sua criação se deu graças à magia de Gargamel, episódio que é novamente resgatado – e apesar do seu intento primário de ser uma vilã, conseguiu contornar essa orientação e hoje é fiel aos amigos. Sem Nome precisa primeiro olhar para si, antes de procurar por tudo que é lugar aquilo que, de fato, lhe motiva. Tal mensagem pode ser simples, mas acessível bastante ao público ao qual essa história se destina, numa combinação que termina por funcionar. O que não se pode perdoar, no entanto, é o castelo do vilão ser sediado em Munique – quando todos sabem que os Smurfs são patrimônios culturais da… Bélgica! Deixando esse deslize de lado, Smurfs pode representar um bom momento de reencontro com essas figurinhas. E esse é só o começo.
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