Crítica


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Sinopse

Parker Wilson é um professor universitário que, ao retornar do trabalho, encontra na estação de trem um filhote de cachorro da raça akita, conhecido por sua lealdade. Sem ter como deixá-lo na estação, Parker o leva para casa mesmo sabendo que Cate, sua esposa, é contra a presença de um cachorro. Aos poucos Parker se afeiçoa ao filhote, que tem o nome Hachi escrito na coleira, em japonês. Cate cede e aceita sua permanência. Hachi cresce e passa a acompanhar Parker até a estação de trem, retornando ao local no horário em que o professor está de volta. Até que um acontecimento inesperado altera sua vida.

Crítica

Richard Gere devia estar procurando por um período de paz e tranquilidade em sua vida quando decidiu produzir Sempre ao Seu Lado. Afinal, este é um filme extremamente simples em sua estrutura, mas muito hábil em se conectar com o espectador – é praticamente impossível não se comover com esta bela história de amor e lealdade. Mas não espere por dramas históricos, elaborados números de cantorias e sapateados, romances de contos de fada ou suspenses jurídicos. Dessa vez o foco em questão é sobre o elo mágico que só pode ser estabelecido entre duas raças: o homem e o animal, neste caso, um cão.

Parece até que está virando tradição: todo final de ano um novo lançamento sobre a relação entre uma família e seu cachorro de estimação entra em cartaz conquistando as bilheterias – ao menos no Brasil! Sim, porque se em 2008 Marley & Eu foi um tremendo sucesso de público tanto por aqui como nos Estados Unidos, Sempre ao Seu Lado só ganhou a tela grande no nosso país e em outros poucos lugares. Um destes foi o Japão, onde foi um impressionante campeão de bilheteria. E isso se deve, em parte, ao fato deste filme ser o remake de uma produção japonesa de 1987, Hachiko Monogatari, que por sua vez é inspirado numa história real, acontecida ainda nos anos 20/30 do século passado, na terra do Sol Nascente. Na América, no entanto, permanece inédito, e com sorte deverá ser lançado apenas em dvd. Uma decisão, no mínimo, curiosa.

Sempre ao Seu Lado não é um longa que entrará para a história ou que deve ser analisado com olhos muito críticos. Sua narrativa é bem convencional, previsível e até mesmo formulaica. Um filhote de akita se perde numa estação de trem, e um professor de música o encontra ao voltar para casa, após mais um dia de trabalho. Apesar da resistência inicial da esposa – a quem ele ama mais do que tudo – o cachorro acaba indo morar com eles. E assim se estabelece uma relação especial entre os dois. O bicho cresce, a vida de todos evolui, mas a única coisa que não muda é o carinho de um pelo outro. Até o dia em que o dono falece. Fato que não é aceito pelo cão, que passa a esperar pelo amigo em frente a mesma estação de trem onde se encontraram pela primeira vez. E este ritual de espera se repete por dez anos, até a morte do animal.

Atualmente há uma estátua de Hachiko (o cachorro) no Japão, em sua homenagem, no mesmo local pelo qual ele montou guarda por cerca de uma década. E este episódio insólito, que ilustra com competência a força de uma amizade e o poder da fidelidade que somente entre homem e animal pode ser estabelecida, sem cobrança, julgamentos ou decepções, dando espaço apenas para entrega, carinho e puro amor, deve ter sido decisivo no envolvimento do astro Gere, notório admirador da cultura oriental. Na direção está um amigo dele, o cineasta Lasse Hallström, responsável pelos indicados ao Oscar Regras da Vida (1999) e Chocolate (2000)  (ambos igualmente lacrimosos), e que já o havia dirigido no ótimo O Vigarista do Ano (2006). Juntos eles deram vida a este conto de sincera beleza, que deve muito mais ser sentido do que compreendido. Até porque há coisas na vida que não possuem explicação.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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