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Sinopse
Em Resgate Implacável, Levon Cade quer viver uma vida simples e ser um bom pai para sua filha. Mas quando a filha adolescente de seu chefe, Jenny, desaparece, ele é chamado para reempregar as habilidades que o tornaram uma figura lendária nas operações secretas. Com Jason Statham.
Crítica
Há encontros que parecem prometer mais do que de fato entregam. Quando David Ayer, cineasta experiente em retratar homens atormentados pela guerra, Sylvester Stallone, ícone oitentista da brutalidade cinematográfica, e Jason Statham, especialista em personagens estoicos unem forças, é natural esperar algo que se destaque entre os lançamentos típicos da temporada. Ainda mais quando a proposta caminha por terrenos conhecidos, mas sedutores: a vingança, o passado militar, a família em risco. No entanto, é justamente no peso dessas expectativas – e no modo como são abordadas – que repousa o dilema central desta nova incursão no universo da pancadaria viril.
A trama acompanha Levon Cade, britânico interpretado por Jason Statham, que já teve seu tempo como soldado a serviço do Reino Unido. Agora, nos EUA, trabalha em funções braçais numa construtora. Ao tentar estabilizar sua vida e talvez reconquistar a guarda da filha, vê tudo desmoronar quando Jenny, filha de seu patrão (Michael Peña), desaparece. Ao ser convocado a agir, o sujeito hesita. Mas não por muito tempo. Afinal, o passado não se apaga – apenas aguarda novo gatilho.
Esse homem relutante – e letal – carrega traços clássicos de arquétipo muito caro ao roteirista Sylvester Stallone. A sombra do justiceiro solitário paira o tempo todo, lembrando-nos que a tradição do anti-herói forjado em trincheiras persiste como estética e ideologia. A direção de Ayer até tenta revestir a jornada de tintas sombrias e ambíguas, numa tentativa de temperar a brutalidade com culpa – tal qual o incrível Os Imperdoáveis (1992). Mas o ímpeto de colocar Statham em movimento fala mais alto, o que desmonta qualquer nuance mais madura com rapidez.
A partir daí, não há escapatória: o protagonista embarca em travessia repleta de confrontos, tiroteios e ossos estalando em coreografias que, felizmente, fogem do vício da câmera trêmula. O ator, já veterano no ramo, mantém o domínio corporal e a frieza cênica que o tornaram referência no gênero. Essas sequências físicas – filmadas com clareza e ritmo – funcionam como pontos altos da produção, talvez porque aqui reside o que o diretor sabe conduzir melhor: a ação nua e crua, sem adereços visuais que confundam em vez de empolgar, como os utilizados na saga Bourne e em filmes de Liam Neeson.
O grande incômodo, no entanto, emerge quando se observa o discurso que embala tudo isso. O sujeito treinado para a guerra logo volta à ativa com fervor que beira o inverossímil. Ele apanha pouco, muito pouco – a ponto de sair dos combates mais intacto que o Capitão América em todo o Universo Cinematográfico Marvel. E cada novo adversário parece saído de um game, desses em que o jogador enfrenta “chefões” com frases prontas e aparatos específicos. Estilização que beira o cartunesco.
É justamente essa seriedade excessiva que compromete a empreitada. Já vimos Statham brilhar ao rir de si mesmo, sob a batuta de Guy Ritchie ou em experiências radicais como Adrenalina (2006), onde o absurdo vira combustível narrativo. Aqui, ao contrário, tudo soa solene. Talvez porque Stallone deseje moldar sua criação como versão moderna do herói americano inabalável – ainda que com sotaque inglês. Uma tentativa de épico moderno que não se sustenta no roteiro, nem nos vilões, tampouco no arco emocional do protagonista.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Victor Hugo Furtado | 5 |
Alysson Oliveira | 2 |
Celso Sabadin | 6 |
Leonardo Ribeiro | 4 |
MÉDIA | 3 |
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